quinta-feira, junho 26, 2008

gosto da impessoalidade que um hotel passageiro. digo, adoro os banheiros indiscutivelmente iguais, porém únicos. gosto de ter minha cara de bebâdo se arrastando pelos corredores em busca do quarto e conseqüentemente do sexo que ali dentro me espera. camiseta azul, largada, estampa blasé, sem mais nada de roupa. tudo impecávelmente no lugar. queria estar em um hotel, agora, com ela. a barba por fazer, as olheiras, vez ou outra o bafo de uísque.

o mesmo trago que dava no DJ Club. Sinto falta daquele porão. aonde eu, o Dudu e o Vitor nos jogamos tantas e tantas vezes. eu, virando vodca pura como se fosse água ia dançar sem controle algum ao som de Yeah Yeah Yeahs, lembro que Maps marcava a noite. Vitor, quieto, bebia cerveja, bonito que só, em seu canto sempre atraía atenção de alguma garota. ontem, e antes de ontem, e nos dias anteriores a tudo isso, era pura mágica. Dudu era o que aproveitava mais a noite, com seu jeito irreverente se não pegava uma guria no seu charme espanhol, logo se jogava num canto e chovia alguma garota pro colo dele. sinto falta dos meus amigos, eles são foda. e as manhãs depois de todas as festas que viravam nossas vidas? o lanche tosco da esquina, a ressaca maldita, a falta de rumo, era tudo foda.

E mesmo assim, com tempos áureos passados, eu quero um hotel decadente, refugo saído da glória dos oitenta, quero um hotel, quero o bafo de pinga, até o cheiro de cigarro velho. quero ela pelada na cama e o som do Velvet Undeground preenchendo o quarto. chega de ágora. a decadência clara se torna luxo junkie, se torna objeto de fantasia e enche meu corpo de paixão e desejo por mais uma noitada dessas. mais uma noite num passado perdido de glória que me enche de satisfação.

Um comentário:

sabina anzuategui disse...

texto bonito.
acho que apaguei sem querer seu último e-mail.
ah, você gostaria de ler meu livro? lembra um pouco esse clima que você relembra, mas a narradora é uma garota.
é curtinho, ;)
se você quiser, posso mandar pelo correio.
abraços!