Direção: M. Night Shyamalan (Sexto Sentido, Corpo Fechado, A Vila, Sinais, Dama D'Agua)
Se M. Night Shyamalan tem algo que o diferencie do resto do cinema sem sal que tem sido feito ultimamente é justamente sua singularidade e capacidade única de se diferenciar da massa. A real é que nem Sexto Sentido eu gostei tanto assim, se for para escolher um filme que tenha me chamado a atenção, nadando contra a maré, eu diria Sinais. Eu gosto desse embate, dessa dualidade recorrente que Shyamalan busca colocando a fé a ciência quase que de mãos dadas.
Nesse novo filme, temos um evento inesperado, as pessoas começa a se matar sem a menor razão óbvia. Massas de pessoas que faziam suas atividades rotineiras simplesmente começa a se matar. Um conto apocalíptico que de certa forma segue muito a linha já explorada por Stephen King e ganha quando explorador numa ótica até então nova. O filme por si só é uma homenagem ao cinema mais lado B, Referências ao cinema por muito negligenciado e que teve só seu mérito enaltecido pelo Tarantino a alguns anos. Como fio condutor acompanhamos a fuga desesperada de um casal e sua sobrinha para longe dos focos desse evento macabro. Fica claro desde o começo que a intenção é que o medo domine toda a fuga e qualquer esperança de sobrevivência.
O filme tem momentos perturbadores e garante bons sustos e um clima de apreensão fora de série. Acho que o grande mérito foi a construção de um roteiro pra lá de afiado. Tudo gira em torno da sobrevivência, o que acaba por gerar um pequeno grupo de pessoas que tem o mesmo desejo desesperado pela vida. Então acompanhamos o caos, depois a organização e torcemos para que as pessoas se juntem e num espírito de comunidade se ajudem a superar o evento. Quando finalmente temos essa unidade de grupo formada e em busca da possível salvação aprendemos que a única forma real de sobreviver é o amargo e duro isolamento. Isso nós proporciona cenas lindas, que culminam em uma das mais belas cenas do cinema americano: os protagonistas impulsionados pelo instinto de sobrevivência acabam separados por uma parede e sem poder se tocar ou mesmo compartilhar esse momento de grande medo, travam um diálogo ótimo por via de um cano que interliga as paredes. Fantástico.
O filme seria fácil um dos melhores do ano se acabasse por aí, um desfecho burocrático e extremamente tosco leva os últimos quinze minutos para o buraco. Se desconsiderarmos o final temos um filme excelente. Porém, finais ruins não são novidades e nem deveriam ser tão levados a sério quando o resto do filme mantém uma média alta, lembrem-se de Meninos e Lobos... enfim, Shyamalan parece ter achado os trilhos novamente.
quinta-feira, junho 19, 2008
Fim dos Tempos - The Happening (2008)
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