quinta-feira, agosto 28, 2008

Estava cansado, no final de um longo dia de trabalho em um escritório qualquer a realidade sempre se mistura um pouco com a ficção. A garota que cuidava da limpeza passava um pano com álcool na mesa do lado e falava sobre seu filho e o que presta ou não para comer. Isso incluí o fato de que frango não é bom, legumes em geral faz mal, e peixe só muito raramente. Tenho que concordar que um belo pedaço de bife é sempre bom, mas todo o resto não é de se jogar fora. O cara que senta do meu lado mergulhou em sua própria loucura e com fones de ouvido se fechou do mundo. Eu, bom, eu estou com os olhos pesados como chumbo, tenho visões distorcidas de um futuro certo porém distante. Converso com minha garota e ela também tá de saco cheio do trabalho. Precisamos nos encontrar. Mas por hora nem me concentrar num texto eu consigo, logo o zumbindo quase infernal do galinheiro ao lado me desfoca completamente. São comentários vázios, uma não tem preconceitos, a outra irá escolher o marido pelo sobrenome, o que raios isso quer dizer? Acho que não seria uma má idéia fazer uns trocados em Las Vegas e me aposentar precocemente. Compraria uma casinha no campo, eu e minha garota nos mudaríamos para lá e passaríamos a viver do básico, sem luxo porém felizes. A garota ao lado grunhe de felicidade, parcelou uma bota caríssima em cinco vezes no cartão de crédito. Isso realmente é o maior entorpecimento em massa que se pode dar conta. Eu mesmo devo estar entorpecido. No outro lado da sala, uma cadeira vazia reserva a presença nada imponente do meu chefe relapso, talvez o único real ponto positivo, sento, trabalho pouco, ele cobra menos e raramente me sinto pressionado. Isso é bom, é ótimo, exceto quando o peso da labuta diária cai nas pálpebras. devo ser um vagabundo esforçado.

Um comentário:

June disse...

hum, estamos todos entorpecidos, anyway. o que mais odeio deste entorpecimento é entrar no shopping e querer comprar muito mais do que eu ganho de salário, e como eu odeio ser consumista! ainda controlo esse meu lado um dia. porque uma garota que admira che guevara, olga benário e acha o marx foda não pode ser fútil. mas eu sou, porra. pelo menos as pessoas que tu tem ao lado no teu trampo podem te mostrar o quanto tu é diferente dessa sociedade tosca. e deus, como isso é bom!!!! porque podemos escolher entre apenas existir ou viver de verdade, e enquanto os outros apenas existem, tu pode realmente viver. enfim, posts fodas, cara. visitarei mais vezes, sure!