É engraçado o fato de que ao ser indagado a respeito da dificuldade e as vezes necessidade de ler a obra duas ou três vezes Faulkner responde: "Leia quatro vezes.", uma resposta assim seca e direta. E o que mais surpreende é o fato que ele está certo, alicerce da nossa ficção moderna, este livro não é nem um pouco fácil. O enredo é bastante simples se formos analisar friamente, é a história de decadência de uma das muitas famílias, aristocratas do sul dos Estados Unidos, que viram seu pequeno império ruir com o fim da escravidão.
O livro é dividido em quatro partes bastante distintas, cada uma delas é narrada por um dos irmãos da nossa decadente família. O que mais nos impressiona é que tudo é visto através de fragmentos de memória, de mosaicos nada harmoniosos e de construções emblemáticas com uso de lampejos de sanidade ou insanidade dependendo do ponto de vista.
O que quebra todos os paradigmas é o fato que Faulkner não usa o fluxo normal de narração, no qual um personagem tenta se comunicar e sim realiza um audacioso e amedrontador mergulho na mente das personagens o que nos proporciona saltos temporais, falta de liga ou mesmo detalhes muitas vezes omitidos na falha tentativa de expressar-se. Fato que se constata por muito só começar a fazer sentido na terceira parte do livro e definitivamente apenas na quarta parte termos um olhar lúcido e mais pontuado da história.
Toda essa construção é única e cria um dos maiores expoentes na história da literatura, tamanha é a grandeza desta obra que aqui nos é esfregado na cara que existem coisas que não são feitas para cinema ou teatro, e sim atingem sua magnitude real apenas no formato de palavras que brincam e destroçam como bem querem nossa realidade patética.
terça-feira, dezembro 11, 2007
O Som e a Fúria - William Faulkner (1929)
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oi
www.cervejaecigarro.blogspot.com
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