Minha força é saber que muitos dos meus defeitos sustentam o que sou. Não tenho o menor medo da escuridão trazida pelas tempestades, pois sou escuro como a noite. Nem quero que pensem que ser simples é pouco caso, pois está atrelado a muito trabalho. E essa busca hedionda por entendimento, demora demais para acostumar-se com a idéia que a vida vai muito além de qualquer entendimento, é necessário por vezes viver o inexplicável. Então o que é que me mantém escrevendo, se a busca por entendimento não se faz jus? Acredito que seja a quantidade cada vez maior de perguntas que brotam em meu peito aberto. Acho que inventar a verdade fantasiada é o maior trunfo de quem quer viver como rei. Me livrem de viver passivamente as explicações pastorais sobre o universo. Prefiro eu, dono de mim, inventar minha verdade. Simples como: eu acredito no amor, pois logo, fez se o amor. Porém amor é pouco, é quase nada diante do que eu desejo. O que eu desejo tem nome, cheiro e textura. Tem o cabelo de um leãozinho e a boca de uma índia. Indaga sobre a mesma falta de sentido que avassala aqueles que tentem por excelência, ou não, serem seres humanos. Foda-se o que acontece no mundo, tendo o que eu desejo, basta saber o que acontece em nós dois. Não vou me deixar levar pela ânsia de acertar, vou me deixar levar por ela. Quero é capturar e sequestrar a instância do tempo, e assim me trancar no nada, longe do barulho, das regras e da sociedade, pra lá, levarei apenas ela. É... só mesmo na abstração máxima que o amor faz da vida, que se sente, que se capta essa interrogação vibrante e única. Tornar o incontável, medido dentro de um olhar, bem maior que a vida em si. É tão difícil materializar o amor, essa estrela que dança no ar feito uma bailarina. Acho que só chegamos perto de tornar tangível quando sentimos o arrepio fugaz que nos percorrer ao menor toque dos dedos dela. Esse texto quebrado e sem sentido, só pode ser finalizado com as palavras de Clarice: “Minhas desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio”.
quarta-feira, janeiro 30, 2008
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Um comentário:
Boas
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