domingo, dezembro 28, 2008

São socos no estômago, é disso que se trata a vida, socos e mais socos no estômago. estou deprimido, e a cabeça estourando de uma ressaca. lá estava ela, como sempre, ela. falava de tudo, de planos para o futuro, de quando era uma garota, falava de uma vida inteiramente dela. descansávamos sob o luar tímido da cidade. essa putinha meche comigo. eu não a vi por quase um mês, e agora estava deitada na espreguiçadeira, como se fosse seu melhor amigo. ignorante de meus sentimentos, honesta até a alma. honesta com a porra dos ideais. seus cabelos se esparramavam como uma lata de tinta derrubada. ficamos ali, ela forçava a situação e encarava o meu falso desdém. tentei manter a fantasia de homem de madeira, sem sentimento algum, oco. não durou muito, minha patética situação de apaixonado me entregava ao primeiro olhar. com ela por perto, tornava-me um estranho dentro de mim, era como se todas aquelas noites guiando minha bicicleta, com as estrelas escondidas na espessa camada de poluição, era como se tudo aquilo fosse de um tempo que não vai mais voltar. ela era tão honesta que fiquei com nojo de mim mesmo, nem sequer podia enfrentar seus olhos cálidos. não a beijei. o grande espanhol, conquistador e cheio de si, murcho só se deixava postar feito mera estátua acompanhante. e agora? aonde está o desejo? e a paixão? preciso manter meu nível. eu me sentia miserável, toda a merda de sentimento dentro de mim não passava de palha. ela podia estar do lado de um presunto frio que pouca diferença faria. o nojo, o terror e a humilhação me queimavam. enfiei meu rosto entre as pernas com vergonha. ela falava de seu amor. alguém tão distante que me evaporava ao seu lado. brutalidade. no final só resta pó mesmo. mas esperem só, tão certo como existe um Deus no céu, alguma hora vai se erguer um homem desse pó.

Alguma hora as coisas vão se acalmar. Eu tento fugir, mas as vezes, minha natureza, parece que fui predestinado. Não é uma questão do fim da festa, ou do fim do ano. É uma questão de que as vezes, acho que minha alma fica rasa. Eu amo tanto ela, e ao mesmo tempo, cego, nem sei direito o que faço. É só isso mesmo, prenúncio que um idiota sempre vai ser um idiota, as coisas estão fadadas a serem como são. Vi um filme do Dustin Hoffman hoje. No caso dele, acabou, por mais que tenha tentado, voltou a sua origem. Eu quero, e tenho certeza que mudei. Que aprendi um outro lado da vida bom. Muito melhor do que eu tinha. Nunca passei dias tão felizes. Mas o demônio que mora dentro de mim, teima em aparecer. Mesmo porque não sei se existe outro jeito. Por isso passei um tempão na janela. Porque preciso de ar, por preciso dela. Porque não vou deixar esse monstro tomar conta novamente. Porque a realidade é essa, passo horas perfeito, e bata meia palavra pra que ela seja fria feito um lobo comigo. Mas, eu vou conseguir, vale a pena.

terça-feira, dezembro 23, 2008

debaixo de tanta chuva, chapados, sob o mesmo guarda-chuva. foi o que eu mais desejei ontem. me contentei em ficar em casa, com a alma encharcada, olhando o violão, parecia desafinado. é cara, supera essa, o amor é bom (sic). espera essa porra de sentimento que uma hora chega. tomei coragem e peguei o violão, era tarde, não podia fazer barulho, esperava algum sinal. é Luido, a vida é foda, mas vai dar certo, força irmão. ela não vale nada mesmo. o violão tá afinado.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Ontem tava escutando Neil Young e arrumando meu canto. Neil é demais. Tava escutando o disco da época em que o guitarrista de sua banda, e grande amigo, morreu por causa das drogas. Nesse disco, “Tonight's The Night”, tem uma música: “Mellow My Mind” ela vai assim, Baby mellow my mind, Make me feel like a schoolboy on good time, Jugglin nickels and dimes, Satisfied with the fish on the line. E é verdade, acho que saquei o que o Neil queria dizer, a busca pela simplicidade. Felicidade nas entrelinhas. Acho que é o que ando espremendo de quase todo grande artista. Não sei, esses dias deixaram um comentário, gostaram da minha banda, e falaram que é folk, Mallu Magalhães, pô, a menina usa fraudas ainda, ela e nada na história da música ainda são a mesma coisa. Fico triste pelo povo, por essa geração 00 que usa a internet como média de conhecimento. Eu queria que essa galera se tocasse que o mundo aconteceu antes, que nossa significância é mínima perante a tanta coisa que já rolou. Mas duvido que eles deixem o conforto de seus computadores, aonde a informação veio picotada, vem facilitada, algumas linhas basta. Duvido que troquem isso por um livro, que requer dedicação, requer paixão ao ler. Infelizmente, as pessoas ainda não se entregaram de peito aberto a vida. A grande maioria se contenta em estar entre a massa, mugindo, e regurgitando qualquer merda despejada pelos grandes colunistas culturais do país. É uma pena, saber que todos andam e tropeçam nos próprios pés. É uma pena a pessoa se contentar com o novo 007 e não reverenciar a grande cinema (de ação mesmo) de tempos atrás.

Vivemos em plena época do resumo. Incentivado pelas próprias instituições educacionais. Em tempos que Luciola é literatura obrigatória para vestibular, não resta muita escapatório se não buscar o resumo, a escola resume a cultura ao necessário para o vestibular. A faculdade resume a cultura ao necessário para o reconhecimento perante ao MEC. A família resume a cultura ao isolamento. Para os país, ignorantes que babando precisam de seu valium em forma de televisão em horário nobre, a saída é hipnotizar os filhos em vícios inocentes. Porque raios proibir a maconha e permitir que o gado paste em frente a novelas e tele jornais cada vez mais alienadores? Não adianta falar muito, não é um texto protesto. É um lamento. É uma triste conclusão que poucos estão prontos pra vida. E a vida se adaptou a isso, não é mais necessário correr atrás das coisas. Basta o resumo dos capítulos da semana.

Eu preciso descansar, o Neil ainda tá cantando com alma e corpo nos falantes. Mas pouco adiante, sua voz é abafada pela ignorância geral que se encontra o mundo. Uma das minhas resoluções para 2009 é estimular aos que estiverem próximos a ler algo, a correr atrás de alguma coisa. Não sei se vai adiantar algo. Já fiz alguns milagres, e isso me deixa orgulhoso. Eu na verdade nem lembro das resoluções do ano passado. Eu espero continuar meu sonho vivido com a minha garota. Meu desejo principal está aninhada em meus braços, só quero que isso continue assim.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

sabe de uma coisa, às vezes tudo está em um estado de suspensão. nessas horas, paro e penso comigo que nesse ano aconteceu tanta coisa em meio a pouca ação. uma bagunça desgovernada em forma de raposa, e eu estou feliz com essa bagunça toda. eu já passei por muita bosta e também por muita coisa boa, já foi a época de andar por aí todo cheio de si, e de me arrastar pelas calçadas de qualquer beco do centro. já foi também o tempo de desequilibrado e sozinho tropeçar a cada esquina e ter o carro cheio de gente vazia. eu já chorei, já sofri e já tentei me matar. uma coisa que nunca deixei de ser é

eu mesmo. me armei até os dentes para defender e nunca deixar de ser quem eu era. cheguei a ser o cara mau, que não gosta de pessoas, o típico elemento chato que tem seus amigos e não quer saber do resto. caguei se alguém acha isso um lixo. eram minhas convicções. eu não preciso de nada que eu não acredite. aí veio essa garota, me desarmou com seu sorriso maroto e eu me questionei se estava perdendo a identidade.

não, eu apenas estava deixando alguém entrar na minha vida, e isso foi difícil pra cacete. e eu sei. eu tenho um punhado de amigos que me entendem, e eu entendo a eles. não precisa falar muito, a gente simplesmente se olha, e está tudo ali. eles sabem, eu sei, ela sabe. porque antes de tudo, ela virou minha amiga número um. há pouco mais de um ano, eu andava em total desequilíbrio.

tomava meus remédios,

misturava com álcool e encarava a vida totalmente descentrado de minha razão. tinha esquecido quem eu era. isso é a pior coisa que pode acontecer com qualquer um. e ela me ajudou a me encontrar. e foi como se de repente as coisas fizessem sentido. claro que faziam sentido antes também; era eu que estupidamente virava a cabeça para o lado errado, a minha vida voltou a ser minha. sem nevoeiro ou nuvens passageiras, eu passei muito tempo de pé sozinho. e aprendi bastante com isso. e ficar de pé sozinho é o primeiro passo pra aprender a viver com outra pessoa. depender emocionalmente de alguém sem saber lidar consigo mesmo é a morte.

eu tô numa urgência imensa de viver. muito grande. de tentar tudo, de viver tudo, e de ser tudo. e tudo tem ela do meu lado, como fiel companheira. ainda bem, que tenho razão e paciência, não quero botar tudo a perder. sorte é ter a alma pronta pra qualquer porrada. esse ano, foi um ano do cacete!

sexta-feira, dezembro 12, 2008

acordei agora, sujo de suor e dos outros, acordado, com olheiras, angústia no peito. tive um sonho estranho pra cacete. eu não sei o que foi, mas ficou tudo entalado na garganta. e é sempre assim, insônia fodida, quando prego os olhos, os fantasmas. eu já nem sei direito quem eu sou. sei que faço tudo errado. na verdade é até melhor não saber bem quem eu sou. a casa tá vazia, a noite foi horrível, pinguei de bar em bar, joguei bilhar com os vagabundos e sai com a Bela. estava tudo bom, até baixar o demônio no meu corpo. eu via aquela vagabunda se esfregando em mim, e sentia o seu cheiro, a sua cor. eu só queria você o tempo inteiro, a noite inteira, e me via na cama com essa puta. comecei o dia bem do seu lado, mas meu orgulho não me deixou pedir desculpas, acabei longe e arrependido, com essa angústia de cão esmagando a porra da alma. foi como se botasse tudo que amo, tudo que resta de bom em um processador de alimentos. depois do terceiro conhaque, eu disse pra todos que te amava. eu vi a Bela depois da primeira garrafa, ela tinha o seu cheiro, a sua cor. mas faltava algo. não tinha a sua dor. e em mim faltava tudo, não tinha o seu amor. meu coração descarrilhou, meu fígado fisgou, uma puta dor que me acompanha a anos. ela continuava a se esfregar, arrancava minha calça e metia a boca com voracidade, eu só queria dizer pra você que não é o que eu quero. estou sujo da rua e dela, só queria um beijo de boa noite, mesmo que seja dia já. o ser humano pode ser vil, doentio e cruel. acertei dois belos socos na cara de Bela, depois, com medo, esmaguei a cabeça dela contra a parede. desapego total. a única coisa que você me deixou foi o desapego. mesmo sabendo que essa minha doença de te querer faz mal, que não existe a mais ínfima chance de qualquer coisa acontecer novamente, isso não devia ser amor. o amor não pode fazer sangrar, nem matar. agora estou aqui sujo. no auge da paixão, escrevi num guardanapo de boteco que eu não sou eu, sou reflexo do que tu deseja. pelo visto nem isso sou. você me consumiu, jogou fora, e agora eu busco continuar esgotado. o amor romântico tá morto, tudo morreu. eu quase morri, sobrou sei lá o que. eu quero paz, e matar a puta me deu paz. mesmo me deixando sujo. sujo da rua e dos outros. me deixa dormir.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Something

Sempre ela. Que bagunça. As vezes acho que não consigo mais pensar direito. E é ótimo. Ela sempre vem e deixa o seu cheiro na minha roupa. Adorável, não consigo mais respirar sem sentir seu cheiro. Não posso, nem quero fazer nada. Ninguém escolhe quando o coração resolve bater. Que bagunça. E eu realmente preciso fazer minhas coisas. Mas o cheiro dela, a vontade louca de me perder em sua boca. Something in the way, she moves, attracts me like no other lover. Não tem dia feio. Eu nem preciso de mais nada. Basta andar por aí, bem acompanhado dela, deixando os sapatos nos levarem de lá pra cá sem escolher nada e falando, olhando, beijando. Tenho estado tão nem aí, que agora está tudo ótimo. Queria que ela soubesse, mergulhasse na minha alma e visse o quanto estou inundado por desejo. Tudo tão fodidamente bonito. Quando estamos juntos, quero que o tempo passe num conta-gotas, porque quero aproveitar ao máximo. Quando está acabando, corro, corro feito o diabo. Pra pular todo o hiato que me separa do próximo encontro. É foda deitar na minha cama, ela é grande e desajeitada demais, tão vazia sem ela. Ando terrivelmente inquieto. Ontem, hoje, tanto faz. Ontem reorganizei todos os livros de lugar, e eles continuam na mesma, uma inquietação filha da puta. Maldita insônia que me prolonga os períodos de abstinência. O passado é uma maldita cela. No passado sinto seu cheiro e gosto. Quando me vejo tão dependente de nossos momentos, tão vulnerável, sorrio e afirmo: assumiria todos os riscos quantas vezes fosse necessário para ser refém desse recente passado. Não existe um jeito de explicar o que tá acontecendo. I don't want to leave her now, You know I believe and how.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Ontem, eu estava recuperando uns arquivos do meu computador antigo, coitado, morreu. Achei tanta coisa jogada, tanto texto rabiscado em bloco de notas, sem título, outros esboços mais elaborados, com estrutura e tudo mais. Vou postar esse, tinha uns 18 anos, é até interessante ver a energia, o gás que temos quando somos jovens. Acho que ainda tenho essa energia, não perdi, mas uso de outra forma. Bom fica aí o momento nostálgico:

Eu sou um idiota. Sempre fui um idiota e sempre serei. Fiz tudo errado como sempre. Vamos sair? Nós divertir, claro porque não? E nisso me atolo no maldito pântano que é ser e pensar que de fato sou um cara da noite. Se eu tivesse sido apenas eu, as coisas teriam sido mais fáceis, teria ficado em casa. Mas não, enquanto todos meus amigos enchem a cara e sento num sofá e conversa com uma garota que tem namorado. Fiz tudo errado como sempre. O intuito da noite era diversão. Não sei se é esse maldito magnetismo que atrai sempre a situação mais complicada. Um monte de garotinhas com franja a la francesa esperando um cara bacana pra suprir um desejo ardente de carinho, e eu ali, cravado no sofá, olho fixo na garota com namorado. Eu devia saber ser mais jogado. Ela sorria, era simpática mas tinha namorado. E eu nunca que consigo querer roubar a mulher de outro cara, com tantas solteiras, e mesmo assim, eu cravado ali no sofá. E assim foi. E foi a noite toda. E foi cada vez mais longe, cada vez mais envolvente, pelo menos pra mim. E cada vez mais sem futuro. Eu sou tão imbecil as vezes, que cegamente busco murro em ponta de faca. Fica comigo, pensei diversas vezes. Romântico, não largado e jogado na noite. Romântico e trouxa. Ela, eu acho que até queria chegar perto. Mas não tinha capacidade de romper essa barreira, tinha um cara, podia ser eu, esperando ela em casa. Mas foda-se. Ela estava ali na minha frente, linda e eu não fiz nada. E meu peito queimava, a vodca nem efeito mais fazia. Cheguei em casa e vibrado escrevi essas linhas. Na hora de deitar, imaginei que ela poderia estar ligando pra ele. Porra, mas eu sou um idiota mesmo.

Nuvem

As vezes tudo parece estar oco. Fantasias caem, caiu. E quase tudo na nossa vida são nuvens. E nuvem dissipa. Não, não estou falando de mim. Estou falando de pessoas que gosto e estão totalmente sem rumo. Se é pra chorar, chora, e alaga o mundo, mas em seguida tem que aprender a ser um solitário convicto. O mundo se comove, e até pode se misturar contigo, mas sem se movimentar, a vida te deixa pra trás. Vai em frente, foda-se as convenções. O acaso, filha da puta que duvidei existir, fará sua parte. Ninguém vai te mostrar como viver, aprende de uma vez por todas a viver dentro de suas roupas. Paixão é nuvem, dissipa. Amor, quando achar, vai ser foda. As afirmações apaixonadas declamadas veementemente são apenas um tapa buraco de uma alma solitária. Então, deixa que o acaso cuida do amor, não temos a menor capacidade de lidar com isso.

Dor? É óbvio que doí até a alma. Eu sei da solidão que te aflige, e sei que as lágrimas ainda não cessaram. Paixão demais, quando acreditar que foi paixão, que paixão é nuvem, as coisas vão ficar mais fáceis. Minhas mãos tremeram a vida toda, não podia segurar sequer um copo de cachaça. Ninguém podia segurar minha mão, tinha quem queria, mas não podia. Até que eu dei as mãos pra minha garota e olhei nos olhos dela. Minha mão estava segura. E eu repetiria os erros fácil fácil, eu nunca vou absorver, não nascemos para aprender a viver, e sim para viver, com erros e acertos.

Escrevo tudo isso, comovido, escondido no escritório, ninguém deve ter idéia do que se passa, os olhos da minha garota no fundo da minha retina, o coração pesado por saber como vocês estão. Já estive aí, e é uma merda ser o lixo humano que somos quando o acaso atrasa e falta um pouco de sincronia no coração dos amantes. Mas uma hora, chega. Sou prova viva. Dor, aquela mesma merda de dor. Sempre, morreu, a dor no fim, era nuvem.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Como diria o Galera em seu último romance, eu queria que o português tivesse uma palavra para definir aquele momento que seu coração quase para, a respiração falta, a tensão e a satisfação são tamanhas que atônico você não consegue nem pensar. Se existisse uma palavra que traduzisse isso, seria o resumo do meu estado ao terminar de ler o mais novo romance de Daniel Galera. O cara é um gênio mesmo, dessa nova geração Internet é de longe o melhor. Cordilheira é simplesmente fantástico.



E o novo filme do Garrel? A Fronteira do Amanhecer. Estreou esse final de semana, seguindo a mesma escola, o francês prática sua arte no preto e branco, nos curtos planos sequências e na força da emoção. Intenso. Febril. O quão diferente da loucura é o amor? Não sei. É de quase se surtar ao longo do filme, um fotografo que se apaixona por uma atriz. Acontece que a mente dela é um turbilhão caótico. O fotografo por excelência busca capturar o plano perfeito e ela dentro de sua sanidade não esparramasse por todos os lados, foge do plano. Em vários momentos me peguei sem saber o que acontecia, porque de maneira sensacional o diretor busca deixar você no ar. Deixar você sem entender tudo daquela mulher tão complexa. Muito bom.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Insônia

começo a sentir as noites mal dormidas nos olhos. eles ardem feito o inferno. o corpo pesa, o organismo não funciona direito. devo tá com o circuito do sono desligado, sei lá. é uma merda ter insônia. só me pego bem na cama, quando estou com a garota do meu lado. ela dorme feito pedra, as vezes desperto-a no meio da madrugada só pra uma foda, depois tudo mergulha no silêncio enlouquecedor de ficar acordado enquanto todos dormem. pelo menos nessas altas horas, leio, o novo do Galera tá começando a ficar bem bom. o último do Bunker foi fantástico, favorito a melhor do ano. acho que acabo ficando amigo desses caras, na madrugada alta, estou sempre meio fragilizado, fraco pela consciência pedindo arrego e o corpo negando, nessa hora é fácil me entregar a amizade desses caras. e Clarah, essa guria também proporcionou bons momentos de companhia.

outra fuga onírica é a música, essa noite em especial fiquei ouvindo o Nick Drake, foda... o cara simplesmente era foda. nessa noite em especial, vagava pela casa, comia umas torradas e deixava o quarto mergulhado na magia do Drake, porra me deu um aperto, um aperto porque minha garota não estava ali, é tão bom olhar pra ela dormindo, tranquilha, longe desses demônios que me deixam desperto.

certa hora da madrugada, me deu um aperto, queria ligar para um amigo meu. o Luido, ele sabe o que é pesar a realidade no sono e não ter o que fazer. não consegui ligar, passa de um certo momento místico, existe um pacto secreto com a noite, é por volta das três da matina. o silêncio é tão absoluto, a noite é tão densa, que assusta provocar qualquer inquietação e por isso deixei pra lá. sentei e escrevi um email longo para os caras do teatro... é foda... tem que ser muito macho pra acreditar na arte e seguir adiante. adiante não! vamos voltar para La Mancha? Nunca, nunca vou bater retirada.

em dado momento pensei em tornar alguma coisa, sempre ajuda a apaziguar o sono. lembrei do batera da banda, um fodido, deve estar comendo uma coxinha e tomando algum uísque barato num boteco velho, pensei o por quê da tristeza, eu mesmo já me afundei numa depressão do caralho, já tive o coração rasgado e só agora que estou nos trilhos, mas tantos tão se fodendo, tantos estão perdidos em plena queda livre. troquei duas palavras pela internet com a Ana, e uma delas foi um uma resposta lacônica e clínica por parte dela, um coração partido e um enorme vazio de falta de sentido. cacete, metade do que eu to falando não tem sentido, e a outra metade importa pouco, mas a real é que o sono e a minha garota são as únicas formas de suportar a realidade. meu lençol ensopado de suor me aguarda.

terça-feira, novembro 18, 2008

Sabe, quando toda a zona passar, vamos sair na chuva? Me deu uma puta vontade de me jogar na chuva, unicamente pelo puro ato de me jogar. Uma vez o batera da banda, o Edu, se jogou no meio de uma puta chuva que caiu durante um ensaio. Ficou lá, feito criança; eu, o baixista e a ex esposa dele, lá, parados na porta da cozinha. No fundo estávamos com uma puta inveja, ele estava lá livre, tomando chuva e sendo o que queria. Nós, acho que por uma manipulação totalmente inconsciente não fomos, medo? Pneumonia? Errado? E a roupa depois? Enfim, vários fatores de merda para seguir um manual de como se viver. É isso que me salta nos olhos hoje. Porra, eu e minha garota nos amamos, verdadeiramente, e não temos que perder tempo como discussões de ponto de vista. Principalmente eu, que sou cabeçudo demais. Nada de tempestade pré anunciada. Essa de organizar a vida da maneira correta não existe. Sempre existirão divergências, e o verdadeiro tesão está em saber lidar com elas. Enfim, quanto mais abrimos os olhos, mas nítido são as cordas que nos prendem. A cada esquina existe um limitador, uma regra intransponível. A própria sanidade é uma merda, uma doença que todos temos e somos obrigados a engolir e adotar como padrão de vida. Se já é difícil fazer isso sozinho, imagine de pronto e feito, seguir a grande bíblia em uma vida a dois. Impossível. Então, o jeito é sair na chuva, deixar a água varrer seu corpo todo, foda-se não vamos conseguir ser livres por completo. Pelo menos, vamos ter noção da grande merda armada e viver da melhor forma que nos permitirem.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Puta que pariu, mas sou só eu ou o mundo simplesmente desencanou de um negócio chamado pedofilia? Ou quem sabe, a hipocrisia já dominou tudo mesmo. Primeiro o caso do seqüestrador de Santo André. Porra ele tinha 20 anos quando começou a namorar uma menina de 13, é normal no Brasil, e ninguém se importa. E na verdade ninguém liga. Agora a Mallu, recém debutada, com o boato de estar de rolo com o Camelo, que tem idade pra ser pai dela, tá, exagerei, mas o bicho é bem mais velho. Ou ele é retardado, ou ela é extremamente super bem dotada.

O mundo tá um caos!

sexta-feira, novembro 14, 2008

Mas e agora? Tenho certeza que você me pergunta isso, e agora? Eu não sei, escorrendo de bar em bar eu me conformei que a felicidade é irritante. Se o Luido de antes já tinha uma pré disposição para a melancolia e solidão, o de hoje é mais credor desta fé. Acabei de fazer vinte e quatro anos, vai me dizer que sou jovem pra cacete, mas é mentira, se você chega nessa idade fodido porque nunca viveu com o sangue bombando a mil no corpo, você não viveu, sobreviveu feito um zumbi durante um quarto de século. Quando falo de solidão, falo do meu quarto, meus discos, meu cigarro e meu canto. Depois de três facadas fulminantes no coração, viver sozinho é reconfortante. E isso é uma opção consciente. Um desafortunado não deve ser confundido com um anti social, eu apenas cansei. Sou um descrente. O que é amor se não a porra de uma faísca? Quer coisa mais irritante? Eu vou sair de casa, preciso do meu canto, da minha solidão real. Preciso fugir. Chegar sozinho em algum canto, apenas com meus sapatos. Meu medo é o frio. Um apartamento por menor que seja vazio deve fazer um frio do inferno. O inferno astral nunca passa. Essa guerra eu já perdi de fato, me resta fumar meu cigarro e beber meu uísque.

domingo, novembro 09, 2008

eu as vezes fico do lado dela, como tinha esquecido que se pode ficar do lado de alguém. e lá dentro, aonde antes eu preferia esquecer que existe, coisas começaram a se mexer. uma grande máquina velha, que parecia quebrada, minha big broken machine, demorou pra engrenar, mas agora funciona feito um relógio. sinto essa bomba batendo no estômago e voltando todos os dias. acho que é isso, é estar amando. eu lembro de cada momento mesmo que perdido na memória apagada, porque vivo a coisa mais séria de toda a minha vida. o coração despedaçado agora bate no peito a todo vapor. foi o fim da decadência. naquela primeira noite, tive minha primeira noite de um homem realizado. não sei se tinha a ver com o olhar tristonho de que vem ouve Smiths daquela garota linda. tenho uma vida agora. e cada dia é melhor ainda. gosto de viver assim, jogando umas bobeiras pra cima e levando comigo o que importa. eu fui completamente arrebatado por ela. desde daquela noite. sou péssimo em demonstrar essas coisas. esse sentimento tá muito bem alojado dentro dessa bagunça que eu sou. e isso vai durar até o dia que esse olhar tristonho deixar de estar ao meu lado, não, irá durar além disso, não vai sair nunca. eu não quero nada de grandioso. quero estar louco, como estou todas as manhãs que acordo. foda-se que seja cafona ou piegas viver assim. amor não morre, tá sempre aqui, e por mais doente que o corpo esteja, ele está batendo forte no peito. hoje acordei com gosto de ressaca amorosa e calzone, ontem me entreguei de corpo alma e ela, espero que ela tenha sacado. queria ter certeza que ela sabe de tudo isso.

to you fox.

sábado, novembro 08, 2008

a consciência, quando chega ao fundo da realidade, precisa bater e voltar ou se desintegrar por ali mesmo. estou ensopado de febre e químicas, apago a cada minuto. apesar de grogue e endurecido, quero escrever, só não tenho condições. já molhei o rosto com água fria e tentei respirar fundo. nada, a essência que nos deixa vivo definitivamente deixou corpo. quando estiver melhor, volto a escrever por aqui.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Tenho saudades, saudades de quando era eu contra o mundo. Tinha uma fúria invejável. A vida hoje pra mim é tão fácil, tão caótica, tão difícil, triste! É tudo tenso demais. Hoje me peguei até mordendo a boca por dentro. Eu to com medo. Não sei se sou eu o mundo. Eu não estou mais comigo. Ou estou. Eu sei que o mundo caga regras pra cima de todos. Eu não sei se quero viver sob tudo isso. Mas porra tenho sonhos também. Minha casa, meu canto. Viver do que eu gosto. E caralho eu to conseguindo de certa forma isso. E mesmo assim, me bate um puta desespero dessa casa de cartas despencar com um sopro. Eu não tinha nada a perder, era um porra louca, agora eu tenho e muito a perder. Tá ótimo, agora eu tenho uma vida! Mas que merda eu faço com ela? A verdade é que talvez seja só uma recaída com as pilulas. Mas estou aqui não? Trabalhando, seguindo adiante? Pra aonde? Não sei. Eu ando pensado muito, e escrito pouco. E verdade seja dita, as pessoas estão cada vez mais loucas. Tá tudo muito louco, muito punk mesmo. Foda-se. Não sei se quero pensar na sociedade agora. Sinto que devo segurar as pontas, não quero perder o que já tenho.

terça-feira, novembro 04, 2008

Redenção

Meu maior desejo é redenção. O mundo gira, me fala sobre minha vida, me fala sobre minhas dores. Me fala sobre como foi perder você pra mim mesmo. Qual é mesmo a essência da vida se não a dor que vai e vem sem bater, a mente dessossegada e a alma pegando fogo? Seja qual for, o fato é que eu conheço bem. Estava dedilhando no meu violão horas atrás, arrependido de passar o sábado a noite em casa, a espera de um telefonema, nem sei ao certo pra onde iria se tivesse saído. Me escondo atrás desse violão e das cicatrizes. Parece que tudo perdeu um pouco de profundidade, tudo está plano como o chão que sempre me ampara nos porres. Eu queria dedilhar uma canção definitiva sobre o amor que não deu certo, sobre a Ana, mas, umas verdades na cara a mais ou menos não vão fazer diferença. Me sinto como que em um vôo cego. Tarde demais para saltar. Eu queria ter dezessete novamente, e estar embrulhado nesse amor. Mas não, os anos pesam e vejo que já não sei mais o que fazer. Torturante, sofrimento e dúvida. Quase meia noite de mais um sábado perdido e você não me liga. Nessa espera, minha paixão e o meu martírio se confundem. Vou ligar. Essas emoções em pedaços é angustia entalada na garganta. “Como você tá?”. Por que me sinto um vagabundo sem conhaque. Um jovem inseguro trancado em casa. “Eu queria te ver.”. Eu sei que tá uma noite fria, mas tudo que eu queria era uma chance. E não ficar sozinho com essa mesma música. Chega desse reverso de amor. “Não vai dar?”. Acho que serei para sempre um derrotado mesmo. Que porra, a vida é uma loucura mesmo. Vou sair pra dar uma volta.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Esgotado! Preciso dormir melhor. Fico feliz quando minha garota está feliz.

Minha boca tá seca que nem o Atacama, novembro tá correndo solto e a agenda de shows se encerra esse próximo final de semana com o Planeta Terra. E o R.E.M. ficou de fora da nossa agenda.

Tô com muita sede.

Fui.

sexta-feira, outubro 31, 2008

Demoro cerca de quinze minutos para chegar ao trabalho, isso me possibilita, no geral, chegar de bom humor, uma vez que durmo um pouco mais, tomo meu café da manhã e ainda consigo checar os e-mails, a programação de cinema do dia e a parte de divulgação que tenho feito para a minha banda. O trajeto é curto, duzentos metros e dobro a esquerda na Santo Amaro, mais ou menos um quilometro depois caio a direita na Bandeirantes e por fim um pouco antes da Marginal Pinheiros dobro na Berrini. Logo a primeira impressão é de estar chegando a um outro país, os imponentes prédios comerciais têm as mais diversas formas, todos no geral dão um ar de moderno, os bancos na avenida desfilam charmosas fachadas e as pessoas, no piloto automático, seguem seus trilhos apressadas para sua labuta diária.
Um fato curioso, é que a algumas décadas isso aqui era um rio, uma região totalmente abandonada. As ruas não eram asfaltadas e nem o mais visionário dos empreendedores fazia seu comércio vingar. Hoje, se vê um centro financeiro pulsante e quase tão febril como uma Avenida Paulista, talvez com menos glamour, mas com o mesmo clima.
O prédio aonde está a empresa, era antes, um dos primeiros de quem vem sentido bairro. Terceira rua a esquerda para ser exato. Hoje, já temos um quase pronto que roubou o título de primeiro prédio da Berrini. A maneira correta de entrar na garagem, seria descer até a Nações Unidas e contornar o quarteirão, em vista que é contra mão. Ninguém faz isso, do encanador ao presidente da empresa, todos se arriscam em cinco metros de irregularidade no transito e assim evitam os preciosos trinta segundos gastos no pequeno, porém oficial, desvio.
Observando de forma objetiva, é fácil reparar o quão metódico sou. Estaciono sempre no quarto subsolo, em uma vaga contra a parede, com isso não preciso deixar a chave com o manobrista e fico mais tranquilho com o carro quieto lá. Subo e comprimento a recepcionista, ela torce para o meu time também, trocamos um ou dois comentários da situação atual no campeonato e então desço para meu departamento. Nós ficamos no andar novo da empresa, porém talvez seja o andar mais movimentado. Logo de manhã, não existe paz, na sala ao lado, funciona o atendimento ao cliente. Trinta pessoas que se ocupadas falam todas ao mesmo tempo no telefone, se desocupadas falam todas entre si ao mesmo tempo. Como eles fazem turno contínuo, não importa o quão cedo eu chegue, sempre existe uma pequena agitação.
Afirmo categoricamente que sou sempre o primeiro a chegar na sala que efetivamente trabalho. Sou pontual, e normalmente estou destrancando a sala por volta das oito da manhã, tenho todo o meu ritual, ligo as luzes, tiro a carteira e o documento do carro e coloco na gaveta, tiro o celular e coloco ao lado do teclado, pego minha garrafinha de água vou até a copa, volto com ela cheia, vou até a sala dos equipamentos ao lado e desligo o exaustor que funciona durante a noite. Vale uma pequena observação que o anexo ao lado, possuí duas dezenas de equipamentos que por si só fazem um constante barulho de máquina e produzem um calor que transforma a pequena sala em uma verdadeira sauna. O exaustor tem que funcionar madrugada adentro pelo simples motivo que o ar condicionado do prédio não funciona depois das dez da noite.
Depois de feito meu ritual, sento em minha mesa, e ligo o computador. Aí começa um sub ritual que consiste em verificar o email pessoal, mesmo que recém verificado ao sair de casa, verificar o email profissional, checar eventuais sites ou documentos que ficaram abertos de ontem para hoje e por fim começar a tocar o serviço adiante. Normalmente, as oito e meia já estou concentrado e só desvio o foco para trocar duas ou três palavrinhas para os colegas que vão chegando, ou se estão circulando pela empresa cumprindo seus afazeres.

quinta-feira, outubro 30, 2008

E ela?

Eu disse que queria um pouco de paz. Que estava bem aonde estava. Que não precisava de mais aventuras. Isso tudo pôs o barraco abaixo e foi ali que tudo começou a desmoronar, em um enorme efeito dominó. Pela noite eu disse que não tinha como dar certo, era uma dor aguda falar que não tinha como dar certo, mas era o que eu podia fazer. Ele, com seus olhos brilhando, não desistiu. Disse que eu era louca e que estava fugindo do inevitável, fugindo da felicidade. Eu disse que mesmo assim não havia a menor chance. Ele disse que me amava. A dor aguda apertou, eu também o amava. Mas mesmo assim. Ele disse que iria esperar. Disse com a boca amarga de um conhaque barato, te espero no meio fio. Mas mesmo assim. Ele não sabia o que fazer da vida, pra onde ir. Eu ficaria na minha segurança. Sendo sincera, nem sabia muito bem o que faria em seguida, talvez passar um tempinho comigo mesma. A cena me imobilizou. A balada toda era um funeral agora. As pessoas dançavam como numa marcha fúnebre. A introspecção não é o meu forte. Me agarrei ao meu porto seguro. Eu não o amo, mas ele me sustenta para que eu possa viver. Ele me sacudia, pedia atenção. Eu apenas contemplava, contemplava o seu coração se partir pela minha covardia. Eu me perco nos limites nem sempre bem definidos entre realidade e ilusão. Tenho certeza que pude ver aquele homem se perdendo no rastro do desamor. Ou pode ter sido ilusão. Me afastei ao som massante da música. Beijei sedenta por paixão a boca do homem vazio que me acompanhava. Me sentia a beira de um penhasco enorme, agarrei como podia aos braços dele, me entreguei como nunca, saímos e transamos em seu carro, em uma travessa escura da Pamplona. Naquele momento, eu o amava, quando estivesse sozinha novamente, amaria ao outro. Essa minha trama sobre perdas e sonhos está longe de acabar. Engulo seco, ainda com gosto de porra na boca. Agora já sozinha, caminho os últimos metros até em casa. O celular vibra. Você tem duas mensagens. O coração vira uma bola de basquete, passando de mão em mão e sendo arremessado para todos os lados. Se ao menos alguma coisa fizesse sentido.

segunda-feira, outubro 27, 2008

“Pensei em escrever umas coisas aqui, botar em palavras o que tenho pensado, mas é impossível escrever sobre isso. hoje, comprei dois livros no sebo, edições velhas, de capa mole desgastada, peguei um jornal, umas latas de cerveja no posto, e voltei pra casa, ainda sob o efeito das pílulas e do coração chacolhado pela garota do baixo. tenho o pressentimento, que ainda vão ouvir mais dessa estória.”

Escrito no dia 22 de dezembro de 2007, alta madrugada, coração feito turbilhão depois da noite.

ontem voltei pra casa nostálgico. não consegui dormir direito com esse calor. paro pra pensar e vejo que meus poucos amigos ainda levam vidas de boêmios incorrigíveis. penso um pouco mais atenciosamente num deles. quando ele montava a casa, aonde mora sozinho, me perguntou o que deveria comprar? eu fui seco, um sofá e uma televisão, a solidão é obrigação hoje. poucos malucos ainda se arriscam num casamento, a maioria quer sua sonhada independência ao máximo. ele, hoje, vê o sol nascer da porta de sua varanda. dorme desregradamente e tropeça a cada quarteirão atrás de algum sentido. enquanto eu tomo meu café e dou bom dia pra minha garota, ele toma um pingado em um boteco qualquer. se esfrega numa prostituta que não lucrou na noite, e continua buscando sentido pras coisas.
que tipo de cara é esse? mistério, o cara que afasta o sono com pinga e sol batendo na cara. não usa óculos escuro. leva a puta pra casa e traça ela como se fosse uma amante. depois, a solidão cobre a casa de maneira sem igual. confesso que me entristece quando ele ainda rasteja para o computador e se lamenta por longas conversas desconexas. normalmente o papo cessa quando ele adormece ali mesmo, ele se perde cada vez mais, num verdadeiro espiral. ele vai despertar logo mais, vai me invejar. vai invejar eu voltando pra casa, a minha garota, e nossa vida. vai encher um copo de uísque e beber amaldiçoando o mundo. eu tenho meu mundo, ele tem um lugar no mundo. como ele gosta de parafrasear, ele vai todos os dias na doceria, porque tem uma falta absurda de doce na vida dele. guerra perdida. cara amassada no asfalto. pelo menos ele busca um sentido. será que existe?

sábado, outubro 25, 2008

Luidou no fim.

hoje eu trabalhei bastante na oficina. meu pai foi atencioso, percebeu que algo ia errado, quis saber quem era a garota. o velho é foda, matou todo o mistério em menos de meio expediente. minha resposta foi dada com um silêncio e uma maior concentração no trabalho. sentei pra almoçar banhado de suor, fazia um calor infernal e aquela garagem era um verdadeiro forno. comi muito depressa e tomei um café. voltei pro trabalho. era só me manter ocupado. o céu tava num tom violeta bizarro, e eu nem vi o tempo passar. quando me dei por conta, não tinha mais o que fazer, havia desmontado e recolado as peças da moto centenas de vezes. eu estava vazio, tinha escorrido junto com todo óleo que tiramos da moto. sentei com as mãos sujas de graxa no velho vaso de minha mãe, que outrora sustentava uma bela palmeira em miniatuara, agora não tinha nada, terra batida e bitucas de cigarro, e o tempo que não volta pra essa planta. meu velho tinha saído pra fazer uma entrega, sentei ali no escuro e chorei. lembrei de nosso beijo projetado. nunca chegou a ser como eu sonhei. estávamos na praia, nadávamos e beijávamos como velhos amantes. Depois ela se vestiria e com seus olhos brilhantes me diria que me ama. eu quase sentia a noite de verão escorrer por meu corpo sujo. se não fosse o gotejar chato da torneira do outro lado da oficina. refleti por uma fração de minuto, não sei porque, alguma coisa se rompeu dentro de mim. parei de chorar, as lágrimas secaram. meu coração despejou todo o âmago de cólera e tristeza num choro sem lágrimas, sem barulho, um pranto silencioso e fatal. nem certeza de estar vivo eu tinha. afinal vivia como um morto. ela, Ana, ela me matou. me olhei no espelho da moto, tinha os olhos vermelhos, cheios de um profundo vazio. reencontrei a cama, fui direto pro meu quarto. estava esgotado. acho que dormi, ou não, me dei por conta de algumas estrelas, tão raras no céu dessa cidade. a paz da noite acalmava minha alma. a noite, nada mais era do que uma trégua entre dois dias torturantes. não me sinto pronto a reviver tudo. essa grande cólera, esse grande vazio deixado por ela, ainda não purificou esse bastardo. eu, estou indiferente a mim mesmo. desprendi-me desses valores fúteis, desprendi-me de mim mesmo. Ana não vai voltar a figurar aqui, nem mesmo eu vou voltar a figurar aqui. Com o que resta de coração, desejo que me apedrejem com ódio do covarde que me transformei.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Meu estado de espírito oscilava entre depressão e euforia. O que as vezes é um prazer, deslizar o carro, noite a fora, cidade iluminada e toda aquela fauna noturna: prostitutas, bêbados, artistas falidos, cafetões, gente perdida, toda essa corja, e a cidade toda. Você é maior do que todos. Mas agora não, agora eu sento, levanto. Choro, mordo os dentes com toda a força do mundo. Quero arrancar meu maxilar fora. O comprimido que engoli junto com café mais cedo ainda faz efeito, o sangue pulsa forte na minha testa, sinto o meu cérebro encolher lá dentro, tudo fica flutuante, e o medo, o desespero bate mais alto. Agora, nesse minuto, é minha garota que tá lá fora, no meio de toda a selva que nunca adormece. Imaginei todas as merdas, um terreno escuro, um ex condenado, uma faca, sangue. Quase vomitei. Meus olhos vermelhos pediam paz. Redenção! Será que minha paz está em matar um qualquer sem motivo? Ou imaginei ela perdida, uma rua vagabunda, o cheiro de salsicha e cebola sendo frita em óleo barato. Nem os mais ferozes param uma bala no peito. Meu corpo tá esquisito, como se faltasse ar e alma. Quando eu apagar, vou apagar por completo, nem sonhos vão escoar pra dentro de mim. Pra saciar, água da torneira e o celular do lado. Cacete, cade minha garota, queria estar num bar, beber uísque até as veias pegarem fogo. Celular tocou, uma hora e meia depois do esperado, ela chegou, chuva, condução quebrada, a corja de safados ficou pra trás, e agora as pílulas que não me deixam dormir. Cade o meu interruptor?

terça-feira, outubro 21, 2008

Doze homens e uma sentença - 12 Angry Men (1957)

Direção – Sidney Lumet

Doze homens e uma sentença é um drama americano da era de ouro de Hollywood, em preto e branco abusando de simplicidade, a trama é simples. Um julgamento, o moleque acusado de matar o próprio pai, testemunhas, tudo a favor da incriminação. O juri, composto por doze pessoas distintas entra na sala e a priore acredita que é apenas o caso de assinar embaixo e jogar o garoto numa cadeira elétrica. Então o personagem de Henry Fonda, contesta e nega-se a condenar o réu. Como a decisão tem que ser unânime os doze entram em um verdadeiro embate a respeito da inocência ou não do acusado.

Quase tudo se passa num mesmo plano sequência, com exceção de uns pequenos cortes e as cenas iniciais e finais do filme. Na verdade, quase tudo se passa na sala aonde os jurados devem tomar a decisão. É incrível o poder de tensão que se cria e o estado emocional que as personagens são levadas. Mais do que uma produção despojada. Os diálogos são um show a parte. Dignos de teatro do mais alto nível, o fino da arte de representar relações humanas.

Não existe como entregar a trama, o filme é isso, um caso aparentemente liquidado e doze jurados com o poder de mudar o destino. No cartaz original do filme, existia uma frase que define bem a psique humana explorada nessa película: A vida está nas mãos deles, a morte está nas mentes deles. Vale destacar também a impessoalidade, durante quase o filme todo nem sequer sabemos os nomes das personagens, que são apenas identificadas por seus números, jurado número um, jurado número dois e assim por diante. É um deleite ver as máscaras caírem, e ao mesmo tempo, é um tapa na cara sermos levados a pensar na forma como julgamos as outras pessoas. Vários fatores podem deixar as pessoas se levarem, desde preconceito, ódio escondido ou mesmo pura influência do grupo.

Um clássico absoluto, indispensável na vida de qualquer cinéfilo ou mesmo amante de teatro. Enfim arte no seu estado mais nobre.

sábado, outubro 18, 2008

Até o dia em que o meu eu ensandecido morreu, eu não me lembrava de sonho algum. Acho que nem sonhar eu sonhava. Ou melhor, sonhar eu sonhava sim, e tudo durava um segundo precioso que era esmagado com o pesar do abrir dos olhos. Hoje, ela continua fitando o transito caótico da cidade de São Paulo, a luz vermelha do freio dos outros carros dava um contraste bonito no seu rosto branco. Realçava sua boca cor de maça e criava um contraste quase surreal no vácuo de seus olhos. Céu cinza, nuvens esparsas e chuva fina. Cacete ela é linda sob qualquer ótica. Eu pensava em jogar ela num quarto de motel qualquer, ouviríamos Jeff Buckley e dormiríamos abraçados depois de uma bela trepada. Eu sonhava em esquecer um pouco a amarga realidade que abortou nossos planos, puxou nossos pezinhos de volta a superfície e nos lembrou que existem contas, prestações e outras coisas que são um saco, mas são reais. Hoje, curiosamente, lembrei de como a vi em nosso primeiro encontro. Parecia uma mulher saída dos meus livros preferidos. Uma descrição de Fante e sua Camila desvairada. Não consegui me concentrar, as buzinas chiavam incansavelmente. Quero que ela saiba que tem o homem dela. Na tentativa desesperada de manter o antes adormecido sonho vivo, me coloquei a falar, me coloquei a bestialmente falar, cutucar e quebrar um silêncio totalmente cabível. Eu aprendo, aprendo todos os dias com meus erros. Garota, tenha paciência comigo, sou péssimo em me relacionar, mas acredite, você me faz continuar tentando, e mais, desejando do fundo do coração aprender. Eu nem me lembro o tanto que falei. Porra, na real é só garoto pedindo atenção.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Esse não sou eu.

Ontem eu senti a boca secar pela falta da pílula. escorri pela rua augusta abaixo com minha garota, mãos dadas e andar perdido. sonhei com o dia que aquelas ruas decadentes serão palco do glamour perdido da minha banda. vi meu andar perdido se tornar um andar cheio de confiança. e a boca secava, um desejo por uma gelada e a química me inibindo. minha mão soava junto a dela. de repente, sem mais nem menos um carro saindo de uma garagem recuou e pegou na minha coxa, filha da puta, nem foi forte, mas fela da puta! esmurrei duas vezes com gosto a traseira de metal, o cara ficou puto, perguntou se eu achava certo bater no carro dos outros? é certo jogar essas merdas em nós? maldito. fui tomar o famoso sorvete vegan, lá na augusta quase central, não achei nada demais. depois fugi da chuva, perdido naquele futuro paraíso crepuscular. tenho sede. minha boca ainda tá seca.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Tô com saudades de escrever aqui. To secando de mergulhar de cabeça na divulgação da banda. Na hora que eu pego aquele violão, e mando minhas músicas junto com os rapazes, não existe mais o porque de trabalhar, o porque de viver encoleirado, enjaulado. Não existem mais motivos para desfeita de aceitar e abaixar a cabeça. É uma sensação ótima, e agora, pela primeira vez, estamos dando um passo para levar isso a todos.

Queremos o mundo. Quero transformar a casa do batera num reduto de música para os paulistas. Nós vamos derrubar a casa dele abaixo, jogar tudo num quarto, abrir bastante espaço livre e encher de breja. Vendendo a um preço justo, tocaremos de sábados pra galera. Show descompromissado. Como música tem que ser. Celebração, gozo em vida. Não obrigação. Queremos o mundo.

Por favor, sendo chato, mas é necessário. Ajude o sonho:

www.myspace.com/georgeband

Não esqueçam de adicionar o perfil, deixar comentários e principalmente passar adianta. Valeu. Em breve volto a dedicar aos meus escritos. Já to coçando os dedos pra escrever qualquer porcaria.

Bom vou lá.

quarta-feira, outubro 08, 2008

você deitada em cima de mim, até que vejo as coisas de outra forma. digo eu te amo com a convicção de um bluseiro descarado. quero perambular pelos becos obscuros de seu corpo até o amanhecer. minha viagem é no seu corpo garota. desde a primeira vez que nossos lábios se tocaram. minha diva não tem só mulher, tem alma, coração, sofrimento, amor e perdição. cacete, escrevo com tripas e sangue. como se fosse o compositor de sua melodia final. a banda que toca fica no meu peito. não quero me vangloriar, o resto é fotografia do fim dos tempos.

terça-feira, outubro 07, 2008

Gosto de viajar, meter o pé na estrada, ver o mundo ficar pra trás e todo um mar de possibilidades se abrir lá na frente. Gosto pra cacete de conhecer novos lugares, de saber que existe um puta macarrão com frutos do mar em Paraty, ou que existe uma cidade bem mais civilizada um pouco mais ao sul daqui. Mas porque diabos eu ainda guardo um carinho especial por São Paulo? Não sei se é pelos porres madrugada a adentro que tenho guardado em cada cantinho dessa cidade. Eu as vezes sinto uma saudade quase estúpida dessa cidade. De uma boa feijoada no centro, de um puta macarrão bom no planetas, do teatro, do cinema, de uma comida japonesa de primeira, de um show perdido na augusta, de todas os malabarismos que essa cidade suja oferece em troca da vida condicionada que ela oferece.
Esse lado sujo e sombrio de Sampa me encanta, me fascina ao mesmo tempo que me repulsa. Já perdi a conta de quantas vezes amaldiçoei essa cidade. Mas eu sempre volto, e meu apê tá subindo, subindo feito máquina, feito essa cidade que só sobe. As vezes me assusto pensando em sair fora, em deixar a cidade de lado, mas não sei, tenho um sangue paulista correndo nas veias. Quem sabe, quando mais velho? Talvez me canse daqui, que queira uma casa no campo, no exterior, na lua, foda-se, agora não. É foda, passo todo dia em frente a minha futura casa, olho, vejo um peão trabalhando, acho tudo lento. Eu orgulhosamente posso afirmar que vou morar numa cidade única, vou casar, me meter numa casa que vai ter a minha cara, e principalmente a mulher que eu amo lá dentro.
Eu não sei, na verdade me perco em tantas possibilidades surgindo. Eu, hoje, acredito em amor e felicidade. Exatamente um ano atrás eu ria dessas coisas. Então não sei se posso falar muito a respeito do futuro. Posso falar de minhas vontades hoje. De meu desejo pela garota da minha vida e por minha futura casa na cidade da minha vida. Se a garota foi uma escolha pessoal incondicional, a cidade foi um acaso descontrolado. Por hora é isso, é um quero por quero. Vou morder e arrancar pedaço pra chegar lá aonde desejo. Afinal, alguns bebem até morrer, outros vagam sem esperança por aí. Eu, eu achei um osso que não vou largar tão fácil. Achei a possibilidade de viver essa encrenca toda que chama vida, ao lado de alguém. Achei a possibilidade de fazer tudo que eu mais amo, ao lado de alguém muito especial. Resta esse desconforto gostoso com a cidade aonde moro. Se não é o paraíso na terra, é um canto que consigo falar de peito cheio que é meu. Não é terra deles, é terra minha.
Eu queria que essa peça de teatro acabasse num baile, um casal dançando ao som de Here There And Everywhere dos Beatles, um bêbado canastrão sentado no meio fio com uma garrafa de pinga barata, uma puta sendo estuprada por um caminhoneiro solitário e uma jovem perdida metendo uma bala na própria goela. A platéia iria assistir em primeiro plano o estupro e o suicídio, e ao fundo, meia luz, quase desesperançado, o casal dançando.
Agora queria comer um bom virado paulista e sair com minha garota pela paulista, vagando sem rumo, tropeçando num músico de rua, tomando uma breja barata em algum canto. Pra ver erguer mais um tijolo de minha casa no raiar do dia seguinte.

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Não esqueçam de visitar, comentar e divulgar:

http://www.myspace.com/georgeband

segunda-feira, outubro 06, 2008

Paraty

Atrás do centro velho, em um emaranhado de ruas pequenas, uma multidão cria um zumbido alto e constante por toda a parte. Bem ali, do lado da avenida principal, próximo do rio, dorme o albergue de Paraty, e mais próximo do que se pensa, pessoas comemoram de forma fervorosa as eleições. Das janelas dos sobrados, acima das calçadas, rostos cujos corpos não faziam-se visíveis alimentavam mais ainda o pequeno caos instalado ali.
Foi ao longo de horas e curvas, deslizes pelas serra abaixo e risadas perdidas que chegamos a esse pequeno paraíso dantesco. Primeiro se avista o caís, e todos seus barcos luxuosos, imponentes, uma visão cinematográfica. É a sala de visita da cidade.
Sentado no vaso sanitário do pequeno quarto que nos arranjamos, um pensamento ecoava na minha cabeça: “sou um homem feliz”. Aquela puta cidade linda, uma mulher maravilhosa me esperando ali no quarto, um fim de semana perfeito. Estava um pouco nervoso com a iminência de algum passeio a barco, sou homem da terra, um puta medo de enjoar e alimentar o peixinhos.
Posso dizer que foi foda, depois de sair fora daquele banheiro, deitar e fazer amor com minha raposa, entrei numa montanha russa sem freio. Praia, trilha, pessoas se afogando, mato, ondas, areia, comida boa, barco, tempestade. Só deixamos lá junto com o sol, saímos feito cão molhado. Tristes por deixar o pequeno paraíso para trás. O paraíso feito por nós, para nós.
Foi uma viagem tensa de volta, chuva, neblina, pneu furado, horas de trás do volante. Tudo para regressas a nossa terra da garôa. A felicidade é muito mais gratificante quando compartilhada. Caralho, como é bom sentir-se vivo.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Passei devagar, quase despercebido pelos corredores do prédio.

Vi os dois de relance, e deixei a situação acontecer, caminhei no escuro deixando a voz deles me guiar. Um mundo de peso nas costas, me mesclando com o concreto. Tô derretendo, ouvindo eles falarem e pensando. Como porra isso foi acontecer?

Isso tudo não passa de um grande carnaval. Desde o começo tava clara a merda que aconteceria nesse choque rei. Ele um irremediável romântico. Ela uma pequena com medo do que lhe aguarda dobrando a esquina. Eu não entendo, nunca entendi, você também não sabe de nada, e não vai ser tão cedo que alguém vai entender.

Ela resolveu estragar tudo, acha que as coisas são pedra e não saem do lugar. Se fodeu, amanhã já é tarde.

Não tem como voltar. Mesmo escarrando na cara deles, não tem jeito, coração não tem cabeça mesmo.

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Por favor galera, visitem, comentem, divulguem:

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Fugi. Até segunda.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Frase do dia: A vida é muito perigosa para quem tem paixão.

O que acharam do novo projeto do Macca?

quarta-feira, outubro 01, 2008

Saiu meu mojo! Quem quiser dar uma olhada.

Mojo do Wilco

Música foda pro meio da semana.

Olheiras, profundas olheiras, a cara amassada de uma noite mal dormida. As vezes ele se desprende a rir, um riso atormentado de quem já tá morto por dentro. Um desperdício de um ser humano. Murchando e bebendo em sua vidinha ridícula, em um bar provavelmente ridículo como ele. Esse é o cara, e ele é meu amigo. Sou rodeado por gente assim, acho que curto a decadência.

Ele escarrou seu amor, amassou e jogou no lixo no passado. Hoje revira lixeiras feito cão de mendigo. Tá buscando feito um filha da puta esse osso do próprio capeta. Antes buscar do que dar de ombros e aceitar a mediocridade. Aceitar o vazio. Esse é um dos poucos caras que chora, e faz o mundo todo duvidar que tenha sido com sinceridade. Ele chora, chora pra descongelar o coração.

Ele me ouviu, chamou a garota dele, e vai se enfiar no carro, chutar a estrada comigo e a minha garota. Ele tá em busca daquele fervor, daquele gozo que só os jovens sabem achar. Tá em busca de um foda-se a tudo. Só pegando a estrada e se desligando um pouco do mundo para ter a chance de achar. Ainda bem que ele me ouviu. Não tem motivo para se esfaquear, eu mesmo tirei a faca da mão dele. Eles se gostam, eles tem a faísca escondida em algum lugar. Amor é um bêbado filha da puta mesmo.

Nada.

Não tenho tido vontade de escrever, mas só o fato que vou arrancar o cara mais mal humorado de casa para pegar estrada me anima. Aproveitando o feriado das eleições, me vou pra longe. Esvaziar um pouco a cabeça.

sexta-feira, setembro 26, 2008

”Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto.” - Leminsk

quinta-feira, setembro 25, 2008

Eu sabia, eu sabia que poderia contar com o Salinger. Depois de ler o livro meia boca do Fuguet, resolvi para me esbaldar de orgasmo literário ler um conto curto do Salinger. Agora eu entendo tudo. Ser humano é cheio de cagar as coisas, e a dita normalidade é assustadoramente bizarra. Nota mental: ler tudo do Salinger. Dá vontade de falar pra todo mundo, mas vou deixar que os afortunados tropecem nessa obra. Não, não estou falando do Apanhador. Quero uma cerveja. Não, quero anfetaminas, saudades das minhas pilulas. Preciso falar sobre: a garota, a viagem e a casa. Preciso falar sobre a banda. Em breve. A cabeça roda, eu to sorrindo, hoje vou ver a minha garota e ontem eu li um dos melhores textos literários de minha vida.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Roteiro Patagônia

Agora vou passar os próximos meses acertando detalhes da viagem. A meta é ambiciosa. Vinte dias, sair de Buenos Aires, descer até Ushuaia, subir até Santiago do Chile e voltar para Buenos Aires. Nessas horas pesa o tempo e a grana, mas a viagem será feita na base de albergue, trem, ônibus, qualquer coisa que rode na direção que precisemos. Mas é mais ou menos isso aqui, ó:

17 – São Paulo / Buenos Aires
18 – Buenos Aires / Puerto Madryn
19 – Visitar a Península Valdéz
20 – Pueto Madryn / El Calafate (Pesquisando)
21 – Glaciar Perito Moreno
22 – Parque Nacional Los Glaciares
22* – El Calafate / Ushuaia
23 – Canal Beagle e Pinguinera
24 – Trekking Laguna Perdida
24* – Ushuaia / Punta Arenas (Chile)
25 – Parque Torres del Payne
25* - Punta Arenas / São Carlos de Bariloche (Argentina)
26 – Roteiro dos Lagos
27 – Dia livre
27* - Bariloche / Santiago (Pesquisando)
28/29/30/31 – Santiago
31* - Santiago / Mendoza
01/02 – Mendoza
02* - Mendoza / Córdoba
03/04 - Córdoba
04* – Córdoba / Buenos Aires
05/06/07 – Buenos Aires
07 – Buenos Aires / São Paulo

Pesquisando – Viabilidade dessas rotas. Isso incluí tempo, dinheiro e se existe algum traslado.
* São viagens de madrugada, mais barato e ganhamos tempo na viagem.
Dia 26 é meu aniversário, vou passar na estrada, melhor impossível. E eu vou tentar manter um diário virtual da viagem. Claro que isso se limita a 5 minutos no máximo por dia. E se o lugar tiver internet relativamente barata ou de preferência inclusa nos albergues.

segunda-feira, setembro 22, 2008

É engraçado pegar esses livros de turismo. Me sinto pequeno. O mundo que é imenso. Eu nunca vi neve, na verdade nunca nem saí do Brasil. Vendo as fotos estampando as páginas, eu lembro do meu Pai. Ele saiu lá de Marrocos e se matou de trabalhar aqui no Brasil. Nunca teve tempo de ver coisas, de ver o mundo. Foi direto de um país lá na África pro Brasil. Invejo, porra, cresceu em Marrocos foda. Mas depois que atracou em terras brasileiras nunca mais pode fazer nada. Eu quero viver tudo que ele não viveu. Eu e minha garota vamos pra Patagônia, mas não pense que no conforto, arranjamos a passagem mais barata pra Buenos Aires e de lá, é pé na estrada, dedão pra cima e mochila nas costas. Vamos encarar América do Sul adentro. Soltar o parapeito e cair em queda livre. Mais vale nós dois no constante porre de se embebedar de vida do que um casal preso a tosca realidade. Eu devo isso, eu devo isso a ele. Devo uma vida que muitos tem medo de viver. Devo isso a mim mesmo.

Troca de passes.

Sem perder muito tempo.

Filmes



Violência Gratuita: Versão idêntica ao original Austríaco. Os atores não devem nada, e o clima é o mesmo. Pra quem não sabe, é um exercício de sadismo. Uma família vai passar as férias na casa de campo e acabam por cair nas mãos de dois psicopatas. Foge e muito do convencional dos filmes de terror. Talvez isso faça valer a pena. É uma maneira diferente de assistir os filme de Terror. No meu caso, como eu já tinha assistido ao original alguns anos atrás, o impacto não foi tão forte. Mas recomendo aos que não viram nada. A experiência no cinema é sempre melhor. (7/10)



Crônicas de um Amor Louco: Adaptação dos contos do velho Buk. Gostei por ser uma versão bastante fiel. Minha garota que recém leu os livros que são retratados aqui, confirmou que o diretor foi bastante fiel. O ator é meio canastrão, mas acho difícil fazer o velho safado sem ser canastra. O filme deu uma cansada no meio, mas é bem bom. Com cenas lindas como a primeira transa com a Cass. Para os fãs desse universo decadente que é alma humana. Imperdível. (8/10)

Livro



Os filmes de minha vida: Faltam vinte páginas, tem sido um sacrífico acabar essa leitura. E olha que raramente eu empaco em livros. Albert Fuguet me enganou, depois do fantástico Baixo Astral, me veio com esse livro que para não dizer outras coisas, simplesmente não me apeteceu em nada. Muito chato. (2/10)

Não vai tocar, desencana cara. O telefone não vai tocar. Vai ficar naquela mesinha, inerte, inútil, sem vida alguma. Não vai tocar. A tua casa tá uma bagunça e você precisa se erguer. Não é uma puta qualquer que pode te derrubar. Você não pode se enterrar em garrafas vazias, discos e roupa suja. Sempre que chego na sua casa tem aquele silêncio, um calor preso a dias ali dentro. E você esperando o telefone tocar, desencana.

Se um dia tiver que acontecer vai acontecer e pronto. Eu sei que você tem sede, fome, que você precisa de álcool. Mas você não é zumbi algum. Então acorda desse pesadelo. O mundo não é tão vazio assim. Tu ainda vai é perder a garota que disse “eu te amo” esses dias. É engraçado que quando passo na frente da tua casa, tá rolando algum negão no último volume, como se desesperado você quisesse ser notado. Ninguém vai notar, essa cidade não liga para qualquer idiota. Então acorda, deixe de lado esse marasmo. Eu sei que na boa literatura, todos se fodem! Eu sei que você é da tradição do Fante, e como um bom fodido espera que sua vida se transforme na saga de um bêbado ordinário. Mas assim, sinceramente, você vai acabar morto por alguém que não vale um conhaque barato.

Uma hora, o vazio vai apertar, você vai querer sorrir e não vai conseguir. Você não nasceu para ser pano de chão. Então tira esses trapos do corpo, toma um banho, coloque uma roupa e vá cuidar da sua mulher. Abra um vinho, brinde com ela: aos bons tempos. De pé, agora, seu bêbado imprestável. Pode reclamar, mas vai ser vencido pelo cansaço. Ninguém gosta de um homem devastado, debulhando-se em lágrimas. Olha só, avisa quando estiver pronto, então faremos nosso som, e você terá nos braços a mulher que tanto ama. Não demora. Não seja burro. A luz desbota rápido, o mal-estar ataca o tempo todo. A realidade sempre golpeia na cara, então, força homem.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Nossa Geração?

Existem outros milhares idênticos a mim. O que me diferencia do resto? Porra nenhuma, a juventude hoje é uma grande colagem de idéias e clichês batidos. Uma juventude pelada. Qualquer um é a mesma cópia em tons pastiche do outro. A arte é fastfood. Os sonhos são vendidos em um plano que ninguém escapa. Por mais outsider que eu gostaria de ser, sonho com a mesma porra que os palhaços na sala ao lado sonham. E pior é tudo nivelado por baixo.

Vivemos numa época que o mediano, ou porque não mediócre, tem tudo ao alcance. Claro, não vou ter um notebook da Apple, nem viajar para Dubai. Mas vou para a Argentina e compro um notebook de segunda mão. A banalização tá tão grande, que os ditos contra cultura de hoje, não passam de palhaços e sombras do passado. Ninguém se salva. O que eu quero? Um apê, viajar uma vez por ano, degustar os melhores livros e whiskeys, tocar minha música. Quantos não querem isso?

Não estou desiludido, é o mundo que vivemos, é o mundo que nossos país e avôs criaram. O nosso Band a Part virou uma família quadrada com dois filhos, um carro bacana, uma viagem por ano e que diferencialmente do resto, se acha especial, mas não é. Somos essa baciada de gente, geradas fielmente em moldes made in china. Ninguém escapa do consumismo. Ninguém escapa do capitalismo, que é mesmo um Câncer moderno. Tivemos a peste negra, a tuberculose, a Aids e agora o consumo. Aonde está o artista? Poderia citar por horas constelações inteiras de estrelas falsas.

Pão e circo mais forte do que nunca. Me sinto uma vaca num enorme pasto. Como a mesma grama que você, rumino igual. Meu cérebro atrofiado enxerga apenas a cerca infinita que limita meu mundo. Somos a geração do conformismo. Alguém quer mudar isso? Eu sinceramente mais me importo com a minha garota, minha viagem nas férias, meu apê sendo construído e meu pequeno pasto particular sendo irrigado. A pergunta é, tem como fugir? O sonho acabou galera. Apague a luz o último que sair.

...

Depois de poucas horas de sono veio a luz. Acho que o que restou é achar alguém, compartilhar a realidade e aproveitar o gozo. Sim, pensando melhor, somo a geração do livre gozo. Muito melhor do que parece. Se somos completamente descartáveis, que aproveitemos da melhor forma nossa curta estádia.

...

Encoleirado no trabalho. Entro nessa mesma sala todos os dias. Pra que? Por que? Quero um bar. Quero fazer algo estúpido e perigoso.

Cacete, é isso! Todos fazemos a mesma merda. Importa quem faz com estilo. A loucura nada mais é do que a oposição a realidade. Quero ser louco. Quero um porre e ser louco. Quero me entrelaçar com minha garota, perdido e doente de amor. Não podemos despertar desse quase sono em que se encontra tudo. Mas temos que continuar.

quarta-feira, setembro 17, 2008

O tempo me engole. Eu? Eu sou um cara qualquer. Ela me perguntou, quem é você? Eu não sou muito mais do que a imagem mostra. Barriga de cerveja, cabelo descuidosamente desarrumado, boca grande, fala maior ainda, pouca capacidade auditiva. Quero ter umas plantas na varanda de casa. Não sei direto como é minha cara, pra falar a verdade, sou obrigado a olhar todos os dias no espelho para não esquecer quem eu sou. Mesmo assim, sou sombra de um eu que nunca se concretizou. No passado, figura inseparável do copo de whiskey. A última vez que me vi, abraçava uma privada depois de algumas cervejas e caipirinha barata. O que eu fazia bebendo é outra história. Hoje tenho a barba recém feita. Já começa a se tornar áspera e dificilmente vai agradar ao toque alheio. Eu suspiro o tempo todo, e na maior parte dos suspiros me esvaio em pensamentos distantes. Não é descaso com a realidade, e sim apego com um outro tempo. Sou dos caras que sobe no telhado do prédio e bebe qualquer porcaria vagabunda sozinho mesmo. Arranco a rolha e abro um livro, o mundo é minha fronteira. Eu tenho uma namorada. Não quero outra, e estou muito feliz com ela. Romance é isso. Tudo isso mais ela, ela e a paz de saber que eu sou alguém outro, e talvez isso que importe. Eu machuco minha boca o tempo todo. I'm in the right mood for love. Mas isso não é fácil de entender pra qualquer um. Dizem que a vida é amarga, e eu acho que deve ser, por isso mesmo eu gosto de amargo e vou levando. Como diria meu amigo Luidou, amor é um cão dos infernos. Eu sou isso, um velho no corpo de moleque, parado numa esquina suja qualquer. Se tiver que lamber a sarjeta, lambo e saio por cima. Esse gosto estranho na minha boca não vem de hoje. Sei que, olho pro lado e vejo a garota certa na minha cama. Me gasto todos os dias. Mas não da forma mais intensa. Na verdade não sou um junkie acabado. Nem perto disso. Sou apenas um mentiroso que achou a verdade e se enroscou bem nela.

terça-feira, setembro 16, 2008

No fundo nós nunca mudamos. Posso estar um pouco mais gordinho, um pouco mais acabado, estragado mesmo, mas no fundo sou o mesmo moleque maluco que botava terror no colegial. Não existe constância. Existe um tudo muda, e tudo é mesmo só que diferente. Tipo esse rio aqui do lado de onde eu trabalho. É sempre a mesma morte em forma de cicatriz aberta. Eu vou fazer 24 em breve. E nesse ritmo frenético da cidade antes que me toque, terei 25. Aí, meu apartamento vai estar pronto. Vou me mudar pra ele, eu mais minha garota. Estou feliz, acho que ando mais equilibrado que antes. Deixei os tempos modernos para trás e não tomo mais remédios, acho que finalmente me regrei por mim mesmo. Ou me regrei por ela.

Acho que faço mais as coisas por mim agora do que antes. Antes fazia teatro pra mudar o mundo. Hoje faço música pra existir. Não existiu música mais sincera do que as que venho fazendo. São minhas, no máximo para pessoas próximas. Acho que o George me entenderia. Não quero tornar isso burocrático. A música já tentou por várias vezes me derrubar. Mas eu insisti. Primeiro foi minha total falta rítmica. Hoje, concentrado toco até um jazz se quiserem, guardada as devidas proporções claro. Depois veio a total falta de memória, eu não conseguia decorar nenhuma música. Hoje elas fazem sentido e eu apenas toco. Acho que antes eu lesava pelos excessos. Eu posso até demorar anos com a minha banda, só não quero morrer sufocado. A hora que tiver que ser será. Eu sinto que vai ser em breve. Vamos torcer, mas deixem minha alma respirar.

E será que músico lá tem porra de alma? Não sei, mas apaixonado tem, então deixem eu cuidar da minha porra de alma, que é pouca coisa mas é o que eu tenho. Me tranquei muito tempo no meu mundo, sem deixar ninguém entrar nele. Preguiça, descaso e medo. Principalmente medo de repetir tudo aquilo que tinha me fundido a cachola. Agora eu ando pra frente, mãos dadas com um futuro muito melhor e orgulhoso de um passado vencido.

Que merda mais pastosa. Não gosto de retratar essa boa fase. Na verdade estaria fudidamente puto de ler que o garoto tá feliz. Mas, nem tudo é felicidade. Tem muito chão pra comer até as coisas estabilizarem da forma que desejo. Então peço a ajuda de vocês. Para a futura casa, alguém sabe aonde encontro: posteres de filmes antigos, tamanho grande e de qualidade minimamente aceitável e puffs simpáticos?

segunda-feira, setembro 15, 2008

Ë madrugada, tem gente espalhada por toda a casa. As latinhas de cerveja se empilham em uma velocidade incrível. Eu e minha garota nos encostamos em um canto e observamos tudo. Eu estou avoado, minha cabeça se foca nas imagens, se foca no tato do nosso abraço, mas fica longe, fica no embrulho do estômago. A garota dança obscenamente. Toca clássicos dos anos oitenta. A-ha, Tear For Fears entre outros.

Foi uma madrugada doida, lembro da cama em seguida, da garota ao lado apagada. Ela encostou na cama e desabou, já era dia. Eu ainda rolei pra lá e pra cá. Lembro que algum momento uns caras vieram, conhecidos meus, deixaram mais cerveja e foram embora. Em outro momento, lembro de gente se pegando nos corredores da casa. Tropecei em alguma peça de roupa que achei melhor não olhar. Em certo momento as pessoas desabavam pelos cantos da casa.

Essas noites são recheadas de um completo vazio delicioso. Não tem sentido, não tem nada que acrescente em nossas vidas. Os dois moleques que recém conheceram o álcool se divertiram pra cacete. No lugar de uma noite tradicional de sono, tiveram conversas, sexo, bebida e música. Eu e minha garota, curtimos o tesão de estarmos ali, fazendo parte daquilo, talvez mais do que isso, talvez o tesão de estarmos proporcionando aquilo.

Essa porra de vazio é viciante. Melhor do que qualquer ambição de merda por coisa nenhuma. Nessas horas eu vejo que só quero mesmo que você esteja por perto, e me diga tudo aquilo que por vezes fica nosso olhar. Eu sou tonto, viciado em eco! Preciso ouvir ressoando na parede o eu te amo. Quero vida e essa festa foi vida. Quero por que não quero que tudo seque. Não quero nosso chão sujo de folhas mortas. Feito uma criança ontem cortei o dedo, hoje tenho uma pequena cicatriz, talvez nem pra sempre fique. Mas você, todos os dias deixa cicatrizes para sempre em mim. Eu preciso ficar parado, eu preciso que o mundo se movimento, eu preciso de você parada ao meu lado. E nós precisamos fazer o mundo girar. A realidade é estúpida. Aqui, nosso mundo, é perfeito. Foda-se quem não acha. O fim não vai acontecer. Nunca.

A festa nunca termina para quem come poeira na estrada. Tá frio pra cacete, as pessoas quase congelaram lá na festa. A casa não tinha aquecedor e nós nem tínhamos o porque comprar um também. Nada pode chegar perto da dimensão do que eu sinto. To louco, prisioneiro do meu próprio convento. Creio que seja um câncer, já espalhado no corpo todo.

sexta-feira, setembro 12, 2008

Tenho um puta medo da velhice. De fazer tudo, de ganhar o mundo e depois acabar fraco, sem força pra andar numa cama qualquer. O velho matou gigantes pra chegar aonde chegou. Foi mais forte que tudo que eu já vi. E hoje, é derrubado por uma dor na perna, nas costas ou na alma. Tanto faz. O tempo é filha da puta. Chega cortando o barato que é ser ser humano. O velho tá definhando. Eu queria sentir algo, mas não sinto nada. Sou um completo vazio enquanto ele definha no quarto ao lado. Aposto que quando ele ir embora irei ficar pensando muito a respeito. Aí esse vazio será preenchido por uma dor filha da puta de todas as vezes que engoli uma palavra de carinho. O velho era uma muralha, agora são alguns tijolos espalhados esperando o caminhão de entulho.

É uma merda viver sem espectativas, e uma merda maior ainda é viver esperando a morte. Sem tesão de sair por aí, sem tesão de ver os filhos calçando seu devido lugar no mundo. Será que é sempre assim? Eu não quero definhar feito um cachorro abandonado. Ontem, bebi um copo de uísque enquanto rabiscava umas letras em homenagem ao meu pai. Homem foda, mas nada prestou, era tudo um monte de coisa nenhuma. Porque ele é isso agora, ele é história, passado magistral, presente decadente, futuro certo. Eu nunca falei te amo. Eu nunca dei um abraço de verdade. Ele construiu esse abismo, demonstrou carinho de formas tortas, eu comprei a idéia, perdi muito. Agora só tenho essa porra de dor, uma dor gritante de ver o velho apodrecer em vida direto pro caixão.

O ciclo dele tá se fechando. Espero ter a sorte que esse grande homem teve. Espero até o fim agradecer cada minuto que ele me deu. Espero em vida, gozar tudo que ele deixou pra gozar agora. Espero que todo o sacrifício dele seja pago pela moeda do meu gozo em vida. Se ele detonou a própria alma pela família, se ele se destruiu por mim, eu agradeço. Vou viver da melhor forma possível.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Alguma coisa extremamente errada deve tá acontecendo por aí. Tá tudo muito bom na minha vida. Antes tava uma bosta. Agora tem sido um ano muito bom. Alguém tem que tá se fodendo. Tem que largar o osso vez ou outra. Alguém tem que tá batendo a cara no concreto bem forte. Voando sangue e dentes pra tudo quanto é lado. Apesar do mundo inteiro ser uma grande máquina quebrada, sempre tem um ou outro lado bonito. Ontem o violão parecia ser meu melhor amigo, sentei no meu quarto, peguei ele com carinho colo e fiquei horas tocando. Toquei blues, toquei country, toquei rock, toquei minhas músicas e músicas dos outros. Meu violão é o violão mais legal de toda a cidade. E mesmo nessa máquina velha e quebrada tem coisa que salva. Agora a grande pergunta é: Qual a velocidade de uma andorinha africana ao migrar no inverno carregando um coco? Sim, eu assisti Monty Python pela enésima vez ontem. Podem ver, foi uma noite produtiva. E digo mais, esse fim de semana vou beber, beber o suficiente para descongelar minha casca. O velho demônio da vodca vai voltar.

terça-feira, setembro 09, 2008

Anos Incríveis com cara nova? Lost in the 80s?

E se o anos incríveis tivesse se perdido no meio dos anos oitenta?

Bob Brush, o mesmo cara que contou nossas vidas e criou um elo definitivo sobre o crescer de um jovem, seja nos anos 60 ou em qualquer época, está preparando um piloto de um seriado similar. Este iria se desenvolver nos anos 80. Cacete, no final dos 80 quando eu era um fedelinho ainda, eu assisti o que rolou no final dos 60 através desse seriado lindo que foi os anos incríveis. Será que 20 anos depois eu vou assistir o que foi o meu crescer no final dos 80? Calafrios na espinha. Desse cara eu espero qualidade. Vamos ver. Eu desde já faço petição que ao menos uma temporada torne-se realidade.

Notícia Oficial.

Aguardo ansiosamente.

Linha de Passe, Vanguart e Calcinhas no Varal.

Uma garoa fina, minha garota com a pele mais cheirosa que eu poderia pedir, um show competente dos caras do Vanguart e a Clarah Averbuck bebendo vinho no gargalo com a filha no colo. Uma boa maneira de começar a semana.

Umas rapidinhas:

Linha de Passe: Delicado. Sútil. Um soco. A uma semana atrás fomos assistir Nossa Vida Não Cabe Em Um Opala. Bom. Ela gostou mais. Eu gostei. Essa semana fomos ao Linha de Passe. Muito Bom. Eu gostei mais. O outro é mais porrada, é mais bruto. Esse é mais centrado nas pequenas sutilezas que vida alguma consegue explicar. Aqui o final fez toda a diferença. Anda. Cacete! Até agora a voz do cara na minha cabeça. Fé barata e safada, mas fé é fé e em alguma coisa eles tem se segurar.

Quando é que a vida passa a ser sofrida demais pra levar adiante? É fácil se manter nas leis impostas pelo sistema, quando temos um pão e manteiga na mesa. Tantos e tantos seres humanos são obrigados a se desligarem dos sonhos porque a vida não dá espaço pra tal. Não digo sonhos do riqueza, não. Mas um sonho como a Elis cantava, uma casa no campo, para os amigos, pra sua música. Muitas vezes queremos pouco, e mesmo assim não temos chance. Achei esse filme foda. Tecnicamente perfeito, e de uma sutiliza pesadíssima.



Calcinhas no Varal de Sabina Anzuategui. Existem livros que acontecem de cair em suas mãos no momento certo. Certa vez, li em algum lugar obscuro da rede que um cara tinha matado um ladrão que invadira sua casa e ao ao ser detido na delegacia passou a noite numa cela, no dia seguinte respondeu em liberdade a questão de legítima defesa. O fato é que ele tinha recém comprado O Estrangeiro e pode levar o livro para a cela, o qual devorou durante a madrugada. No dia seguinte era um novo homem. Imaginem o efeito de ler o estrangeiro logo após cometer um homicídio? Ler Calcinhas no Varal para mim teve um efeito parecido uma vez que algumas passagens do livro me fizeram muito sentido. É um ótimo romance. Recomendo.



Vanguart. Realmente é uma banda ao vivo. O disco até hoje não me fisgou com gosto. Agora ao vivo ouso dizer que não arrisco perder shows. Os caras sabem o que fazer em cima do palco sob a luz da ribalta. Agora mais literalmente impossível, eles estão fazendo uma série de shows no Teatro Décio Almeida de Prado. Procurem aí no Google e tentem ir no próximo. Vale a pena. O evento chama Vanguart para menores e é justamente oportunidade para galera mais nova que não pode comparecer nos eventuais shows de madrugada que a banda faz lá no Studio SP. Boa iniciativa.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Ele costumava correr para evitar a loucura. Do mesmo jeito que o outro lá pedalava para evitar o amor. Ambos fugiam da mesma coisa. Ele é estudioso, aplicado e bem sucedido. Querendo dá um banho em todos que o cercam e vira presidente de qualquer porra de empresa. Gosta de Beatles. Domingo de noite, se alguém ligar pra ele vai ter que esperar o toque incansável do telefone interromper sua cerveja sagrada. Ele vive sozinho feito um defunto. Tem medo de se relacionar. Ou diz que se relacionar é perda de tempo. Curiosamente, um dos poucos amigos que tem, é justamente um casal. Enquanto o outro lá se sustenta nos cigarros, esse aqui prefere se sustentar no dinheiro. Um pequeno porquinho capitalista. Tem bom humor para quase tudo, exceto mulher. Quando fala de mulher, ou se anima com a possibilidade de sua grana bem conquistada a comprar, ou logo se entristece. Esse não engana, tomou no rabo por alguma piranha e agora tem medo de até pensar na vaga possibilidade de tentar novamente. Não acredita em amor, e acha que quando chegar aos cinqüenta vai casar com uma russa de vinte anos pra deixar o legado fluir. Coitado mal sabe que está esperando o amor feito um gato esperando o leite no vasilhame. Sinto muita pena dele. E eu odeio sentir pena. Mas o tom de voz que ele usa quando fala de achar alguém é foda. Amor é foda. Ou te é uma benção, ou te é uma enrabada para não se esquecer tão cedo. Quantos por aí não devem cagar de medo do amor?

quinta-feira, setembro 04, 2008

que inferno. penso no deus e no diabo. como é que eu pude me preocupar tanto. temos é que viver e gozar. relaxei. o que me aflige não será resolvido hoje. não tem mais problema. fim de semana resolvemos. irresponsável? talvez, pouco sei. quem disse que eu quero, morrer, derreter, desintegrar, virar merda antes da hora? eu quero deitar, botar a garota no peito, e dormir em paz. se der merda, nada que um drinque no inferno não resolva. me entrego, nos entrego, que essa maldita estrada nos leve ao próximo motel, ao próximo bar. e que no próximo abismo nos atravessemos reto o guard rail. sim, cair de cara no chão metros abaixo, voar dente, sangue e porra para todo lado.

quarta-feira, setembro 03, 2008

Tem dias que acordo como que se estivesse bêbado. Pode ser que seja ansiedade, medo, felicidade, sentimentos ao extremo que um corpo ainda jovem como o meu não sabem controlar, se é que algum dia vai saber. Aí olho pra mesinha de canto, o celular tá carregado, o crachá da empresa denuncia a rotina, o computador ainda tá ligado, olho o navegador e vejo uma série de sites sobre gravidez. O copo ainda meio cheio de chá gelado está do lado do teclado. Lembro da minha garota, e lembro da barra que estamos enfrentando. Então eu acabo pensando, mas porra não tem como, absolutamente não tem como. Beberico o chá gelado e me enfio no chuveiro. Sofro feito um cachorro pensando nas piores possibilidades. Nem em mil anos isso daria certo agora. Sei que ela também acha o mesmo. Foda, se tudo sair como não planejamos, vamos precisar de um plano B. Eu jurei que nunca mais iria me martirizar pelo passado, mas é melhor quebrar juramentos do que engolir sentimentos que precisam esporrar mundo a fora. Foda-se o juramento. Tenho um puta medo de que minha vida seja revirada em questão de horas. Até o fim de semana vamos resolver isso. What the hell? Acordo com o corpo todo doendo de tensão, do simples e irrefutável medo de que amanha seja bem diferente de hoje. Mas não, eu acredito na minha competência e sei que tudo vai dar certo. Eu sei disso.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Essa vida é venenosa. Em todos os sentidos possíveis e imagináveis, tudo que fazemos está nos matando. Começando pela condição precária de vida que aceitamos. Primeiro ar, que é a base da vida. Nosso ar é um lixo, é podre, entope o nariz, suja os olhos, encarde até a mente.

Eu tava prestando atenção, e acho que São Paulo é a cidade dos desesperançados, é real, é a cidade de quem larga essência por uns trocados a mais, dos migrantes de todos os lugares que pouco criam laços afetivos e simplesmente querem sugar até o último centavo da terra da garôa. Garôa cada vez mais escassa. O que colabora com esse ar nojento. Temos asfalto sujo, cimento velho e caos por toda a parte. Todo mundo vem pra São Paulo em busca de algo. E se dizia que nossa vida é venenosa, começa por onde escolhemos para morar. Aqui só tem fodido e mal pago. Terra de quem sonha. Terra de ninguém, ao mesmo tempo que morre neguinho de fome no semáforo, os ricos compram sua fantasia no Morumbi.

Eu gostava da praça do pôr-do-sol, a tempos minha garota me pede para irmos lá. Eu dou um jeito de não ir. Sabe por que? Porque São Paulo não tem horizonte. Aqui não tem por do sol. Aqui o céu até que ensaia um rosa bonito vez ou outra. Não passa de um tóxico venenoso e cheio de poluição. Não tem pra onde fugir. E nossa vida vai minguando.

Hoje tive um puta dor de cabeça o dia inteiro. E o que vejo em volta é só gente pisando na cabeça dos outros. Inveja, São Paulo transborda inveja. Toda cidade sente inveja de quem sobrevive e consegue subir acima do concreto. A maioria é engolida e fica a margem dessa sociedade, quem escapa, é alvo de inveja. Não tem disfarce. Não temos mar, nem cordilheira, não temos vinhedos nem belas construções. O que é belo está como que regurgitado e cuspido de qualquer maneira.

Essa cidade é uma puta velha. Daquela que te seduz no escuro, que rebola no seu pau e paga de putinha de vinte anos. Quando você se empolga e bota a grana na mão, ela é uma escrota, velha, sem dente e gorda. O hálito azedo, a carne flácida e sofrida. Ela já pegou a grana e você está lá, na cama com a puta velha.

Nem o charme boêmio podemos nos gabar de ter. Somos uma cidade de trapaceiros, de falsos e de moralista que nada fazem além de se vangloriar pelo tamanho do documento de um gringo que fez acontecer seu negócio. Sim, porque a cidade só tem grana por causa dos gringos, se fosse por nós paulistas não seriamos nada. Esse cimento me enveneno até a espinha hoje. Cansei.

Mesmo assim, todo veneno tem um doce barato. Coca mata e fode conosco, e quem experimentou garante, é o melhor bagulho do mundo. Cada um escolhe o jeito de morrer. Hoje eu quase entreguei os pontos e me joguei no Pinheiros de tanto masoquismo que meu corpo tinha que suportar. Quero minha garota, uma casa no campo e meu violão. Quero superar esse meu vício de você cidade perdida.

Em breve seremos uma família. É bom saber que teremos dois quartos numa rua tranquilha próximo a um dos poucos parques que prestam na cidade. Quando eu vi, eu sabia que era ali mesmo. Agora resta saber se a cidade vai nos deixar vivos até lá. Acho engraçado as coisas estarem encaminhadas. Nós somos roqueiros, não somos arrumadinhos, também não somos um mostruário de pircings. E justo nós, justo o casal que parece fadado a pastar muito, espera agora a casa ficar pronta. Vou vagar nas ruas de São Paulo, mesmo sabendo que esse veneno me mata. Em breve tiro uns dias pra nós e vamos pra cordilheira dos Andes. Me aguardem.

Estou na Rua Augusta. Escuto uma música dos anos 60, meu estômago se contorce. O balcão do botequim é de um granito impessoal, frio como a alma dessas putas que tomam o último trago da noite. Nesse boulevard, a decadência é alimento pro meu ego. Ao fundo tem uma mesa de bilhar, um casal de veados faz um jogo lento e cheio de enrabadas descabidas de pudor. Lá fora a chuva rala insiste em criar essa atmosfera congelada. Olho e não sei se já passou muito ou pouco da meia noite, nada mudou. A vida de todos que estão por aqui não vale uma garrafa de uísque bom. Me contento com um velho oito e encaro o reflexo de um morto no balcão reluzente.

Ainda estou meio anestesiado e não lembro de muita coisa. Não lembro do último porre, nem lembro como vim parar no centro. Foi dado um delete em algumas memórias, agora estou razoavelmente lúcido e sei que devia estar em casa. Olho pra tevê velha e mal sintonizada e alguma produção B passa no corujão. A porta de ferro do bar já está semi fechada e pago a conta. Não sei com qual dinheiro, respiro, olho para a rua e vejo o sol se levantar ainda que tímido. Sinto a vida começar a brotar na cidade.

Caminho rumo a Paulista e meu estômago me lembra que provavelmente a última coisa que ingeri foi no café da manhã passado, ou pior, antes disso. Aos poucos as ruas vão se enchendo de escravos. Inspiro e expiro, sinto a realidade voltando a tomar conta do mundo. Bêbado e desesperançado não tem espaço no nosso pequeno mundo. É, o mundo é uma pequena gaiola.

Sinto apenas meu corpo, tenho esperança de não ser apenas um zumbi. A barriga doí e me lembra que sou humano. Apesar de não ter decência alguma, eu estou compondo deliberadamente minha própria história. Passo a mão no bolso e vejo mais algumas notas amassadas e resolvo tomar um ônibus pra casa. Enquanto todos estão vindo eu estou voltando. Minha cara crivada de tristeza deve provocar compaixão, duas pessoas me perguntam se estou bem.

Silêncio no caminho. Escuto o motor, escuto o trânsito porém nada é sútil o suficiente para me fazer fugir do silêncio. Sonho um déja vu. Sou um perverso urbano, masoquista e sem escrúpulos. Chegarei em casa fedendo álcool e provavelmente levarei uma sova do velho. Deixei ele na mão, as motos devem estar acumuladas e a culpa é minha. Só me resta o vazio que é trabalhar sem objetivo, trabalhar sem sonhar, viver sem ela.

domingo, agosto 31, 2008

George - Edward Last Words

Como prometido, um pequeno pedaço do que minha banda vem fazendo.

Filmagem do nosso ensaio, feita no improviso. Apenas para mostrar o som da banda.

sexta-feira, agosto 29, 2008

Bukowski - Cartas na Rua

Cartas na rua, mãos no barro, corcunda da escravidão... tá tudo aí, somos nós que não percebemos...

Mal dormi essa noite, acabei de botar em dia a leitura de mais um livro do Buk: Cartas na Rua, foda. Na real eu nem tenho muito o que falar do livro. Achei foda, achei cru, achei real. Eu que até então só tinha lido contos do velho, não imaginei o quão incrível podia ser um romance dele. Agora estou louco atrás de seus outros romances. É fantástico como ler um pouco da rotina que Buk serve de espelho para o que vivemos hoje. O cara trabalhou onze anos nos correios, numa função repetitiva e desgastante. Teve diversas mulheres e ao seu modo amou todas. Seu café da manhã era cerveja, e seu corpo pedia pelo amor de deus para uma rotina mais amena. E ele estava lá, na sua folga bebia mais, trepava mais e ainda se jogava nas pistas de corrida de cavalo pra gastar seu pouco dinheiro.

Será que sonhar é uma característica dos jovens? Porque, acompanhando o velho lá, ele foi deixando de sonhar e desejar algo mais. Não que ele tivesse majestosas metas quando jovem, porém ele pelo menos nadava a correnteza, em dado momento abriu os braços e se deixou boiar. Os jovens sempre estão a um passo de mudar o mundo. Eu acreditei que poderia mudar o teatro, que poderia levar o teatro a todo jovem brasileiro. Tudo que consegui foi uma peça mediócre e alguns familiares e amigos aplaudindo por pena no final. Ou será que as vezes sonhamos como o sonho americano? Uns mais outros menos. Acho que tudo faz parte da mesma grande bosta. Eu não sei, tudo que me vem é um imenso vazio. Cartas na Rua é um puta livro, de destroçar e mergulhar de cabeça nessa coisa que chamamos de alma. Pra que alma? Palhaço não precisa de alma, e somos todos palhaços nesse circo.

Não estou frustrado, nem triste. Aprendi com o velho. Tire as fontes de prazer da vida, foque-as e vá em frente. Sexta-feira, tudo que eu queria era beber uma cerveja, e é isso que vou fazer logo mais. Trabalho? Sim, trabalharei para ter a cerveja. Simples. Posso jogar um saco de couro nos ombros e sair por aí distribuindo cartas, o meio pouco importa, importa o fim, e no fim sempre estará meus reais desejos. Desejos preconcebidos por uma cultura de massa? Foda-se, não me interessa. Usei boa parte do espaço para jogar idéias sem uma aparente linha. Foi uma necessidade de regurgitar boa parte dos pensamentos para não surtar.

E mesmo sem nexo, afirmo. Leiam Cartas na Rua. O livro é foda.

Semana que vem vou jogar por aqui algumas músicas da minha banda. Tá ficando bem bom. Eu realmente fico feliz tocando ali. Tocando nossas músicas, fazendo nossos sentimentos virarem som.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Mergulhando. Vou escrever alucinadamente tudo que me vem a cabeça. Tive uma puta aula de psicologia misturada com sociologia dentro de um contexto histórico cultural dada dentro de uma pós que estou fazendo. O cara é foda, ele nós faz buscar até a última gota que pode ser espremida do cérebro. Mas que puta que pariu. O ser humano é uma puta das mais safadas mesmo. Liberdade não existe, nascemos para nos prendermos a um sistema e seguir fielmente até o leito de morte. Consumista? Ótimo, trabalhe, ganhe sua merreca ao final do més e volte sempre. Comunista? Trabalhe, tenha uma vida similar ao seu próximo, enquanto num grande parêntese permite aos heróis comunistas viverem de luxo e regalias mil. Romântico? faça uma busca eterna por seu amor e viva feliz para sempre ao lado da amada. Infelizmente, hoje, espero acordar diferente amanhã, porém hoje, é isso, uma equação. Uns mais complexos outros uma simples soma. Nos trabalhamos no lugar dos operadores, jogam algo de um lado, nós recebemos e resultamos em um grande sorriso ou um doloroso pranto.

Antes do nosso querido Ford criar a famigerada linha de produção e enfiar carro cu adentro de cada americano possível. A vida era algo mais simples, nascer, se virar com o que a santíssima trindade lhe ofereceu e morrer. Então, de uma evolução natural de várias teorias, o gênio inventou uma forma de fazer muitos, e muitos, e mais um pouco de muitos carros por segundo. A questão é nem todos precisavam de carros, então vamos fazer eles precisarem de carros, hoje eu fui para o trabalho, para a faculdade, voltei para casa tudo sobre quatro rodas. Padronizaram as nossas necessidades. Porque raios eu preciso usar tênis? E alguém consegue me explicar o porque eu moro num lugar com qualidade de vida muito inferior ao vizinho menor e mais verde?

Esses levantamentos na real não vão levar a lugar algum. Acho, muito mais inteligente, aceitar algumas malícias que o subconsciente nos prega e abaixar as calças, se o sistema quer nos foder, deixe ao menos passar um Ky. Triste? Talvez, C'est La Vie. Por isso cada vez mais acredito como religião, que eu estou no meu caminho certo. Minhas regras não são para ti. Amo minha garota, quero meu teto e quero viajar uma vez por ano. Vou trabalhar mantendo um mínimo de dignidade, eles precisam de alguém que faça algo, e eu sou bom nisso, pronto farei, desde que não seja algo contra os meus princípios. Sociedade de Consumo? Passado, somos sociedade de desejo. Cada um com o seu. O meu a priore parece bastante claro, e se tudo der certo, as partes estão se encaminhando. Se sou socialista ou capitalista, que isso morra com a guerra fria no passado. Sou individuo, e no máximo, divido minha individualidade com minha garota, com quem sonho e busco um futuro em comum. Esse papo seria muito mais interessante com álcool, uma pitada de literatura, um som ao vivo e discussões que acabam em abraços. Fiz um intervalo e bati um papo com a garota, perdi o fio da miada, se é que teve fio em algum momento. Vamos viver nossas vidas que ganhamos mais.

Estava cansado, no final de um longo dia de trabalho em um escritório qualquer a realidade sempre se mistura um pouco com a ficção. A garota que cuidava da limpeza passava um pano com álcool na mesa do lado e falava sobre seu filho e o que presta ou não para comer. Isso incluí o fato de que frango não é bom, legumes em geral faz mal, e peixe só muito raramente. Tenho que concordar que um belo pedaço de bife é sempre bom, mas todo o resto não é de se jogar fora. O cara que senta do meu lado mergulhou em sua própria loucura e com fones de ouvido se fechou do mundo. Eu, bom, eu estou com os olhos pesados como chumbo, tenho visões distorcidas de um futuro certo porém distante. Converso com minha garota e ela também tá de saco cheio do trabalho. Precisamos nos encontrar. Mas por hora nem me concentrar num texto eu consigo, logo o zumbindo quase infernal do galinheiro ao lado me desfoca completamente. São comentários vázios, uma não tem preconceitos, a outra irá escolher o marido pelo sobrenome, o que raios isso quer dizer? Acho que não seria uma má idéia fazer uns trocados em Las Vegas e me aposentar precocemente. Compraria uma casinha no campo, eu e minha garota nos mudaríamos para lá e passaríamos a viver do básico, sem luxo porém felizes. A garota ao lado grunhe de felicidade, parcelou uma bota caríssima em cinco vezes no cartão de crédito. Isso realmente é o maior entorpecimento em massa que se pode dar conta. Eu mesmo devo estar entorpecido. No outro lado da sala, uma cadeira vazia reserva a presença nada imponente do meu chefe relapso, talvez o único real ponto positivo, sento, trabalho pouco, ele cobra menos e raramente me sinto pressionado. Isso é bom, é ótimo, exceto quando o peso da labuta diária cai nas pálpebras. devo ser um vagabundo esforçado.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Essa noite foi meio inquieta pra mim, sei porque acordei praticamente sem lençol, fronha ou travesseiro. Me mexi tanto porque procurava por você. Me virei uma, duas e infinitas vezes porque tinha esperança de pousar o braço em sua cintura quente. Tantas coisas acontecendo e o único real desejo dorme do outro lado da cidade. Agora vou me concentrar no trabalho, afinal alguém tem que trabalhar. Estou terminando de ler Cartas na Rua do velho Buk. Simplesmente foda. Eu não sou o maior fã de contos, por isso, o velho ainda não tinha me convencido, eu só tinha lido contos. Agora nesse Cartas na Rua, um puta romance! Fodido de bom. Recomendo e muito para qualquer um. Ando numa fase de escutar muito Dylan, porém hoje de manhã resolvi vir trabalhar escutando o Sticky Fingers do Stones... é... quando eles quiserem eles foram grandes... uma pena a banda ser uma montanha russa e ter só uns 4 discos imperdíveis. Não que tire o mérito, as pedras que rolam sempre estarão entre as maiores. Tá pra estrear o Linha de Passe, não sei se é a música do trailer, se é o histórico da direção, se é a proximidade geográfica, mas to muito afim de ver isso. E com tudo isso, ainda viro a mão e procuro a cintura dela. Dias perfeitos estão por vir. Hoje passei na frente de minha futura casa, vi uma máquina gigante com dentes de ferro arrancando terra. Bom sinal. Agora resta os caras começarem a subir o cimento, se precisarem de ajuda eu mesmo vou lá sábado ou domingo, faça sol ou faça chuva, se quiserem eu ajudo a subir os tijolos. O dia que esse apê ficar pronto será histórico. Pendências para a nova casa: quem conhecer um livro bacana com fotografias de decoração dos anos 50/60 me manda? Quem conhecer uma loja, feira, bazar ou qualquer coisa especializada em vender essas coisas me passa? Tirando eventuais feiras como a da Benedito... devo estar meio por fora, também conheço uma loja na Augusta... enfim, valeu.