segunda-feira, janeiro 28, 2008

Quarto 1064

Foi no quarto 1064 que conheci o quão selvagem pode ser o amor, a ambição e o desejo incontrolável de se viciar na mais perigosa das drogas. Faminto de vida, histérico e totalmente desgovernado, sem rumo, jogado de lá pra cá. Me sinto sugado pelo buraco negro da noite paulistana, em busca de mais um pico dessa doce droga. Frutos da minha mente louca, não param de nascer a cada instante, tudo envolto da fumaça de um bar decadente do centro. É nesta engenhosa noite que as engrenagens quase não se fazem girar, onde teimam em girar mesmo contra a vontade destes dois que desafiam a própria física. Me sinto miserável e ao mesmo tempo sagrado. Doente e sem ar. Contemplativo a mais dissoante das notas de um Jazz enraivecido que toca no fone de ouvido. Queria viver algo que nem Joyce conseguiu imaginar.

Naquela noite, deitado na cama de um hotel na Consolação, quase no centro de São Paulo, era uma noite importante em minha vida, tinha uma decisão a ser tomada. Ou eu pagava a conta e sumia do mapa como sempre meus demônios me aconselharam a fazer, ou eu encarava de frente o que estava por acontecer. Fiquei para ver, e vi. E agora costumo pensar o tempo todo na garota que estava naquele quarto comigo aquela noite. Jovem, faminto, fora do comum e tentando ser alguma coisa. Mesmo constantemente achando que nada tem relação comigo, talvez eu, tenha errado.

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