Cartas na rua, mãos no barro, corcunda da escravidão... tá tudo aí, somos nós que não percebemos...
Mal dormi essa noite, acabei de botar em dia a leitura de mais um livro do Buk: Cartas na Rua, foda. Na real eu nem tenho muito o que falar do livro. Achei foda, achei cru, achei real. Eu que até então só tinha lido contos do velho, não imaginei o quão incrível podia ser um romance dele. Agora estou louco atrás de seus outros romances. É fantástico como ler um pouco da rotina que Buk serve de espelho para o que vivemos hoje. O cara trabalhou onze anos nos correios, numa função repetitiva e desgastante. Teve diversas mulheres e ao seu modo amou todas. Seu café da manhã era cerveja, e seu corpo pedia pelo amor de deus para uma rotina mais amena. E ele estava lá, na sua folga bebia mais, trepava mais e ainda se jogava nas pistas de corrida de cavalo pra gastar seu pouco dinheiro.
Será que sonhar é uma característica dos jovens? Porque, acompanhando o velho lá, ele foi deixando de sonhar e desejar algo mais. Não que ele tivesse majestosas metas quando jovem, porém ele pelo menos nadava a correnteza, em dado momento abriu os braços e se deixou boiar. Os jovens sempre estão a um passo de mudar o mundo. Eu acreditei que poderia mudar o teatro, que poderia levar o teatro a todo jovem brasileiro. Tudo que consegui foi uma peça mediócre e alguns familiares e amigos aplaudindo por pena no final. Ou será que as vezes sonhamos como o sonho americano? Uns mais outros menos. Acho que tudo faz parte da mesma grande bosta. Eu não sei, tudo que me vem é um imenso vazio. Cartas na Rua é um puta livro, de destroçar e mergulhar de cabeça nessa coisa que chamamos de alma. Pra que alma? Palhaço não precisa de alma, e somos todos palhaços nesse circo.
Não estou frustrado, nem triste. Aprendi com o velho. Tire as fontes de prazer da vida, foque-as e vá em frente. Sexta-feira, tudo que eu queria era beber uma cerveja, e é isso que vou fazer logo mais. Trabalho? Sim, trabalharei para ter a cerveja. Simples. Posso jogar um saco de couro nos ombros e sair por aí distribuindo cartas, o meio pouco importa, importa o fim, e no fim sempre estará meus reais desejos. Desejos preconcebidos por uma cultura de massa? Foda-se, não me interessa. Usei boa parte do espaço para jogar idéias sem uma aparente linha. Foi uma necessidade de regurgitar boa parte dos pensamentos para não surtar.
E mesmo sem nexo, afirmo. Leiam Cartas na Rua. O livro é foda.
Semana que vem vou jogar por aqui algumas músicas da minha banda. Tá ficando bem bom. Eu realmente fico feliz tocando ali. Tocando nossas músicas, fazendo nossos sentimentos virarem som.
sexta-feira, agosto 29, 2008
Bukowski - Cartas na Rua
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4 comentários:
Também li esse livro há pouco tempo. Muitas cenas ainda estão na minha cabeça, como a do coração no vidro e as moscas no cachorro da mulher maluca dele, e dele ter sido o culpado por fazer os Correios dos Estados Unidos da América proibirem fumar. Mas acho que o principal desse livro é a relação exploratória das industrias e os trabalhadores.
Mas como em todas as obras do buk, a maioria que lê não entende nada e acha que ele só fala sobre bebedeira e putaria.
Não recordo-me onde achei seu Blog, e só agora tive tempo de parar para ler, e olhe só, Bukowski por aqui! Leio contos dele há um tempinho, mas não consegui ler nenhum livro até hoje. :(
Desculpe se invasiva. Beijos, e.
Buk é mestre. Também tô Buk, notas de um velho safado. só tinha lido crônica de 1 amor louco. o cara impressiona, apavora, excita.
mas... eu nunca quero deixar de sonhar, de verdade. e isso de só os jovens terem sonhos e talz pira a minha cabeça e não quero falar sobre isso agora, pq fico down e não quero ficar assim. Mas voltando ao Buk, queria ter sido uma de suas mulheres.
Se você gostou de Cartas na Rua, não deixe de ler "Misto Quente",o melhor de todos os romances do Bukowski. Concordo com o Romano: muitos pensam que Buk é putaria e bebedeira, mas se você conseguir romper essa visão propositalmente distorcida, vai encontrar muito de literatura profunda e imortal...
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