quinta-feira, dezembro 13, 2007

Pacto Maldito - Mean Creek (2004)

Direção - Jacob Aaron Estes

Por mais inocente que as vezes parecemos, todos temos algum segredo. É sobre essa premissa que Jacob desenvolve um filme pra lá de intrigante. Circulando os canais da TV a cabo, me deparei com o filme ainda nos créditos iniciais, como todo bom cinéfilo não resisti e resolvi conferir ao menos os primeiros quinze minutos, quase duas horas depois ainda estava lá acompanhando uma bela história que apresenta a verdade crua e nua.

Primeiramente Rory Culkin consegue dá um banho em atuação e definitivamente se mostra uma grande promessa como ator. Sem deixarmos de lado o trabalho bárbaro de Josh Peck, que faz o papel de um garoto solitário porém não menos temido na escola em que estuda, típico "Bully" como os americanos costumam chamar, traduzindo, aqueles metidos a arranjar confusão na escola e que gostam de abusar dos mais fracos. É incrível como Josh chega ao ponto de fazer agente se simpatizar pelo personagem dele, isso sem termos muita história do passado dele, tudo apenas com uma atuação sensível, realista e tocante. Rory protagoniza o papel do adolescente que constantemente é amolado pelo arruaceiro da escola, mostra bastante sensibilidade e um carisma cativante.

O filme é bastante inteligente e nos levanta diversas reflexões sobre essa época tão turbulenta que é a adolescência. Basicamente o roteiro decorre sobre a vingança que o irmão mais velho arma para o garoto que bate em seu irmão mais novo na escola. O que poderia nos jogar num imenso vale de clichês é salvo por uma grata surpresa de personagens que fogem do caricato e uma profundidade dos personagens bastante interessante e uma louvável discussão sobre moral, sem ser piegas.

Grande destaque mesmo para o elenco mirim do filme, como já citado os dois atores anteriormente, ainda temos a coadjuvante Carly Schroeder em um papel de uma garota que cai no enredo sem ter idéia de onde está se metendo. Ela dá um banho de atuação e se mostra muito mais madura do que a pouca idade poderia supor.

É de fato um perturbante porém belo retrato da adolescência. Uma história simples contada em diversas camadas complexas aonde culpa, humilhação, pesadelos e vingança fazem parte de todos os personagens. Uma história sem heróis e sem vilões exatamente como a vida é. Tudo isso torna o filme bastante único, fica até complicado de catalogar algo assim. A atmosfera, mensagem, emoções e atuações são tão reais que é impossível não sentir um belo tapa na cara ao final.

Uma das maiores armas que pode existir é a culpa, que pode se transformar numa paranóia insustentável. Por menor que sejam os atos, ou mesmo por mais inocentes que sejam as intenções, sempre acabamos por correr o risco de escorregar em algo que pode nos manchar para sempre. E carregar esse fardo é tarefa mais do que complexa para qualquer um, independentemente de idade ou sexo.

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