Não, não creio em poeta. Capturar um efêmero minuto do mundo é um ato maior do que um substantivo pode qualificar. Dizer que os lábios úmidos dela são como frutos mordidos não é mérito de poeta. É feito de sentimento escutado. É processo de alfabetização sentimental de uma raça praticamente desconhecedora dos estranhos e prazerosos caminhos da alma. É engraçado como cada vez mais ignoramos os silêncios que combinam perfeitamente entre duas pessoas. Em uma sociedade com tamanha massificação de idéias e conceitos, creio que existe até uma alma coletiva como Quintana sugeriu certa vez. Acho que a grande vantagem não é olhar para os lados e buscar ser diferente, e sim ser indiferente. E esse mistério evidente que é o inexplicável acaso de dois estranhos em uma noite suja? É algo tão óbvio, que consegue não ser chato como a realidade. Creio que apartir dessa previsibilidade é que temos o gostinho incrível que é o descobrimento de uma nova forma de se observar. É bom sentir o sangue correndo.
segunda-feira, dezembro 24, 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário