gosto da impessoalidade que um hotel passageiro. digo, adoro os banheiros indiscutivelmente iguais, porém únicos. gosto de ter minha cara de bebâdo se arrastando pelos corredores em busca do quarto e conseqüentemente do sexo que ali dentro me espera. camiseta azul, largada, estampa blasé, sem mais nada de roupa. tudo impecávelmente no lugar. queria estar em um hotel, agora, com ela. a barba por fazer, as olheiras, vez ou outra o bafo de uísque.
o mesmo trago que dava no DJ Club. Sinto falta daquele porão. aonde eu, o Dudu e o Vitor nos jogamos tantas e tantas vezes. eu, virando vodca pura como se fosse água ia dançar sem controle algum ao som de Yeah Yeah Yeahs, lembro que Maps marcava a noite. Vitor, quieto, bebia cerveja, bonito que só, em seu canto sempre atraía atenção de alguma garota. ontem, e antes de ontem, e nos dias anteriores a tudo isso, era pura mágica. Dudu era o que aproveitava mais a noite, com seu jeito irreverente se não pegava uma guria no seu charme espanhol, logo se jogava num canto e chovia alguma garota pro colo dele. sinto falta dos meus amigos, eles são foda. e as manhãs depois de todas as festas que viravam nossas vidas? o lanche tosco da esquina, a ressaca maldita, a falta de rumo, era tudo foda.
E mesmo assim, com tempos áureos passados, eu quero um hotel decadente, refugo saído da glória dos oitenta, quero um hotel, quero o bafo de pinga, até o cheiro de cigarro velho. quero ela pelada na cama e o som do Velvet Undeground preenchendo o quarto. chega de ágora. a decadência clara se torna luxo junkie, se torna objeto de fantasia e enche meu corpo de paixão e desejo por mais uma noitada dessas. mais uma noite num passado perdido de glória que me enche de satisfação.
quinta-feira, junho 26, 2008
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Um comentário:
texto bonito.
acho que apaguei sem querer seu último e-mail.
ah, você gostaria de ler meu livro? lembra um pouco esse clima que você relembra, mas a narradora é uma garota.
é curtinho, ;)
se você quiser, posso mandar pelo correio.
abraços!
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