domingo, agosto 31, 2008

George - Edward Last Words

Como prometido, um pequeno pedaço do que minha banda vem fazendo.

Filmagem do nosso ensaio, feita no improviso. Apenas para mostrar o som da banda.

sexta-feira, agosto 29, 2008

Bukowski - Cartas na Rua

Cartas na rua, mãos no barro, corcunda da escravidão... tá tudo aí, somos nós que não percebemos...

Mal dormi essa noite, acabei de botar em dia a leitura de mais um livro do Buk: Cartas na Rua, foda. Na real eu nem tenho muito o que falar do livro. Achei foda, achei cru, achei real. Eu que até então só tinha lido contos do velho, não imaginei o quão incrível podia ser um romance dele. Agora estou louco atrás de seus outros romances. É fantástico como ler um pouco da rotina que Buk serve de espelho para o que vivemos hoje. O cara trabalhou onze anos nos correios, numa função repetitiva e desgastante. Teve diversas mulheres e ao seu modo amou todas. Seu café da manhã era cerveja, e seu corpo pedia pelo amor de deus para uma rotina mais amena. E ele estava lá, na sua folga bebia mais, trepava mais e ainda se jogava nas pistas de corrida de cavalo pra gastar seu pouco dinheiro.

Será que sonhar é uma característica dos jovens? Porque, acompanhando o velho lá, ele foi deixando de sonhar e desejar algo mais. Não que ele tivesse majestosas metas quando jovem, porém ele pelo menos nadava a correnteza, em dado momento abriu os braços e se deixou boiar. Os jovens sempre estão a um passo de mudar o mundo. Eu acreditei que poderia mudar o teatro, que poderia levar o teatro a todo jovem brasileiro. Tudo que consegui foi uma peça mediócre e alguns familiares e amigos aplaudindo por pena no final. Ou será que as vezes sonhamos como o sonho americano? Uns mais outros menos. Acho que tudo faz parte da mesma grande bosta. Eu não sei, tudo que me vem é um imenso vazio. Cartas na Rua é um puta livro, de destroçar e mergulhar de cabeça nessa coisa que chamamos de alma. Pra que alma? Palhaço não precisa de alma, e somos todos palhaços nesse circo.

Não estou frustrado, nem triste. Aprendi com o velho. Tire as fontes de prazer da vida, foque-as e vá em frente. Sexta-feira, tudo que eu queria era beber uma cerveja, e é isso que vou fazer logo mais. Trabalho? Sim, trabalharei para ter a cerveja. Simples. Posso jogar um saco de couro nos ombros e sair por aí distribuindo cartas, o meio pouco importa, importa o fim, e no fim sempre estará meus reais desejos. Desejos preconcebidos por uma cultura de massa? Foda-se, não me interessa. Usei boa parte do espaço para jogar idéias sem uma aparente linha. Foi uma necessidade de regurgitar boa parte dos pensamentos para não surtar.

E mesmo sem nexo, afirmo. Leiam Cartas na Rua. O livro é foda.

Semana que vem vou jogar por aqui algumas músicas da minha banda. Tá ficando bem bom. Eu realmente fico feliz tocando ali. Tocando nossas músicas, fazendo nossos sentimentos virarem som.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Mergulhando. Vou escrever alucinadamente tudo que me vem a cabeça. Tive uma puta aula de psicologia misturada com sociologia dentro de um contexto histórico cultural dada dentro de uma pós que estou fazendo. O cara é foda, ele nós faz buscar até a última gota que pode ser espremida do cérebro. Mas que puta que pariu. O ser humano é uma puta das mais safadas mesmo. Liberdade não existe, nascemos para nos prendermos a um sistema e seguir fielmente até o leito de morte. Consumista? Ótimo, trabalhe, ganhe sua merreca ao final do més e volte sempre. Comunista? Trabalhe, tenha uma vida similar ao seu próximo, enquanto num grande parêntese permite aos heróis comunistas viverem de luxo e regalias mil. Romântico? faça uma busca eterna por seu amor e viva feliz para sempre ao lado da amada. Infelizmente, hoje, espero acordar diferente amanhã, porém hoje, é isso, uma equação. Uns mais complexos outros uma simples soma. Nos trabalhamos no lugar dos operadores, jogam algo de um lado, nós recebemos e resultamos em um grande sorriso ou um doloroso pranto.

Antes do nosso querido Ford criar a famigerada linha de produção e enfiar carro cu adentro de cada americano possível. A vida era algo mais simples, nascer, se virar com o que a santíssima trindade lhe ofereceu e morrer. Então, de uma evolução natural de várias teorias, o gênio inventou uma forma de fazer muitos, e muitos, e mais um pouco de muitos carros por segundo. A questão é nem todos precisavam de carros, então vamos fazer eles precisarem de carros, hoje eu fui para o trabalho, para a faculdade, voltei para casa tudo sobre quatro rodas. Padronizaram as nossas necessidades. Porque raios eu preciso usar tênis? E alguém consegue me explicar o porque eu moro num lugar com qualidade de vida muito inferior ao vizinho menor e mais verde?

Esses levantamentos na real não vão levar a lugar algum. Acho, muito mais inteligente, aceitar algumas malícias que o subconsciente nos prega e abaixar as calças, se o sistema quer nos foder, deixe ao menos passar um Ky. Triste? Talvez, C'est La Vie. Por isso cada vez mais acredito como religião, que eu estou no meu caminho certo. Minhas regras não são para ti. Amo minha garota, quero meu teto e quero viajar uma vez por ano. Vou trabalhar mantendo um mínimo de dignidade, eles precisam de alguém que faça algo, e eu sou bom nisso, pronto farei, desde que não seja algo contra os meus princípios. Sociedade de Consumo? Passado, somos sociedade de desejo. Cada um com o seu. O meu a priore parece bastante claro, e se tudo der certo, as partes estão se encaminhando. Se sou socialista ou capitalista, que isso morra com a guerra fria no passado. Sou individuo, e no máximo, divido minha individualidade com minha garota, com quem sonho e busco um futuro em comum. Esse papo seria muito mais interessante com álcool, uma pitada de literatura, um som ao vivo e discussões que acabam em abraços. Fiz um intervalo e bati um papo com a garota, perdi o fio da miada, se é que teve fio em algum momento. Vamos viver nossas vidas que ganhamos mais.

Estava cansado, no final de um longo dia de trabalho em um escritório qualquer a realidade sempre se mistura um pouco com a ficção. A garota que cuidava da limpeza passava um pano com álcool na mesa do lado e falava sobre seu filho e o que presta ou não para comer. Isso incluí o fato de que frango não é bom, legumes em geral faz mal, e peixe só muito raramente. Tenho que concordar que um belo pedaço de bife é sempre bom, mas todo o resto não é de se jogar fora. O cara que senta do meu lado mergulhou em sua própria loucura e com fones de ouvido se fechou do mundo. Eu, bom, eu estou com os olhos pesados como chumbo, tenho visões distorcidas de um futuro certo porém distante. Converso com minha garota e ela também tá de saco cheio do trabalho. Precisamos nos encontrar. Mas por hora nem me concentrar num texto eu consigo, logo o zumbindo quase infernal do galinheiro ao lado me desfoca completamente. São comentários vázios, uma não tem preconceitos, a outra irá escolher o marido pelo sobrenome, o que raios isso quer dizer? Acho que não seria uma má idéia fazer uns trocados em Las Vegas e me aposentar precocemente. Compraria uma casinha no campo, eu e minha garota nos mudaríamos para lá e passaríamos a viver do básico, sem luxo porém felizes. A garota ao lado grunhe de felicidade, parcelou uma bota caríssima em cinco vezes no cartão de crédito. Isso realmente é o maior entorpecimento em massa que se pode dar conta. Eu mesmo devo estar entorpecido. No outro lado da sala, uma cadeira vazia reserva a presença nada imponente do meu chefe relapso, talvez o único real ponto positivo, sento, trabalho pouco, ele cobra menos e raramente me sinto pressionado. Isso é bom, é ótimo, exceto quando o peso da labuta diária cai nas pálpebras. devo ser um vagabundo esforçado.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Essa noite foi meio inquieta pra mim, sei porque acordei praticamente sem lençol, fronha ou travesseiro. Me mexi tanto porque procurava por você. Me virei uma, duas e infinitas vezes porque tinha esperança de pousar o braço em sua cintura quente. Tantas coisas acontecendo e o único real desejo dorme do outro lado da cidade. Agora vou me concentrar no trabalho, afinal alguém tem que trabalhar. Estou terminando de ler Cartas na Rua do velho Buk. Simplesmente foda. Eu não sou o maior fã de contos, por isso, o velho ainda não tinha me convencido, eu só tinha lido contos. Agora nesse Cartas na Rua, um puta romance! Fodido de bom. Recomendo e muito para qualquer um. Ando numa fase de escutar muito Dylan, porém hoje de manhã resolvi vir trabalhar escutando o Sticky Fingers do Stones... é... quando eles quiserem eles foram grandes... uma pena a banda ser uma montanha russa e ter só uns 4 discos imperdíveis. Não que tire o mérito, as pedras que rolam sempre estarão entre as maiores. Tá pra estrear o Linha de Passe, não sei se é a música do trailer, se é o histórico da direção, se é a proximidade geográfica, mas to muito afim de ver isso. E com tudo isso, ainda viro a mão e procuro a cintura dela. Dias perfeitos estão por vir. Hoje passei na frente de minha futura casa, vi uma máquina gigante com dentes de ferro arrancando terra. Bom sinal. Agora resta os caras começarem a subir o cimento, se precisarem de ajuda eu mesmo vou lá sábado ou domingo, faça sol ou faça chuva, se quiserem eu ajudo a subir os tijolos. O dia que esse apê ficar pronto será histórico. Pendências para a nova casa: quem conhecer um livro bacana com fotografias de decoração dos anos 50/60 me manda? Quem conhecer uma loja, feira, bazar ou qualquer coisa especializada em vender essas coisas me passa? Tirando eventuais feiras como a da Benedito... devo estar meio por fora, também conheço uma loja na Augusta... enfim, valeu.

Saudade é foda.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Relacionamento Pai X Filho

Eleições 2008 - Panorama: Marta, Alckmin, Maluf e Kassab. Resposta: Vote Nulo!

Marta Suplicy – Curiosamente, suas duas grandes obras, para ajudar o transito em SP, foram nas avenidas que cercam sua mansão no Jardins. Chegamos ao ponto da utilização de liminares junto à justiça pela oposição, para suspender as obras municipais, especialmente o "Túnel da Rebouças" e "Túnel Cidade Jardim", devido aos custos e a qualidade baixa das obras, oposição ou não, as obras foram extremamente superfaturadas e de baixa qualidade, sendo pontos de alagamento e até hoje não funcionam plenamente. Na passagem do cargo a José Serra, 500 milhões de reais em dívidas deixadas na prefeitura aparecem, obrigando o então novo prefeito a ciar um programa de parcelamento de pagamentos de dívidas da gestão passada. Frase celebre: “Relaxa e goza” a respeito da crise área que quase parou o país. Detalhe, ela estava embarcando em seu jatinho particular. Pra mim, um vulgo bebedor de cerveja e tocador de guitarra, ela não passa de uma vaca interesseira.

Geraldo Alckmin – Fora escândalo da Nossa Caixa, que não tem nada provado, o Alckmin não tem muito o que apontar. Ele amplio o Metro, mas até hoje ninguém sabe direito com qual devido cuidado. Aquela merda desabo e matou gente. Fizeram uma linha de Metro Suspenso em Santo Amaro que não se conecta a nada. Tem o caso Alstom também, propina e mais dinheiro público indo ralo abaixo. Verdade ninguém vai saber.

Maluf – Ma.Luf
adj+sm (lat latrone) 1 Que, ou aquele que furta ou rouba. 2 Que, ou aquele que de qualquer maneira fraudulenta se apodera do alheio; defraudador, espoliador, esbulhador, despojador. 3 Maroto, tratante. sm 1 Cano ou orifício das caixas de água por onde se escoa o excedente do líquido; tubo de descarga. 2 Vaso onde se recolhe o líquido que excede de um recipiente. 3 Broto que, nas plantas, nasce abaixo do enxerto. 4 Rebento vegetal que prejudica o desenvolvimento da planta. Fem: ladra, ladrona, ladroa; aum: ladravão, ladravaz, ladroaço, ladronaço. L. de estrada: salteador. L. de vela: morrão de torcida, que se inclina para um dos lados da vela, consumindo-a nesse ponto. L. formigueiro: o que se esconde para furtar e furta coisas de pouco valor.

Kassab – Proibiu putero, não tinha coisa melhor pra fazer não? Ele quer que as moças profissionais da vida não tenham aonde exercer sua profissão. Teve o lance da Cidade Limpa, o que foi ótimo, menos poluição visual. E agora é impossível achar uma loja na rua, em suma, uma lei exagerada e mal proposta. O cara meteu zona azul DENTRO do parque Ibirapuera. Enfim, apareceu perfeito por mero caso do destino, que o raio não caia duas vezes no mesmo lugar.

SOLUÇÃO – Vote Nulo. Vamos mostrar a esses merdas que não estamos nem um pouco satisfeitos com essa hipocrisia. É pra isso mesmo que serve o voto nulo. Chega de ser palhaço, votar e depois ver o cara só fazendo merda. Votar nulo é querer dar um recado com o seu voto. Por mais puro que o seu político seja, uma maça boa no meio de um saco de maça podres dá no que dá.

VOTE NULO e diga:

Meu voto é contra a podridão do cenário político atual e não contra este ou aquele político podre.
Não vai resolver nada, agora, pelo menos já uma tomada de consciência e um recado que tem muita gente insatisfeita.

Tem dia que eu quero é sentar e beber até de manhã com você. Tenho como bar ideal aquele na augusta, aquele mesmo que bebemos certa vez que eu não estava nada bem. Na verdade você bebeu e eu me contorcia de dor. É um boteco sujo de quinta categoria. Mas não quero que você entenda que não são todos os dias que quero beber. Então, te garanto, nosso dia de encher a cara vai chegar.

sábado, agosto 23, 2008

Eu queria ser ficção. Imagino que ficção não tenha a amarga espera pelo amanhã. Ficção como arte é um jeito poético de ver e descrever a vida. A vida por si só está cheia de entreatos que nos mostram o quão dependentes somos. Se não somos viciados na agulha e no seu gozo químico, somos viciados em alguém, em alguma coisa. Meu vício vem do nariz, preciso aspirar romance. Hoje passei um dia foda com a minha garota, temos vivido essa fantasia a alguns meses. Estou mimado, queria ter logo meu teto, e nós dois agora estaríamos debaixo de um belo cobertor. Mas não, minha vida não é ficção, ela tem todos os pormenores que um romance pode resumir em algumas páginas.
Tenho saudades do que ainda está por vir, seremos eu e minha garota contra o mundo, numa fúria e tesão jamais vistos. Que saudade de nós dois. A vida nunca esteve tão encaminhada, antes era uma bagunça, era caótica, triste, melancólica. Eu era daqueles caras tensos, não gostava de gente, mordia os dentes e xingava qualquer um. Porém, esse não era eu.
Quem era esse eu? Quem é esse eu agora? Eu sei que o anterior não era eu. O de agora eu não sei, mas eu gosto. Eu gosto e muito de quem eu sou agora. Nada mais de ataques, crises, chega de sufoco inútil. Que saudades do que nós dois ainda estamos por viver.

sexta-feira, agosto 22, 2008

A Caipirinha de Balde (Perfeita)

Constantemente sou atropelado por um caminhão azul com faixas pretas.
Achei que isso não aconteceria nas manhãs seguintes, mas acontece, nós românticos somos incorrigíveis. Nunca vamos aprender a lidar com o amor. Ele vem, nos abate e nos deixa pendurado de pernas para o ar. Ainda bem que agora tem sido todos os dias pelo mesmo caminhão. É assim mesmo, desse jeito que as coisas acontecem.
Passo o dia inteiro desejando ser o travesseiro no meio das pernas dela. E vou casar com ela, ela vai entrar o primeiro dia em casa, com uma saia e com as coxas de fora, vou ficar doido, vou morar dentro desse caminhão que teima em me atropelar. O bom é que ela sabe, e eu continuo sendo eu. Descontraindo, aí vai a receita da minha famosa caipirinha de balde, acreditem, vale a pena experimentar.

Juntar tudo em um balde:


  • 10 limões – cortar em quatro partes, retirando aquela parte branca no meio.

  • 150g de açúcar (Fica doce, quem prefere mais forte 100g, quem prefere mais doce ainda 200g).

  • Gelo, muito gelo.


Tudo no balde, usar uma colher de pau, um batedor de algo, qualquer coisa boa para bater o gelo e o limão no balde até ficar um belo caldo no fundo e os limões estiverem bem castigados.

  • 1 Litro de Pinga. (Velho Barreiro, Boazinha, qualquer uma boa...).

  • Na melhor forma de ponche, servir a galera e a festa pode começar.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Hearts & Cigarettes

Letra de uma música que estou compondo, que ilustra um pouco os contos do Luidou.

When She Comes Closer
I hardly understand why
Life is so meaningless
I'm such a old memory
You are like my cigarettes
That I smoke without regrets

For such guy like me
I girl so like you is enough
You said you need someone
I said you need me
You said you need anyone
I wish I was anybody else

Time is like a highway
I'm about to hit the road
You ask me to stay
Gave me a pen to write
But All I just got was
a pain inside my heart

I wish I could cry
With your hand in mine
My heart in your soul
A good taste in my lip
Some hope for tomorrow
I don't even give a shit

You are a troubled remedy, for a trouble soul
You are a goddess, for a faithless man
So, won't I go along? Before it gets too long
I have no time, so I have to sing a song.
I have no dime, so I have to stay.

Finally you got here
I'm in the same place
And your eyes feel pity
I just have no friends
I got to hold in the bottle
Before go complete insane

Now It's about Five A.m.
The telephone rang
You asked me to disappear
My heart is a-bleeding
The soul is lost
Someone burn my eyes

You are a finally gone, and finally killed
I indeed wave goodbye, before the end
So, won't I go along? Before you disappear
I have no time, so I guess I won't
I have no dime, so I have no chest.

I ain't man enough to stand

Se existir algum erro absurdo, favor avisar, preciso revisar com calma, mas mesmo assim senti vontade de compartilhar a letra.

terça-feira, agosto 19, 2008

Mini Reviews - Foxfire e Say Anything

Foxfire (Rebeldes) – Não é um filme perfeito, mas me causou um bom sentimento. Um gostinho interessante de quero mais. Eu gosto bastante de filmes que lidam com amizade, adolescência e o crescer. Surpresa pra Angelina em início de carreira. Acho que é exatamente como minha namorada definiu: uma irmã de alma do Conta Comigo. Guardada suas proporções, suas características são filmes que tratam de certa forma esse universo tênue das amizades no colegial. Gostei muito pelo que bateu comigo, os sentimentos, a nostalgia. 7,5/10



Say Anything (Diga o que quiserem) – Clássico absoluto, acabei por bater de frente com esse filme que havia se perdido na minha cabeça. Me identifiquei absurdamente com o filme na primeira vez que assisti. E estou afim de assistir novamente e com certeza todos aqueles sentimentos irão voltar garganta acima. Uma puta atuação do John Cusack e da Ione Skye. Não se pode esquecer da baita atuação do John Mahoney também, no papel do pai da moça. Primeira e melhor direção da carreira do Cameron Cowe, mesmo para os que torcem o nariz para o cara, aqui é cinema com c maiúsculo. Além de cenas históricas, possui talvez um dos melhores finais da história. Obrigatório. 9,5/10


segunda-feira, agosto 18, 2008

Acho gozada a linha entre realidade e ficção. A arte finge ser realidade, ou as vezes o oposto acontece, e a realidade imita a arte. Eu não sei aonde narro realidade e aonde escorrego para ficção. Uns podem me chamar de mentiroso, outros de artista. Nem um nem outro, apenas um ser humano que gosta de viver, gosta de ficcionar e gosta do inventado. Talvez, não, na realidade, muito provavelmente o que escrevo por aqui não seja um relato fiel, e nem deve ser. É minha visão torta de uma vida nem um pouco direita. Seria injusto contar os fatos como são, seria desonesto comigo mesmo excluir essa ficção que alimenta a alma.

Por isso, começo o relato escrevendo de um quarto de hotel vagabundo, ou melhor, do banheiro do quarto. Minha mulher dorme em paz depois de uma foda fantástica. Metemos muito bem hoje. Teve de tudo, aonde língua, pau, suor e tesão nos levaram a lua. Ela desmaiou e dorme feito um anjo depois que toda essa foda. Agora, as luzes apagadas, o cuidado em bater as teclas desse velho notebook, o silêncio desse velho hotel, tudo isso tem um toque único. O cheiro de sexo... e que sexo, será difícil de esquecer. Parece que a cada vez melhoramos mais. Estou com sono e fedendo a vinho barato.

Tem que ter muita bola pra assumir no peito uma coisas dessas. Vou casar com essa guria. Já comecei a pagar um apartamento para nós dois. Não é grande coisa, mas tá num lugar bom e vai ser nosso canto. Nada mais de hotéis com cheiro de motel, ou como eles preferem, hotéis de alta rotatividade. Teremos nosso canto. A levarei pra passear nos finais de semana, e aos domingos farei uma macarronada que aprendi mezzo com o velho mezzo sozinho. Se dá medo? Sim, dá um puta medo, um moleque que pouco passou dos vinte estar pouco se fodendo, não estar nem aí com o que o futuro pode estar reservando, depois da curva pode estar vindo um caminhão na via contrária, e aí, é tarde demais, perda total, lataria destroçada, ferro retorcido misturado com carne triturada. Não ligo, meto o pé no acelerador e vou seguindo essas curvas, feito Roberto na estrada de Santos.

Nosso apê tem tudo para ser de fato o paraíso, ele tem uma cozinha dessas americanas, com balcão e uma sacada bem bacana. Sempre vai ter uma garrafa de vinho barata na geladeira e não vai faltar música. Nessas horas a tecnologia impera. Já tenho tudo planejado, muita música num computador e um visual retro, meio anos cinqüenta, algo que remeta a uma jukebox. Um ou outro puff pra se largar e deixar a vida passar. Afinal, até respiro em paz de saber que ela dorme ao lado. O banheiro desse hotel é bisonho, pequeno, mal caibo e muito menos tenho espaço para sentar e digitar o que me vem a cabeça. Ao menos estamos juntos. Esses defeitos acabam por nem aparecer. Vou matar o vinho antes do amanhecer, e em breve acordo ela em brasa pronto pra mais uma.

Como é bom ser jovem, ter sangue correndo nas veias, ser devoto do ópio. Não o ópio de antigamente e sim o ópio do gozo sem pecado. É bom fazer as coisas da maneira que jovens amantes fazem. É bom sonhar, e é melhor ainda viver o sonho. Que se foda meus antigos lamentos, eram bobagem e hoje são lixo. Bati de cara num muro, quebrei os dentes e mandei o mundo a merda. Isso até ela me mostrar que os dentes haviam crescido novamente, e que eu podia sorrir. Essa casa vai chegar. Até lá, esses inferninhos irão presenciar muitas outras noites de sexo, gozo e álcool, pois luxúria ou não, eu gosto.

quinta-feira, agosto 14, 2008

Eu sei que você é um anjo. As calçadas estão cheias de diamantes e isso só aumenta o seu poder de brilhar. Como uma caixinha de jóias raras, você me deixa cheio de borboletas no estômago. Só queria que de alguma forma eu conseguisse chegar mais perto. Eu vejo carros em minha volta. Acho que estou flutuando numa bolha gigante. Eu nunca vou sair dessa vivo. Me sinto preso numa tipo exótico de sonho lisérgico, eu tento manter minha cabeça no lugar. Pena que ela cai rolando e se perde na ladeira da memória, desembocando no córrego das almas. Logo ali antes da Nove de Julho.

Eu não posso garantir que isso seja realidade. Enquanto você caminha na sua calçada de diamantes nada faz sentido. Isso é um devaneio na forma de texto? Um texto destruindo minha realidade? Um autor insano cuspindo na minha vida? Ou uma sútil mistura de tudo isso? Tão sútil e sexy como escoar pelas coxas de uma bela mulher. Ela caminha e brilha, eu flutuo nessa bolha imensa. Gostaria que fosse uma bolha de champanhe.

Vejo além da Paulista o Mar. O belo e infinito mar. A bolha acelera e me leva até um pequeno porto que teima resistir as fortes ondas. Além do alcançável lá está você. Uma estranha na cidade, agora perdida no mar revoltoso. Estou suando feito um porco. Um velho segurando uma pequena corda, na outra ponta um barco tão velho quanto ele, os dois se misturam. Me jogo na velha embarcação. O velho e o mar se separam, eu destruo essa tênue afirmação e vago no oceano em busca do brilho das pequena caixa de jóias entristecidas.

Remo ondas homéricas e me defendo de gaivotas assassinas. Desbravo o mar como um real marujo. Minha cabeça ainda está se afogando lá atrás, no córrego das almas. Aqui só o corpo decapitado rema contra a razão e busca o brilho que se esvai logo aquém do meu alcance. Eu ascendo de conquistadores, de desbravadores dos mares. Nada é muito. Como um beijo, um beijo nunca é muito. Esse mar podia ser sua boca.

Não saio mais do lugar, me perco em remadas cegas na areia. Um deserto insalubre e castigado pelo sol incessante. Não deve existir noite aqui. Eu queria abraçar uma nave branca e navegar noite adentro, mas o sol está sempre a pino, não adianta. Delírio, miragens, tudo que vivo é um eterno playback. Veja bem, não existe banda. Não existe mais nada que me apeteça. O brilho dela é ofuscado pelo céu azul como um comercial de cigarro. Se ao menos minha cabeça tivesse sobrevivido fumaria agora.

Do chão sofrido, areia e terra seca vejo uma fenda. Passa pouco mais do que dois dedos, Começo a derreter e me adentrar naquele paraíso aonde o sol não brilha. Porra, cade a banda? Cade todo mundo?Nem Dom Quixote passou por tanta insanidade como eu. Uma cachoeira fria e inconveniente me enxurra esse pedaço de tronco sem desejo. Não convencido da boa fortuna de uma cachoeira no deserto, tento chorar... um brilho aumenta, a fenda, o deserto tudo começa a ficar nebuloso.

Abro os olhos, um chuveiro, um rosto familiar, Paulo? Desprotegido. Estou nu no chuveiro do Paulo, que porra é essa? Por cima do ombro dele, vejo a garota do brilho. A caixa de jóias. Aquela fenda maldita deve ter me jogado pra cá. Sempre achei o Paulão um cara estranho, mas uma fenda no deserto interconectando seu banheiro me parecia demais. Pelo menos ela está ali, ela... ela é a Ana... como pude me cegar e não perceber isso antes? O Paulão. Espera, eu tenho cabeça. Está bem acima do meu pescoço, de onde supostamente não pode sair.

“Você tem que maneirar na bebida”

Minha roupa está jogado sobre o vaso sanitário, me deixam sozinho e ouço alguma discussão forte, palavreado tenso, mas o sentido das palavras me escapa. Quando as coisas começam a se normalizar dentro de mim, resolvo me vestir, estou com uma puta dor de cabeça. E de fato não existe deserto, estou na casa do Paulão, quantas e quantas vezes não dormi por aqui. Impossível de não reconhecer. Me visto.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Mundo acadêmico. Porque será que todo primeiro dia de aula eu acho que vou estudar? Foi assim na quinta série, porque convenhamos, antes é uma grande brincadeira a escola, foi assim no primeiro colegial, foi assim no primeiro dia de faculdade e foi assim ontem, no primeiro dia de pós graduação. Será que todo mundo leva os cursos tão na barriga quanto eu levo? Doce ilusão, eu realmente achei que poderia levar a pós com empenho e boas notas. Cheguei em casa com afinco de ler assuntos comentados. Me distraí no Henry Miller e hoje nem lembro o que foi dito ontem. Acho que meu negócio é putaria mesmo. Meu sangue tá sentindo falta de álcool e meu cheiro tá um lixo sem a mistura perfeita de suor meu e dela. Que raios fui fazer numa pós graduação? Enfim, vamos ver no que dá. O mínimo é suficiente para me fazer continuar. O imenso gozo que é terminar um curso sem o menor esforço. Ou não, quem sabe dessa vez eu não dou o sangue. Confuso.

terça-feira, agosto 12, 2008

Coringa

“Eu realmente pareço um cara com planos? Você sabe que eu sou só um cachorro perseguindo carros… eu não saberia o que fazer se eu alcançasse o carro. Você sabe… eu só faço as coisas. Planos? A máfia tem planos. A polícia tem planos. Gordon tem planos. Eles são todos schemers (esquematizadores). Sempre tentando controlar seus pequenos mundinhos… eu tento mostrar para os schemers o quão patéticas são suas tentativas de controlar as coisas. (…) Você era um schemer e olha onde isso levou você. (…)”

Hits do Colegial.

O fim pesa toneladas. Lembro-me do colegial, uma dorzinha chata que prevê a despedida. Acho que no colegial a maior aproximação que existiu entre todos nós foi com o violão. Ou era eu no comando das cordas, o grande Luís, ou mesmo o Paulão. E as meninas cantavam de tudo. Ainda devo saber os acordes de Ironic que era sem duvida uma das mais pedidas. Talvez o fato mais hilário era o Paulão e eu, tocávamos Led Zeppelin e Deep Purple como se fosse recém inventado. E quanta melancolia descabida não jorrava quando puxávamos More Than Words. E digo sem medo, era a coisa mais sincera que podíamos chegar naquele momento. Eu pessoalmente, nunca fui o real músico da turma. Eu era o figurante. Mas adorava ver as meninas soltando a alma em canções e melo românticas. Tinha o grande Daniel também, amigo de todos, ele gostava também de reinventar a roda comigo e com o Paulo, para nós, a descoberta de um lado obscuro de um LP antigo era ouro. Onde será que tá todo mundo? E porque será que bateu essa nostalgia do que já foi? Do velho pátio coberto. Da turma, Samer, Alain, Lucas e o Diego. Obviamente na roda não faltava Wish You Here ou Sweet Child O Mine. Das meninas tinha a doçura da Déia e da Luca, a malandragem da Cibele, e a amizade de tantos outras que minha memória nem de perto se recorda. Lembro que as festas na casa do Dan ou na chácara do Diego tinham uma química de anos 60, nos salões de festa, numa aposta idiota envolvendo álcool, ou no maior frio de minha vida. E como sempre, no violão que encantava as rodas. Stairway To Heaven, sem vergonha, do começo ao fim. Nostalgia. Tempos que passaram e que não vão voltar.

segunda-feira, agosto 11, 2008

É crônico um amor desses. Tô numa dessas. Digo sempre “Eu te amo”, sou sincero. Coação do coração. Irresistível e insustentável diante a tamanha musa...

Queria uma foto dela, seminua, guardaria dentro do meu livro de contos do Tennessee Williams. Abro vez ou outra, leio Um Passatempo de Verão, trilha sonora do Miles... mas ela não se chama Maggie e eu não tenho câncer.

A verdade é que me resta sair na torradeira (meu carro) por aí nesse país enorme, purgar um passado limitado e tosco, viver dez anos e me considerar satisfeito. Sem muita enrolação: parar no porto, ver o mar, comer umas iscas de peixe e tomar uma cerveja, tudo isso acompanhado pela minha gata.

P.s. 1: Uma isca de peixe a beira mar sem compromisso com nada é bom demais. Temperada com um limão e com o pé enfiado na areia. Bons ventos.

P.s. 2: Ando sofrendo de falta de tesão com a atual safra de livros que estou lendo. Comecei (novamente) Trópico de Câncer, já me deu no saco, esse cara não me convence. Mas vou até o fim. Ontem eu li um dos contos do Cortázar. Nele existe uma metáfora bonita sobre a solidão. Somos árvores, troncos estáticos e isolados, no máximo nossos galhos fazem um leve contato com outros galhos. Acho que é isso, a diferença está no valor que damos a esses galhos.

domingo, agosto 10, 2008

Todos os dias da minha vida, eu procuro a banda definitiva. Na maioria das vezes, minto, quase sempre eu penso que acho. E normalmente, nem cinco minutos se passam e eu sei que não achei nada. Aí vem esses sites, tipo allmusic.com. Você entra e procura informação sobre uma banda, então logo descobre que outra banda obscura tem um som parecido. Vou lá, baixo e escuto. Salvação da música. Cinco minutos. Nada demais. Volto pras bandas de antes. Tá ficando uma loucura esse papo de música. Existe uma nova categoria: as bandas que até agora agradam, porém, indiscutivelmente serão esquecidas em breve, o caso atual é Drive By Truckers. Rock meio country, é bom, mas para por aí. Mas é bom. Aí me pergunto se devo fazer música. Eu tento, até as vezes acho que estou fazendo algo bom com minha banda. Será? Ainda não deu pra chegar a uma opinião. Mas parece um negócio bom. Aguardem.

sexta-feira, agosto 08, 2008

Acordei fedendo álcool, ainda deitado busquei o controle do rádio em meio as bitucas de cigarro no criado mudo. Play. Jeff Buckley. Esse cara é um filha da puta, ele sim sabia de tudo que eu estava sentido. O que me resta é esperar no fogo mesmo. Ver se me queimo, ver se voltando as cinzas organizo alguma coisa na minha vida. Ela é minha mulher. Eu não quero dar um último adeus e partir pra outra. Minha vida não é um produto descartável. Uma vez rompido o lacre, deve-se utilizar até o fim, aproveitar o máximo, uma vez jogado no lixo não vão lhe dar um novinho em folha. Meu coração não é fast-food. Porra, beije-me. É pedir muito?

O vizinho tá movendo a mobília da casa. Essa cidade é sufocante. Eu achei que isso não poderia acontecer comigo. Estou largado aqui. Acendi outro cigarro e me sentei na cama. O sol batia forte na janela do quarto, aquilo era um forno e o vizinho fazia uma barulheira infernal. A minha cabeça ia explodir a qualquer momento. E as memórias de nós dois, memórias de algo que nunca aconteceu... você me deu algo, me deu algo que nunca soube estar dando, e agora arrancou a mordidas. Queria poder superar esse muro. Talvez não seja possível uma vez que você, de fato, não me conhece bem. Por favor, me beija, com desejo, com ardência, nada de pena.

Meu pai grita lá debaixo, quer ajuda na oficina. O velho manja das coisas, achou a mulher da vida dele, é apaixonado, faz o que ama também, um espanhol foda. Queria que esse mesmo sangue que corre em nossas veias me trouxesse a mesma sorte que ele teve. Pego o telefone e disco para ela. Caixa postal. Me levanto, o homem tá uma fera, passou do meio dia e temos um carro pra entregar logo mais. Me jogo no chuveiro pra curar a ressaca. Eu daria todo meu sangue por uma palavra de carinho sincera saída da boca dela.

A água gelada enxurra minha nuca e olhando pela janelinha vejo a chuva caindo lá fora. É mesmo um lamento pelos jovens que deixam o amor escorrer pelos dedos. Mas acontece que hoje você está tatuada na minha alma, eu não tenho outra opção se não enfrentar meu destino. Sim, sou muito jovem pra suportar uma situação dessas, mas também velho demais para deixa-la de amar. Será que tenho que esperar e descobrir que não fui feito pra ninguém? Besteira! Ela é minha, fui feito pra ela. Você devia vir em minha direção, não é tarde. Solitária é a minha cama desarrumada, eu sou sonhador é diferente.

Nunca acaba. Eu daria todo meu reino por um beijo no canto dos lábios dela. Não, realmente nunca acaba. Eu queria a doçura do sorriso dela. Olho pra baixo e vejo meu pau flácido pendendo sem desejo, nem ele tem vida sem essa maldita. Eu sou jovem demais pra isso. Mas vou atrás. A água escorre sem dó por todo meu corpo, da mesma maneira que o desejo e amor incondicional escorrem pela minha alma. O Jeff ainda canta lá no quarto. O velho grita da oficina e o vizinho redecora a casa. Eu sinto estrelas na minha barriga.

Jogo uma roupa no corpo e escoou escada abaixo. Jogando um cigarro na boca, sem nem me preocupar de acender, passo pela oficina, ele pode esperar. Até minha bike pode esperar, saio caminhando mesmo. Irei até o serviço dela, no horário do almoço e confrontarei meu amor. Todas essas lágrimas que eu chorei vão secar, será um novo começo. Ela vai ver a verdade no meus olhos, me desejar e eu serei dela, e ela minha. É cedo e tenho todo o tempo do mundo, vou caminhar até o outro lado desse rio morto. Acendo o cigarro, passo no boteco da esquina e vejo uma japonesa, por um segundo minha mente prega uma peça. Essa é mais alta, não tão bela, não é nada que minha amada é. Não vou deixar minha alma se enganar por outra. Meu coração não é de ferro, mas darei um jeito.

Meu amor é uma rosa morrendo, perdendo as pétalas e murchando sem água. Pouco importa, basta um sorriso dela. E minha rosa floresce mais bonita do que antes. Sento num muro na frente do estacionamento e fumo o quinto cigarro da manhã. Minha vida tem se resumido a quantos cigarros fumo até ser homem e encara-la novamente. Em uns dez minutos ela deve estar saindo. Esqueci o Jeff tocando no quarto, até que é uma boa, um pouco de alma naquela cama solitária. Eu vou precisar dela para sempre. Eu sei disso. Cinco minutos. Ele deve estar cantando tudo que sinto agora, ele sempre está cantando tudo que eu sinto, agora mais do que nunca. Próximo do portão vejo um rapaz de costas, a camiseta do Sonic Youth, a fúria toma meu corpo, quando resolvo reagir, vejo que não é um rapaz. Todo mundo veste o Sonic Youth, todos aqui amam ela, e ela ama a todos. Eu sou a variável fora da equação.

Mordo o lábio com força até sentir o sangue preencher minha boca. Essa vida eterna de um estrupo atrás do outro. Sim, ela estupra a porra da minha alma todos os dias. Chuto uma lixeira e cuspo um beijo no ar em direção ao prédio daquela vaca. Você pode até ser meu amor, mas não disputarei atenção com todos esses rostos sem face. Uma multidão de engravatados começa a preencher toda a rua, me perco naquela mar de gente. Infiéis. Morte, esse inferno é demais pra um jovem como eu. Aonde está meu amor? Aonde está minha felicidade? Meu lábio sangra, eu cambaleio no fluxo do mar de gente e deságuo num boteco sujo. Peço pinga e bebo muito mais do que uma vida eterna pode agüentar.

“Luidou?”

Aquela maldita estava na minha frente. Queria quebrar o copo de pinga na cara dela, e fatiar aquele lindo rosto. Não controlo meus sentimentos, choro compulsivamente antes de conseguir falar qualquer coisa. Ela parece nitidamente atordoada, mas deve ser meu coração bêbado imaginando coisas. Ao me levantar vou direto ao chão e logo trato de me escorar no balcão e forçar uma risível tentativa de que nada aconteceu. Ela ri. Eu choro.

“Você me ama?”

Choro e desabo novamente, desta vez sobre o balcão. Turbilhão, a mão dela na minha nuca. Na minha mente seus lábios nos meus. Meu sexo pulsa por desejo de sua carne. Eu não tenho controle do meu corpo. Choro, soluço, sangro, apago minha alma, apago minha consciência. Eu sei que acabou, mas eu continuarei escalando essa cama imensa e vazia. Eu queria saber porque estou sozinho hoje. Se eu sou boa pinta como ela diz, se eu sou encantador e cheio de qualidades porque vou pra cama sozinho? Eu sei porque. Porque hoje é igual a qualquer outra noite. Desmaio ali mesmo, indo de cara no chão. O amor era pra ser natural e real, mas pra ela não. Nem hoje, nem para alguém como você e eu. E a guilhotina cai.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Manifesto: Política e Dinheiro.

Existem pelo menos duas coisas que eu odeio. Tenho verdadeiro asco. Dinheiro e política. Já tem alguns anos que optei por ser apolítico e desde então sem peso na consciência voto nulo e fico leve com tal atitude. Saio pisando firme do local da eleição, sem peso algum referente a esses canalhas que querem mandar no Brasil. Minha parte foi feita, eu não colaboro mais com isso. As eleições pra mim, sinceramente, não passam de um feriado bianual. A natureza do ser humano é contraditória em relação a a política. O senhorio tem que ser muito divino pra realmente botar o povo a frente de seus interesses e buscar um “país” melhor. Acho sim que todos roubam. Comparo a política atual a uma grande possa de lama, é entrar e se sujar, uns pulam de cara outros tentam passar só sujando os pés, porém todos sabem que é impossível sair limpo de lá. Solução: não sei. Desde que não me encham muito o saco com leis do tipo a lei-seca eu continuo minha vida com minha música, minha garota, enfim, minhas coisas. Não acho que anarquia seria a solução. Acho que no papel, tanto o socialismo, a democracia, o código de ética e tantos outros jargões funcionam que é uma beleza, mas não sai da prancheta. Acho que tudo é um grande processo de auto-destruição mesmo. Não fomos feitos para evoluir e morrermos uma vida, desculpem o pleonasmo, bem vivida. Fomos feitos pra destruir tudo que foi dado no momento que a porra entrou na mulher e fecundou o óvulo. Cabe a nós destruir da melhor forma possível. Eu estou muito satisfeito com meu nível de autodestruição, acredito sim até ser uma exceção, não estou tão degradado assim, passo facilmente por uma criança de sete anos.

É nesse vazio do bolso que todos meus pensamentos focam no orgasmo. Vivo pra gozar a vida, e gozo muito seja na minha garota ou no meu ego. Minha verdade é essa, eu não uso muletas como Cristo ou Buda. Acho que também pouco me importa como um sujeito busca chegar nessa verdade, desde que chegue, agarre e viva de prazer sua morte pré anunciada. Tudo isso me leva ao meu ódio por dinheiro. Se existe algo que odeio fazer é cuidar de dinheiro. O que chega a ser contraditório levando o fato que eu gosto de trabalhar. Uma coisa não excluí a outra na verdade. Sempre fui desprendido a grana, se tivesse guardado tudo que passou pelas minhas mãos, hoje seria um homem muito mais infeliz. Correr atrás de dinheiro ou focar a vida nele é a pior cagada que alguém pode fazer. Gosto do meu trabalho, gosto do que faço mesmo. Nem sempre podemos concordar com todas as imposições que temos para exercer o que fazemos de melhor. Não gosto da realidade crua, de fatos desnudos, mas a vida é isso. Acho que gostar do que faz é recompensado por uma oportunidade de morrer com um pouco mais de dignidade. Vou chegar no gozo uruguaio, nas drogas europeias e na comunhão perfeita do meu esperma e alma com a minha garota. Isso é objetivo. Agora por favor, não me venham falar de dinheiro e política. Grato.

terça-feira, agosto 05, 2008

Eu podia sentar e escrever textos e mais textos sobre a insegurança que o sistema impõem sobre nós. Sobre o quão humilhante é ter que implorar que uma instituição cuide de seu dinheiro. Podia mandar um foda-se bebericar um velho uísque na sacada de casa olhando a chuva que finalmente banhou a cidade. As vezes as coisas realmente perdem um pouco o sentido. Por exemplo, ouvir esse velho disco Dylan não me presenteia com o mesmo frescor que antes. Ou acha que eu não saquei? Temos que ser espertos nessa vida. Ou ela engole e nos caga antes mesmo de qualquer defesa. É foda admitir que vivemos tão ou mais presos do que os escravos de ontem. E nunca me esqueço disso. Do fervor juvenil de mandar tudo a merda e me considerar um revolucionário irreverente. Hoje o que sou? Nada. Todo mundo continua. E temos que continuar. Tenho minha nova filosofia. Se é a coisa certa a se fazer? Ninguém sabe. Isso não é um lamento, muito menos literatura, isso que você está lendo é um insulto. Sou tão vulnerável quanto um cão acuado. E na situação que me encontro, o que resta é cuspir nos agressores. Mesmo porque não ensinam outra coisa a não ser latir. Esse texto é um latido. Ao menos um latido apaixonado e renovado de crenças. Que se foda a revolução. Que se foda o barulho. Vou fazer óbvio. Ir em frente.

segunda-feira, agosto 04, 2008

Eu acordei ainda meio entorpecido, olhei pro teto durante um tempo e sentia aquela espécie de angústia. Ninguém tem merda nenhuma a ver com isso. Me arrastei até a cozinha e tomei uma longa xícara de café, e isso porque não sou de cafeína. Pensei: “Preciso aprender a viver um dia de cada vez. É um fato, não devia ficar devaneando tanto a respeito do futuro.”. Percebi um pedaço de bolo amanhecido e comi antes de sair pro trabalho. Sorte é que a música salva, remédio pra alma atormentada. Quero tudo, e quero agora, meu velho lema, quero porque quero. Minha vida é foda, tenho que ir com calma, não quero mais sonhar com ela e acordar sozinho. Quero acordar todos os dias do seu lado, me contento em saber que ela também quer isso. Mas por hora esperemos. Nossa hora vai chegar.