Existe um território bastante sórdido que é o momento em que a alienação a cerca da sociedade se torna uma opção obvia. Se o que lhe levou a essa área foi o amor não correspondido, a falta de perspectiva, a simples curiosidade, a narcisista busca por prazer ou a mera inércia que nos leva a diversos pontos curiosos não importa, o ponto é que existe um elo entre essas pessoas. Um caminho interessante para essa fuga vertiginosa da sociedade e conseqüentemente da realidade é a droga. E é de se pensar que em tempos esquecidos, existiam clubes aonde as pessoas iam drogar-se viver sua realidade particular e fugir de qualquer demônio sem trespassar qualquer regra ou lei.
Essas casas, pequenas realidades alternativas, são retrato de um mundo que foi massacrado pela modernidade, que foi engolido e digerido por uma máquina imperialista que nunca se satisfaz. Nesse curto livro, temos a busca, a quase meta existencial do autor de encontrar o ultimo recanto desses clubes de fuga. No caso, as casas de ópio, locais que permitiam e inclusive proporcionavam um ambiente propicio para o uso da droga.
O grande mérito da questão talvez seja a banalização com a qual acaba por se enxergar o mundo externo ao do ópio. Mostra o mundo que de tão doente se tornou selvagem e agressivo, e que ao mesmo tempo é inerte, sem ação, morto em vida. É uma busca quase pessoal pelo passado, um viver no ontem que morreu na alvorada seguinte. A quebra das regras patéticas do cotidiano. Temos um universo fantástico incrível, prostitutas tailandesas, gangue de motos, yuppies, hábitos estranhos e mais uma onda imensa de situação tão irreais que apenas a realidade nos poderia prover.
Um livro que nos leva a refletir. O quão vazio ainda poderemos chegar? O que era algo fugaz e restrito a uma ocasião especial, tornou-se tabu, e agora nós vemos presos a uma liberdade condicionada, uma liberdade redutível ao funcionamento da grande máquina. No aspecto de mensagem e de conteúdo é uma obra pra lá de interessante. O que me deixou um pouco desapontado foi a baixa qualidade do texto, hora jornalístico, hora prosa, hora poesia, e nunca realmente criando um estilo e firmando uma linha condutora firme. O que me interessou foi a verdade com que tudo foi transmitido, porém um pouco de cuidado na linha narrativa sempre é bom.
sexta-feira, abril 25, 2008
A Última Casa de Ópio - Nick Tosches
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literatura
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