segunda-feira, abril 28, 2008

1 - I Am The Man Who Loves You

Esse despertador toca todos os dias no mesmo horário, como uma máquina temporal, me traz de volta ao raiar do dia. Se ao menos pudesse sair a luz do dia sem peso na consciência, não teria que evitar qualquer lugar movimentado. Toda noite tenho bebido tanto, litros, um aquário por noite. E aí me vem essa cidade piscando, flertando com o perigo o tempo todo, tudo que me resta é mesmo ficar trancado aqui.

Se sou louco? Duvido que possa responder com a clareza necessária de um lúcido. Eu sei que ela, ainda vai ter o coração destroçado. Não sei como pude deixar ela sair andando assim, a Deus dará. Já cheguei a sanidade de propor uma trégua nessa batalha, pra que nos degolarmos tanto? Podíamos voltar a apenas ser dois estranhos, dois estranhos que ao cruzar o olhar vão logo trepar. E isso não é pra ser piada, nem referência a filmes, isso é pra ser minha vida.

Eu ainda imaginei que não iria doer. Esse seu olhar, grandes amêndoas sonhadoras, me pegavam de jeito, me deixavam lá preso, feito criança de frente árvore de natal. Mas eu e me vicio de beber, iria acabar com tudo. Você estava certa desde o começo. Eu não devia ter dito boa noite. Agora você não passa de uma peça de domino, prestes a cair e derrubar todo o resto, se é que não caiu. E não adianta me trazer curativos, eu nem sequer acredito em quedas. Que raios me passou pela cabeça quando eu falei olá?

Eu tonto, achando que ia te ter nos braços pra sempre. Você sempre foi constante, sempre me amou. Até que eu cai no sono, e a cidade, a vida não dorme. Sim, isso tudo é uma tentativa de quebrar seu coração. Uma porra de tentativa de te mostrar que tem sangue no meu peito, tudo que me resta é o maldito desejo de mastigar seu coração com manteiga no café da manhã. Não que seja fácil, seria uma mentira falar que é. Pois mesmo em copos descartáveis eu vou continuar bebendo. Eu sou o homem que te ama. E por que raios eu deixei você partir?

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