Sinto-me abalado, afinal, minha grande paixão que é o mundo, sob a escuridão, está sendo defrontada por outra. O que é ótimo. Quando nos vestimos naquela manhã quente de feriado, ela me olhava com os olhos brilhantes. Beijei-a. E desse momento em diante, passamos por um longo e profundo silêncio. Apertei-a forte contra meio peito, e tinha pressa de que aquele momento não acabasse. Queria voltar pro aconchego da cama e das carícias dela. A janela tinha ficado aberta, era bom saber que a manhã escorria adentro do quarto e que nossos corpos combinavam de forma tão primorosa um com o outro.
Era incrível como não buscávamos a amarga filosofia que se tira da grandeza eloqüente de tempos memoráveis do passado. E sentia-me roubado, assaltado por lembranças de uma vida que não mais pertencia somente a mim. A volta das mais tenazes e suaves alegrias: cheiros de verão, céu da metrópole, silêncio casado e música do avesso. Acabo por sentir o tempo todo o peso da luz, o peso da música, o peso da recordação não vivida ou da frase nunca pronunciada. O peso imaterial da solidão devassa que toma conta quando ela se vai. Tudo até que ela volte e recomece este ciclo vicioso.
terça-feira, janeiro 29, 2008
Próxima parada - Apiaí
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