Públicado em 1938, talvez esta seja a maior obra de Graciliano, ou pelo muitos a consideram tal. Com um enredo simples aonde vemos uma família tentando sobreviver ao bravo sertão nordestino, somos carregados a conhecer um pouco mais dessa cultura as vezes tão ignorada neste nosso enorme país. É interessante ver o recurso utilizado pelo autor em narrar sua epopéia em terceira pessoa, uma vez que suas personagens são simples e não teriam a riqueza necessária para se comunicar com o leitor, essa narração cria um elo de introspecção muito maior. Mesmo tendo um protagonista em tese, podemos observar que a história muitas vezes segue uma ordem por vezes aleatória e mesmo a cadela da família recebe a devida atenção.
É interessante ver como os capítulos são independentes e podem ser lidos como contos isolados, o que é verdade, afinal o livro nasceu do conto “Baleia” que foi públicado em um jornal e devido a repercussão gerou em Graciliano a vontade de escrever o romance. Mesmo o linha temporal é bastante relativa, sabemos apenas que os dias e anos passam, agora quantitativamente não temos a menor idéia.
Uma idéia que tenho sobre está obra é que G.R. construíu tudo de forma fragmentada usando de espelho a propría vida dos sertanejos. Nos romances mais tradicionais existe uma evolução dramática que é resultado da interação do homem sobre o mundo. Aqui temos mais uma interação do mundo sobre o homem, que é posto no lugar de vítima.
Fato marcante é que mesmo toda fragmentada e descontínua a obra ainda sim apresenta uma enorme coesão. Talvez fruto da estética bruta e seca da narração, ou de recorrências de certos motivos que vão e voltam através de toda a obra.
Um marco da literatura Brasileira, altíssimo nível.
quinta-feira, dezembro 27, 2007
Vidas Secas - Graciliano Ramos (1938)
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