sexta-feira, janeiro 11, 2008

Albert Camus - O Estrangeiro (The Stranger)

O que pode ser pior do que a total falta de sensibilidade? Pior do que um mergulho em uma alma absolutamente desprovida de sentimentos e razões de existir. Uma arma que poucos conseguem compreender e muito menos conseguem conviver com algo assim. Talvez esta seja a mensagem mais forte que este grande livro de Albert Camus tenha me passado.

Fiquei um tanto quanto conturbado com este livro, pois como uma obra de arte, pode ser a manifestação do não-sentimento? Até então sempre tinha tido a visão limitada e ortodoxa de encarar a arte como reações exteriorizadas de nossos sentimentos, seja na forma da escrita, música, teatro, pintura ou qualquer forma de arte. Arte pra mim era o sentimento registrado de alguma forma. Então este tapa na cara me faz sentir uma criança de volta as fraldas. Arte como mostra do não sentimento.

O primeiro ponto que nos salta aos olhos é o a frieza e a tal falta de sentimentos do protagonista. Chega a nos causar um certo mal estar, e é incrível quando paramos para pensar no feito realizado pelo escritor. Esse mergulho ao mar vazio que é está obra só nos leva a refletir sobre nos mesmos, atingindo um objetivo fundamental que é o questionamento de si mesmo, por meio de uma personagem totalmente relapsa ao que hoje ousamos chamar de vida. Quem está errado? Ele? Nós?

Será que realmente somos apenas animais irracionais e que criaram alguma piada de mal gosto que é achar que temos mais a fazer do que simplesmente vivermos nossas pacatas vidas?

O enredo deste, que talvez esteja entre os livros mais sensacionais que já li, pouco interessa. Um sujeito qualquer, com uma vida qualquer, sujeito a inércia que o leva aos fatos mais diversos. Leia.

Um comentário:

Franciele Cristina Freire disse...

É realmente incrível este livro.

Somos todos fantoches de uma razão a qual o homem resolveu chamar de social?
As buscas pelas quias vivemos, toda nossa existencia. As conversas que nunca tivemos e as questões que nos propuzeram, valeram o tempo que perdemos respirando?
E o tempo?! Ah, o tempo realmnte existe? Daqui a quanas horas estaremos na forca? Quantas cordas irão utilizar no fm deste martirio?


No entanto, cabe ressaltar que o assassino era Mersault e não o arabe! Vale a pena, então, nos preocuparmos com o motivo dos atos, com a sequencia dos fatos, com o despertar das posições. Pobre coração! Vai morrer com o deparo de cinco tiros a queima roupa, pelo simples ofuscar dos raios solares. To be our not to be? It's the life.




" Ancoras... Velas...

Quais me levam?
Quais me prendem? "

PS: Momento nada a ver da minha vidinha pacata, encontrei o post e comentei sem pensar (sem pensar?!).