quarta-feira, abril 30, 2008

09 - Pot Kettle Black

E o que me restou? Merda nenhuma, Tive que esvaziar meus bolsos, me livrar de minha varinha mágica. E agora tudo que me restou são as letras sem a música. A minha saúde me deixou, mesmo esse mundo aí fora é assustador. Mal saio do meu apartamento. Até as meias não troco mais, pois lembro que tu gostava desse par velho, e se um dia tu voltar na da mais justo de estar usando os mesmos pares de quando tu me deixo, seria uma forma de congelar o tempo. Estatizar o natural, evitar o imutável de mudar. Porém cada dia mais parece que você será uma corda que eu não vou tocar mais. Acho que talvez nem tenha tocado todas as suas cordas. Mesmo que agora seja óbvia a situação em que me encontro. Porém mais obvio é você mesma, tu se saiu exatamente como eu previa. E agora eu me encontro amarrado nesse nó, sufocado. Mas juro que pretendo não ser pego. Eu ainda tenho esperança de escutar a velha música, a velha música tocada com o instrumento mais puro que conheço. A música que vinha de meu coração, esse que teve todas suas cordas estouradas. Minha única alegria é saber que esse seu trem, é preguiçoso e demora a partir, e pra qualquer lugar que tu acabe indo, eu sei que ainda estará ao meu alcance. Eu sei, não acuse para não seres acusado. Sei de que sou o sujo falando do mal lavado. Mas foda-se você era minha.

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