terça-feira, junho 10, 2008

Não dá mais: preciso de mais tempo livre. Muito tempo livre. Rápido. Preciso de uma puta noite de sexo até suar, sexo de escorrer até a ultima gota. Preciso desabar. Perder o fio, me acabar. Quero tocar num Pub sujo e beber vodca no gargalo. Não tenho mais tempo pra tudo isso.

Estou quase derretendo nesse escritório infernal. O sol reflete nas janelas feito as paredes de um microondas lá fora. E eu escorro nessa bancada feito um lagarto preguiçoso. Não escorro do jeito que gostaria. Num quarto de hotel no Centro de SP nos braços da garota. Escorro de exaustão e incomodo com esse calor insuperável. Até meu coração afunda feito chumbo com esse dia pastoso que escorrega sentido o amanhã.

O pior de tudo é que nessa sala forno, minha boca seca, meus olhos secam e até meu nariz seca. Na verdade, duvido que alguma coisa possa melhorar por aqui. Basta ter acordado completamente errado hoje, todo fodido e torto tenho que encarar esse calor descomunal. Podiam ver se minha consciência tá por aí passeando na Paulista. Afinal, qualquer ser com o mínimo de auto indulgência fugiria disso aqui.

Nem escrever eu tenho vontade. Escrevi, obviamente, pois não tenho como não escrever. Porém em um ambiente normal, eu estaria escrevendo de boa vontade e não de desespero. Tem alguma coisa errada e eu não sei o que é, nem de onde vem.

Meu chefe chegou de mal humor, está com problemas na conta de celular dele, então resolveu aumentar a temperatura da sala a um nível que parecesse normal ao seu temperamento pré enfarte. E não acontece nada aqui, o serviço praticamente rasteja devagar rumo ao mínimo necessário que se deve ser feito. A tão agitada e cobiçada vida cultural paulista parece morta, não tem acontecido nada de interessante, ou o calor dessa sala me roubou o interesse das coisas.

Esse ambiente estagnou. Estou quase saindo por aí, chutando as poças da água e derrubando as coisas. Mas como posso fazer isso se não chove a tanto tempo? Se o calor já deixou o ambiente em estado de seca crítica? Preferia nessas horas não ter tato, não ter sentido, não ter percepção das coisas, apenas sentar e digitar as ordens burocráticas e chatas.

Minha mãe foi ridícula. Fiquei fingindo trabalho, me virei bem como um palhaço para disfarçar a falta de resultados. Andei, rodei, andei e mordi meus lábios. Prisioneiro de um sistema. Mesmo conectado a tudo estava inacessível, incomunicável, preso e escutando Smiths por apatia de buscar outra coisa.

Mais já já acho que as coisas mudam, eu vou sair, vou deixar esse universo estéril pra trás e vou pro centro do mundo. Me jogo na Av. Paulista a cem por hora. Isso me dá adrenalina e gás pra esquecer o inferno. Então aposto que as coisas ecoaram da forma correta. Esse lixo terá escoado pelo ralo. Então estarei isolado, mas estarei isolado em que me importa.

Mais duas horas. E nada mais, duas horas e um beliscão para recobrar a realidade. Isso. Vou amassar as folhas, e viver, mesmo porque viver é algo passageiro, amar é atemporal, amar é a saída pra esse martírio que é o dia a dia numa empresa. Se eu parar de amar, podem chutar minha bunda pra fora do planeta terra. Cuspam na minha cara, rasguem meio peito e encham de esterco.

Quero vida.

Um comentário:

Ana Carolina disse...

perfeito desde o conto até o desabafo.