Ë madrugada, tem gente espalhada por toda a casa. As latinhas de cerveja se empilham em uma velocidade incrível. Eu e minha garota nos encostamos em um canto e observamos tudo. Eu estou avoado, minha cabeça se foca nas imagens, se foca no tato do nosso abraço, mas fica longe, fica no embrulho do estômago. A garota dança obscenamente. Toca clássicos dos anos oitenta. A-ha, Tear For Fears entre outros.
Foi uma madrugada doida, lembro da cama em seguida, da garota ao lado apagada. Ela encostou na cama e desabou, já era dia. Eu ainda rolei pra lá e pra cá. Lembro que algum momento uns caras vieram, conhecidos meus, deixaram mais cerveja e foram embora. Em outro momento, lembro de gente se pegando nos corredores da casa. Tropecei em alguma peça de roupa que achei melhor não olhar. Em certo momento as pessoas desabavam pelos cantos da casa.
Essas noites são recheadas de um completo vazio delicioso. Não tem sentido, não tem nada que acrescente em nossas vidas. Os dois moleques que recém conheceram o álcool se divertiram pra cacete. No lugar de uma noite tradicional de sono, tiveram conversas, sexo, bebida e música. Eu e minha garota, curtimos o tesão de estarmos ali, fazendo parte daquilo, talvez mais do que isso, talvez o tesão de estarmos proporcionando aquilo.
Essa porra de vazio é viciante. Melhor do que qualquer ambição de merda por coisa nenhuma. Nessas horas eu vejo que só quero mesmo que você esteja por perto, e me diga tudo aquilo que por vezes fica nosso olhar. Eu sou tonto, viciado em eco! Preciso ouvir ressoando na parede o eu te amo. Quero vida e essa festa foi vida. Quero por que não quero que tudo seque. Não quero nosso chão sujo de folhas mortas. Feito uma criança ontem cortei o dedo, hoje tenho uma pequena cicatriz, talvez nem pra sempre fique. Mas você, todos os dias deixa cicatrizes para sempre em mim. Eu preciso ficar parado, eu preciso que o mundo se movimento, eu preciso de você parada ao meu lado. E nós precisamos fazer o mundo girar. A realidade é estúpida. Aqui, nosso mundo, é perfeito. Foda-se quem não acha. O fim não vai acontecer. Nunca.
A festa nunca termina para quem come poeira na estrada. Tá frio pra cacete, as pessoas quase congelaram lá na festa. A casa não tinha aquecedor e nós nem tínhamos o porque comprar um também. Nada pode chegar perto da dimensão do que eu sinto. To louco, prisioneiro do meu próprio convento. Creio que seja um câncer, já espalhado no corpo todo.
segunda-feira, setembro 15, 2008
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