quarta-feira, junho 04, 2008

Tem hora é que devemos mandar a sobriedade a merda. Tem dia que sempre é sexta-feira e que alguma coisa tem que acontecer. Quero porque quero que seja sexta. Quando o Radiohead vai deixar de fazer doce e virá pro Brasil?

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Bom foda-se o desejo de ver o Radiohead, querer eu quero, mas nem tudo é quero porque quero. Ontem eu estava num trabalho nove de julho, e na hora que sai resolvi ir andando até um boteco pegar um café e comer alguma coisa. Eram três e meia, eu estava liberado e ainda ia levar algum tempo para me encontrar com a raposa na Paulista. Estava lá por perto e tinha que matar o tempo de preferência longe de algum lugar que pudesse me tentar a gastar o dinheiro que não tenho.

Então algo bem estranho ocorreu: um guri que eu nunca tinha visto na vida se aproxima e me cumprimenta. Sorrindo disse que era do caralho a iniciativa minha na PUC com o pessoal, que ele era amigo de um dos meus alunos e que estava doido pra ver o resultado no final do mês. Para quem está boiando, eu faço parte da direção de um grupo de teatro universitário. O cara ainda disse que esse aluno havia passado meu blog e que fulano havia gostado muito. O que mais me radiou de gosto foi saber que o cara vestia uma camisa do Clash e estava zanzando na cidade em pleno horário comercial. Do caralho saber que o povo que freqüenta esses rabiscos são gente assim.

Agora que é foda ter alguém te parando pra falar que tu faz algo bacana, é mesmo, não tem como negar, mas eu nunca fiz isso por ninguém além de mim mesmo. Escrever é um ato egoísta pra caralho. Escrever é sair do mundo e deixar que o resto se foda... e muitas vezes (se não todas) se jogar na merda pra achar o que presta. Digo que gosto que alguém se identifique e de alguma maneira tenha gosto em ler o que cuspo aqui, mas isso é consequência de uma inquietação que não me deixa calar a boca.

O mais louco é que esse que escreve aqui, quando tinha uns 15 anos, era a porra do cara estranho da escola. Cabeludo, mal encarado, bobo. Meu gosto amadureceu muito sim, mas desde daquela época eu era o cara que curtia 70's Punk, Blues, Beatles e uma boa breja gelada, vestia mais ou menos a mesma coisa com exceção talvez de mais camisas de banda. Cortei o cabelo mas agora tenho barba, ou seja a quantidade de pelo não mudou. Era o cara que tocava guitarra, e mandava o professor a merda se ficasse com vontade. Era o mesmo cara que foi excluído das panelinhas de mauricinhos e patricinhas do colégio particular. O cara que passou por revolta e muitas vezes botou o colégio abaixo. Se antes botava uma bomba, hoje preparo uma bomba na forma de teatro. Porém, não obstante, fato é que antes eu era o marginal. Nunca fui considerado alguém que as pessoas olham e falam, daí pode sair algo. Alias até o sem futuro já fui taxado. Considerado que meu apelido no colegial já foi “margina” (assim mesmo) dá pra ter uma idéia.

Se é que mudou algo, agora tenho uns quilos a mais, bebo uísque e conheço mais música. Ainda não achei a tatoo que me faça querer ter pra sempre comigo, ainda gosto de escutar Clash quando vou nos jogos do meu time.
E me digam, dá onde veio a luz que me tirou da margem ontem, nem que por um minuto, fui o centro de algo totalmente alheio a minha vidinha. De onde? Eta mundo doido.

“The ice age is coming, the sun's zooming in
Meltdown expected, the wheat is growing thin
Engines stop running, but I have no fear
Cause London is drowning and I, live by the river”

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