Ele costumava correr para evitar a loucura. Do mesmo jeito que o outro lá pedalava para evitar o amor. Ambos fugiam da mesma coisa. Ele é estudioso, aplicado e bem sucedido. Querendo dá um banho em todos que o cercam e vira presidente de qualquer porra de empresa. Gosta de Beatles. Domingo de noite, se alguém ligar pra ele vai ter que esperar o toque incansável do telefone interromper sua cerveja sagrada. Ele vive sozinho feito um defunto. Tem medo de se relacionar. Ou diz que se relacionar é perda de tempo. Curiosamente, um dos poucos amigos que tem, é justamente um casal. Enquanto o outro lá se sustenta nos cigarros, esse aqui prefere se sustentar no dinheiro. Um pequeno porquinho capitalista. Tem bom humor para quase tudo, exceto mulher. Quando fala de mulher, ou se anima com a possibilidade de sua grana bem conquistada a comprar, ou logo se entristece. Esse não engana, tomou no rabo por alguma piranha e agora tem medo de até pensar na vaga possibilidade de tentar novamente. Não acredita em amor, e acha que quando chegar aos cinqüenta vai casar com uma russa de vinte anos pra deixar o legado fluir. Coitado mal sabe que está esperando o amor feito um gato esperando o leite no vasilhame. Sinto muita pena dele. E eu odeio sentir pena. Mas o tom de voz que ele usa quando fala de achar alguém é foda. Amor é foda. Ou te é uma benção, ou te é uma enrabada para não se esquecer tão cedo. Quantos por aí não devem cagar de medo do amor?
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