Eu queria realmente entender o que foi daquela época, gastávamos quatro reais numa coca cola diet e um maço de cigarros, os poetas impregnavam nossa vida, mas acho que nunca demos a menor bola de verdade. Não lembro de termos conversas de verdade, lembro de passarmos o tempo, sentados no mesmo parque, eu sabia que apenas morreria se tivesse que renascer e enfrentar a possibilidade de não chegar nesses momentos. Todas as mentiras, todas elas, meu imaginário eram apenas desejos disfarçados. E agora tudo que eu quero é uma boa vida ao lado dela. Um pouco de vento fresco, um céu bonito, sem muito pensar como será o amanhã.
Me divertia com a sua vontade de ser tudo, isso até me contagiava, alugamos o apartamento no Copan, era um cubo de 40 metros quadrado, mal cabia nossas coisas, mas era nossas mentiras realizadas. Construímos o sonho de vida, eu, uma mulher, uma casa, nosso cantinho, viajamos vez ou outra e aproveitávamos nosso sonho americano.
Eu era um primeiro a saldar, o primeiro a me curvar perante a essas cinzas que são a bandeira americana e o seu sonho jovial de vida. Vivia um sonho, vivia uma vida maravilhosa ao lado dela. Até uma banda, agora eu tinha, comprei uma Telecaster usada e tocava com os caras no fim de semana, trabalhada durante a semana num escritório como faz tudo. Ia nos bancos, trocava lâmpada e por aí vai. Era uma vida de deus. Eu realmente me curvava diante esse sonho americano. Isso enquanto todas as folhas que iam caindo anunciando o outono enchiam minhas sacolas de compras.
terça-feira, abril 29, 2008
6 - Ashes of American Flags
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