segunda-feira, outubro 27, 2008

ontem voltei pra casa nostálgico. não consegui dormir direito com esse calor. paro pra pensar e vejo que meus poucos amigos ainda levam vidas de boêmios incorrigíveis. penso um pouco mais atenciosamente num deles. quando ele montava a casa, aonde mora sozinho, me perguntou o que deveria comprar? eu fui seco, um sofá e uma televisão, a solidão é obrigação hoje. poucos malucos ainda se arriscam num casamento, a maioria quer sua sonhada independência ao máximo. ele, hoje, vê o sol nascer da porta de sua varanda. dorme desregradamente e tropeça a cada quarteirão atrás de algum sentido. enquanto eu tomo meu café e dou bom dia pra minha garota, ele toma um pingado em um boteco qualquer. se esfrega numa prostituta que não lucrou na noite, e continua buscando sentido pras coisas.
que tipo de cara é esse? mistério, o cara que afasta o sono com pinga e sol batendo na cara. não usa óculos escuro. leva a puta pra casa e traça ela como se fosse uma amante. depois, a solidão cobre a casa de maneira sem igual. confesso que me entristece quando ele ainda rasteja para o computador e se lamenta por longas conversas desconexas. normalmente o papo cessa quando ele adormece ali mesmo, ele se perde cada vez mais, num verdadeiro espiral. ele vai despertar logo mais, vai me invejar. vai invejar eu voltando pra casa, a minha garota, e nossa vida. vai encher um copo de uísque e beber amaldiçoando o mundo. eu tenho meu mundo, ele tem um lugar no mundo. como ele gosta de parafrasear, ele vai todos os dias na doceria, porque tem uma falta absurda de doce na vida dele. guerra perdida. cara amassada no asfalto. pelo menos ele busca um sentido. será que existe?

Um comentário:

Ana Carolina disse...

eu conheço os dois lados.