quarta-feira, abril 30, 2008

10 - Poor Places

Agora não vejo diferença alguma, são só detalhes,
A voz do meu pai em algum sonho acordado,
Marinheiros que teimam em deixar o porto toda manhã,
Eles navegam para salas com ar condicionado,
O vegetariano comendo em prato industrial.

Vejo-a todos os dias recebendo carícias dele. Aquele baterista de Metal, aquele sujeito de maxilar quebrado. Ou ao menos eu desejava que o maxilar dele tivesse sido destroçado por um cruzado de direita. Mas nem isso posso, meu peito está enfaixado com bandagens, não tenho nem forças de levantar. As minhas garras até caíram. E como eu queria te ver hoje a noite minha francesinha.

Mesmo que meu bafo seja do Uísque,
bebida que o seu guitarrista ama tanto,
ou o baterista te levou ao glamour do vinho?
Não percebe que esse cara tira tudo de livros?
Frases feitas, gramática assassinada! Mas tudo bem,
Você nem lê mais, que diferença faz?

A mas eu queria ter acertado um cruzado no maxilar desse cara, teria quebrado a face dele em cinco grandes pedaços, aí sim ele viria quem sou eu, mas essa bandagem me aperta tanto, puta que pariu, como eu queria te ver hoje a noite francesinha.

Quero fumar, fumar todos os cigarros do mundo, mesmo que tenha um qualquer me amando no quintal de casa, minha voz sobe os muros e busca a fumaça. Quero amor, amor que é o quero-porque-quero em vida.
Meu maxilar está quebrado, meu coração em pedaços no gelo do caipirinha que você divide com ele, minhas garras destruídos. E que vá para o inferno toda essa alegoria que chamamos de vida, eu só queria te ver mais uma vez. Faz calor nesses pedaços mais pobres da psique humana. E eu não vou me arriscar a sair daqui.

Nenhum comentário: