Um calor de derreter em São Paulo.
As pessoas continuam a me surpreender.
Alguns amigos somem como fumaça
Outros surgem sem dar sinal algum,
Eu posso até dizer que estou feliz
Miles sendo debulhado nos fones.
É,
Os tempos estão mudando.
A boca dela está cada vez mais próxima e nem será a mesma coisa daqui pra frente.
Até sinto meu humor inconstante buscando uma certa paz de espírito.
A cama convidativa, o jazz fluíndo, o vinho alterando os sentidos e nada de sono.
Relaxa John, relaxa homem. Embale-se no groove e relaxa ao menos hoje.
Mas que inquietação mais filha da puta. Vai ser uma longa noite.
O passado não será mais esse cativeiro sujo. A sombra distorcida na parede não é mais motivo de medo.
Vou tomar mais uma com meu amante celestial e mais sofisticado camarada.
Cada altar que me força a ajoelhar é destronado de Deuses.
Todo mundo teve um bom ano! Certo John?
segunda-feira, dezembro 31, 2007
Tudo azul.
sexta-feira, dezembro 28, 2007
Desejo de Anos.
Esqueci todas as poesias vividas em meu pequeno universo. Que essa seja a poesia número um, e também seja a derradeira nota do instrumento vivencial. Não deixarei que retalhem mais pedaços do mesmo tecido em minha pacata vida, buscarei outras cores e transformarei essa colcha de retalhos em uma verdadeira alegoria de carnaval. Lhe digo, trago dentro de seu coração, todo o universo que ainda está por ser criado neste imaginário complexo que é a realidade. É, neste porto que é a vida, cheio de chegadas e partidas, levarei tudo comigo. Enfim serei livre! Mais do que meus pés descalços permitem, ou muito mais do que minha visão míope consegue tocar. Esqueci esse grande e castigador sol e abracei a idéia que a vida não é pouco e nem demais, é o que deve ser. De tão brilhante que é a vida, chega a cegar, queimar, doer, roer e encantar. Beijarei toda e qualquer puta. Amarei toda e qualquer moça de família. Me apaixonarei por toda e qualquer alma vadia. Enquanto somos constantemente jogados e abandonados no mar revoltoso que é o destino. Que religião mais cheia de fé pagã e incerta. Vai noite, vem cobre-me com suas estrelas e me conforta com a sensação de insignificância perante o absoluto. Que me seja carinhosa e diga Amém a minha prece magoada. Choro a Terra, choro a Mãe, choro a Irmã. Distorcido em caos televisivo e delirante. Vai grande circo, ò grande circo, me convida pra dançar a valsa tortuosa. Eu vou ser a mais abstrata das flores, pra talvez conquistar a fugaz garota dos livros. E os anos passam. Quero ser ator de todos os palcos, e quero ser humano em todas as praças. Despi-me não de roupa mas de desculpas escorregadias. Sou isso, fraco e real. Um louco que sabe de sua insanidade. Um bobo que sente o beijo de todo e qualquer encontro em apenas um leve toque do lábio amado. Que esse infindável desfile tenha algum propósito, é tudo que desejo, um insignificante propósito. Minha alma canta, minha alma aguá, minha alma depende, minha alma sol. Todos os amantes gostam de Vodca e solidão acompanhada.
quinta-feira, dezembro 27, 2007
Vidas Secas - Graciliano Ramos (1938)
Públicado em 1938, talvez esta seja a maior obra de Graciliano, ou pelo muitos a consideram tal. Com um enredo simples aonde vemos uma família tentando sobreviver ao bravo sertão nordestino, somos carregados a conhecer um pouco mais dessa cultura as vezes tão ignorada neste nosso enorme país. É interessante ver o recurso utilizado pelo autor em narrar sua epopéia em terceira pessoa, uma vez que suas personagens são simples e não teriam a riqueza necessária para se comunicar com o leitor, essa narração cria um elo de introspecção muito maior. Mesmo tendo um protagonista em tese, podemos observar que a história muitas vezes segue uma ordem por vezes aleatória e mesmo a cadela da família recebe a devida atenção.
É interessante ver como os capítulos são independentes e podem ser lidos como contos isolados, o que é verdade, afinal o livro nasceu do conto “Baleia” que foi públicado em um jornal e devido a repercussão gerou em Graciliano a vontade de escrever o romance. Mesmo o linha temporal é bastante relativa, sabemos apenas que os dias e anos passam, agora quantitativamente não temos a menor idéia.
Uma idéia que tenho sobre está obra é que G.R. construíu tudo de forma fragmentada usando de espelho a propría vida dos sertanejos. Nos romances mais tradicionais existe uma evolução dramática que é resultado da interação do homem sobre o mundo. Aqui temos mais uma interação do mundo sobre o homem, que é posto no lugar de vítima.
Fato marcante é que mesmo toda fragmentada e descontínua a obra ainda sim apresenta uma enorme coesão. Talvez fruto da estética bruta e seca da narração, ou de recorrências de certos motivos que vão e voltam através de toda a obra.
Um marco da literatura Brasileira, altíssimo nível.
quarta-feira, dezembro 26, 2007
Infância Esquecida?
Eu amava ficar olhando o céu pela janela quando tinha meus dez anos de idade. Ficava parado uma porção de tempo, criando meus reinos mágicos e os terríveis dragões a serem derrotados. Eu era sonhador, era sonho e era real. O Nirvana já virava história, não que isso fizesse muita diferença a minha pacata existência, viria a fazer tempos depois, porém todo um mundo se desdobrava em acontecer o presente como tempestade, e eu lá, feito rocha. Meu mundo era as peladas no prédio, as brincadeiras como Polícia e Ladrão, Barra Manteiga, Queimada e tantas outras. Tudo isso e ainda não existia a princesa a ser resgatada do maléfico dragão. Moleca de si, loirinha, parecia saída de algum filme. Raramente se jogava no tanque de areia conosco. Na verdade, consigo contar nos dedos as vezes que ela apareceu. Ela nem tinha idéia de quem eu fosse. Um ano mais nova, morava na cobertura e aparentemente tinha uma vida muito bem resolvida fora daquele prédio que guardava tantas histórias. Mas pra mim, ela é que era a princesa a ser resgatada. Ela me apresentou a palavra solidão, o fato único que era se sentir só, trancado no quarto ouvindo Pearl Jam ou Soundgarden. Imaginação a mil correndo sobre vales e enfrentando hordas de batalhões para conquistar o coração dela. Sem contar as aventuras de espionagem, inspiradas pelo 007, em que furtivamente invadia o telhado do prédio e passo a passo me colocava a espia-la em sua piscina. Será que é marca da doce visão inocente da criança: a mágica em torno de alguém que nem se conhece? Quantas e quantas vezes me deitei e coloquei-me a forçar um sonho perdido sobre minha musa? Borges dizia, perca a capacidade de sonhar, então perderá a esperança e estará a um passo da cova. Sinto-me quase agredido por ser assim, palhaço de circo, pronto pra levar tortadas e servir de riso para a massa. Só porque busco acreditar que a magia está no olhar, e que busco dia após dia, aquele olhar de criança, aquele primeiro e furtivo olhar que merecidamente me colocou em doces devaneios. Aquele pequeno momento em que ela nem sabia quem eu era. Mal podia imaginar toda a história que ainda viveria com aquela garota da cobertura. Agora acho que sou responsável demais para frustar qualquer espectativa, ou pior, libertino em demasia, pronto a uma entrega assustadoramente completa para pessoas normais. Projeto vida, rumo a mais um ano.
segunda-feira, dezembro 24, 2007
Once (2007)
Direção - John Carney
Que filme maravilhoso, divertido e tocante. É engraçado como é um musical por definição, porém não tem nada do que um musical costuma ter. A dupla de personagens principais são músicos e assinam a belíssima trilha sonora. A atuação totalmente naturalista por parte do enredo em geral deve se dar em conta do fato de não serem atores por excelência que realizam o trabalho, fato que reforça um ponto que sempre adoro abordar, quem é ator? Aquele que ganha a carterinha do curso? Ou aquele que encara a vida como um palco? Aqueles tantos solitários que fazem parte do grande drama moderno.
A história? O que pode ser mais simples do que um técnico de aspiradores de pó que nas horas vagas vai a rua tocar suas músicas em busca de algum trocado, que esbarra com uma imigrante que vende flores, gosta das músicas dele e tem um aspirador quebrado? Sim, apartir deste ponto de partida bastante simples, temos uma história bonita, real e cheia de sentimento.
Sabe aquele laço invisível que as vezes une duas almas? Aqui nada mais é do que o amor pela música e o modo como duas almas fragilizadas encaram o mundo. Isso é suficiente para resultar em belas canções e momentos memoráveis. Quanto a trilha, é realmente de primeira qualidade, muito boa, lembra bastante Damien Rice.
O final do filme me deixou meio sem ar, vou me refugiar no meu telhado prefirido, ler alguma coisa e tomar o vinho que faturei no natal da empresa. Boas festas a todos.
Aniversário do Perdido na Tradução.
1 ano de Blog.
182 Posts.
Não achei que chegaria até aqui.
Mas parece que depois que os primeiros passos são dados, a estrada faz o resto. Que venha mais um ano de Perdido na Tradução.
Fico aqui nesta noite natalina, chorando com bobagens e feliz por coisas simples.
Agradeço por todas as visitas.
Pensamento Perdido.
Não, não creio em poeta. Capturar um efêmero minuto do mundo é um ato maior do que um substantivo pode qualificar. Dizer que os lábios úmidos dela são como frutos mordidos não é mérito de poeta. É feito de sentimento escutado. É processo de alfabetização sentimental de uma raça praticamente desconhecedora dos estranhos e prazerosos caminhos da alma. É engraçado como cada vez mais ignoramos os silêncios que combinam perfeitamente entre duas pessoas. Em uma sociedade com tamanha massificação de idéias e conceitos, creio que existe até uma alma coletiva como Quintana sugeriu certa vez. Acho que a grande vantagem não é olhar para os lados e buscar ser diferente, e sim ser indiferente. E esse mistério evidente que é o inexplicável acaso de dois estranhos em uma noite suja? É algo tão óbvio, que consegue não ser chato como a realidade. Creio que apartir dessa previsibilidade é que temos o gostinho incrível que é o descobrimento de uma nova forma de se observar. É bom sentir o sangue correndo.
sábado, dezembro 22, 2007
Carlos Drummond de Andrade
Creio que uma das maiores faltas para um brasileiro é não conhecer o nosso gênio: Carlos Drummond de Andrade. Fiquei em dúvida sobre qual poesia colocar, existem tantas. Essa é um clássico, bem conhecida mesmo, mas eu adoro.
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
sexta-feira, dezembro 21, 2007
Passagem Das Horas - Álvaro de Campos
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero. [...]
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei [...]
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas, [...]
Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.
Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo. [...]
Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente. [...]
Foram dados na minha boca os beijos de todos os encontros,
Acenaram no meu coração os lenços de todas as despedidas,
Todos os chamamentos obscenos de gesto e olhares. [...]
Sim, e o que tenho eu sido, o meu subjetivo universo,
Ó meu sol, meu luar, minhas estrelas, meu momento,
Ó parte externa de mim perdida em labirintos de Deus! [...]
terça-feira, dezembro 18, 2007
As 100 melhores de 2007 segundo a Rolling Stone
Saiu a lista das 100 melhores músicas de 2007 pela Rolling Stone. Nem sei porque olho, em quase tudo discordo ou desconheço. Quem quiser dar uma conferida o link está aqui.
Comentando algumas faixas:
- 8 - Bruce Springsteen - Long Walk Home - Esse foi um ano que não fiquei tão antenado nas novidades como nos anos passados. Só sei que é uma música linda. Esse sim tem acertado cada vez mais com a idade chegando.
- 17 - Radiohead - Weird Fishes/Arpeggi - Quem diria que senhor Thom Yorke voltaria a fazer músicas de amor? Uma linda canção, de um dos melhores discos de 2007.
- 18 - White Stripes - Icky Thump - O que falar de um dos melhores Riffs de guitarra desde Led Zeppelin e Sabbath?
- 22 - Arcade Fire - Keep The Car Running - Muita gente não gostou, mas eu amei o Neon Bible e essa é a melhor música do disco.
- 32 - PJ Harvey - When Under Ether - Vou admitir que esse disco eu ainda não engoli bem, falta algo, mas essa música é uma das melhores mesmo, se a intenção era causar uma estranheza e e arrepios ela conseguiu.
- 51 - Robert Plant & Alison Krauss - Eu sempre fiquei com o pé atrás em relação a carreira solo do Plant, mas aqui ele acertou em cheio, com canções matadoras junto com essa grande cantora de Country.
- 71 - Wilco - Impossible Germany - O novo disco do Wilco é como sempre uma bela surpresa, e essa música nos presenteia com um dos melhores solos de guitarra dos últimos tempos.
- 78 - Charlotte Gainsbourg - The Songs That We Sing - Essa francesinha tem algo que ao mesmo tempo não me agrada porém essa música me manteve viciado por parte do ano, perdi a conta de quantas vezes escutei. Sem contar que a banda de apoio é o Air.
De resto é só dar uma conferida, deve ter mais coisa boa, ou não. Não sei.
A Loucura de Papai.
Os tormentos em casa só se amansavam com a nudez da noite calada; pois é aí que deixamos a vigília finalmente ser vencida pelo sono, pesado cansaço dos intermináveis sermões de papai. Uma fúria contida, prestes a explodir ao menor desvio na linha tracejada que nós leva de hoje para amanhã. Isso bastava para trazer a loucura aos olhos dele, a inquietação ao corpo, as falas desmedidas de sentimento ou razão. O que lhes registro aqui aconteceu hoje, aconteceu no dia antes de ontem e acontecerá novamente sempre que o demônio cobrir os sentidos do chefe da casa, então tempestades desabarão novamente sobre aquele, outra hora tão calmo lar. Entrava furtivamente, descalço, como uma ladrão. Não era fácil prever as obscenidades que trazia tatuadas em seu corpo, muito menos de fácil compreensão a tensão disfarçada de um molejo gingado. Ele dizia nada, nós não dizíamos nada. Chegava a pensar que dessa vez seriamos polpados. Tão logo sentíamos a sombra da ofensa sobre nós, sentíamos a punhalada certeira que partia das palavras de papai. Descontroladas como uma ensandecida locomotiva, babava sobre nós o peso de todo uma nação esquecida. Tirava lágrimas de mamãe, que mesmo dura feito rocha, desabava e punha-se em joelhos, humilhada e destroçada por um monstro impiedoso e cruel. Só me restava, justo eu o caçula, ser mediador desta terrível personificação da destruição. Era comovente e me punha aos prantos ver que a razão, tão amada e motivo de tanto orgulho do patriarca, lhe faltava e eu enxergava sim, um velho assustado com o Câncer, também conhecido como vida, que lhe devorava o brilho dos olhos. Era triste, ver aquele, que em tempos de reis, era tão forte e destemido. Aquele que cruzou a nado oceanos, derrotou moinhos de vento, e resgatou a princesa do alto da torre. O grande rei do passado, entregue as traças destinadas a devorar as páginas da história. Ver perdido em tamanha tempestade, apenas um garotinho, amedrontado e em busca de carinho.
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Novos Rumos?
A minha cabeça repousava na mais confortável cama que eu poderia pedir naquele momento, uma cama cheirosa e macia. Estímulos fundamentais para entender tão suave sonho. Estas incitações externas me entorpeciam em uma delgada realidade que velejava na beirada do nosso mundo e o de acolá. Que carinhos eram esses que tão suavemente me embalavam nesta nave noite a dentro? Ela me acalentava nos seus braços do mesmo jeito que a noite me recebera tão amavelmente. Descrever o sonho seria como explicar a poesia. Pois todos somos poetas quando dormimos e deixamos a alma falar por sobre a razão. Será que era pedir em demasia mais tempo ao lado de tão doce fantasia? Ou seria egoísmo demais se prender em tal devaneio e não aceitar o brusco retorno que nos puxa para cá? Ela que nunca foi tão real, sempre esteve perambulado na mais delicada inconstância de existir. Ela que veio abraçar-me com outro nome, roubar minhas vontades íntimas e dominar meus desejos secretos. O medo do inexplicável levaria muitos a fuga, me levou diversas vezes a fuga, mas não dessa vez. Desde todas minhas escapadas, será calando minha revolta silenciosa que eu, cada vez mais, me distanciarei do meu porto seguro, e se o encadeamento de fatos distraídos me levar ao revoltoso mar da imprevisibilidade, não me importarei, erguendo meus olhos, assistir a novas paisagens, quem sabe menos ásperas?
quinta-feira, dezembro 13, 2007
Pacto Maldito - Mean Creek (2004)
Direção - Jacob Aaron Estes
Por mais inocente que as vezes parecemos, todos temos algum segredo. É sobre essa premissa que Jacob desenvolve um filme pra lá de intrigante. Circulando os canais da TV a cabo, me deparei com o filme ainda nos créditos iniciais, como todo bom cinéfilo não resisti e resolvi conferir ao menos os primeiros quinze minutos, quase duas horas depois ainda estava lá acompanhando uma bela história que apresenta a verdade crua e nua.
Primeiramente Rory Culkin consegue dá um banho em atuação e definitivamente se mostra uma grande promessa como ator. Sem deixarmos de lado o trabalho bárbaro de Josh Peck, que faz o papel de um garoto solitário porém não menos temido na escola em que estuda, típico "Bully" como os americanos costumam chamar, traduzindo, aqueles metidos a arranjar confusão na escola e que gostam de abusar dos mais fracos. É incrível como Josh chega ao ponto de fazer agente se simpatizar pelo personagem dele, isso sem termos muita história do passado dele, tudo apenas com uma atuação sensível, realista e tocante. Rory protagoniza o papel do adolescente que constantemente é amolado pelo arruaceiro da escola, mostra bastante sensibilidade e um carisma cativante.
O filme é bastante inteligente e nos levanta diversas reflexões sobre essa época tão turbulenta que é a adolescência. Basicamente o roteiro decorre sobre a vingança que o irmão mais velho arma para o garoto que bate em seu irmão mais novo na escola. O que poderia nos jogar num imenso vale de clichês é salvo por uma grata surpresa de personagens que fogem do caricato e uma profundidade dos personagens bastante interessante e uma louvável discussão sobre moral, sem ser piegas.
Grande destaque mesmo para o elenco mirim do filme, como já citado os dois atores anteriormente, ainda temos a coadjuvante Carly Schroeder em um papel de uma garota que cai no enredo sem ter idéia de onde está se metendo. Ela dá um banho de atuação e se mostra muito mais madura do que a pouca idade poderia supor.
É de fato um perturbante porém belo retrato da adolescência. Uma história simples contada em diversas camadas complexas aonde culpa, humilhação, pesadelos e vingança fazem parte de todos os personagens. Uma história sem heróis e sem vilões exatamente como a vida é. Tudo isso torna o filme bastante único, fica até complicado de catalogar algo assim. A atmosfera, mensagem, emoções e atuações são tão reais que é impossível não sentir um belo tapa na cara ao final.
Uma das maiores armas que pode existir é a culpa, que pode se transformar numa paranóia insustentável. Por menor que sejam os atos, ou mesmo por mais inocentes que sejam as intenções, sempre acabamos por correr o risco de escorregar em algo que pode nos manchar para sempre. E carregar esse fardo é tarefa mais do que complexa para qualquer um, independentemente de idade ou sexo.
quarta-feira, dezembro 12, 2007
Breve Momento Na Praça
Tentava decidir se estava satisfeito em estar sentado naquele boteco na praça dos artistas, perto porém muito longe da pessoa que estava sentada a sua frente. Não conseguiu decidir. Parecia uma forte e boa decisão se aproximar e toma-la em seus braços, porém continuar sentado naquela situação de contemplação estável lhe parecia incrivelmente lógico. Talvez ele devesse se levantar e fazer o que o coração mandava, mesmo a razão lhe alertando o contrário. Ou talvez ele quisesse fazer isso para se superar de uma vez por todas. O mais provável era que amba as coisas fossem o mais simplório fogo de palha. O desejo de estar em casa talvez fosse mais adequado a situação. É, talvez devesse, naquele momento mesmo, se levantar e voltar pra casa, trocar a calça desbotada por uma bermuda, pegar algum de seus livros intocados e ler alucinadamente madrugada a dentro, até seus olhos negarem o pedido de continuar abertos e as mãos se curvarem com uma câimbra ocasionada pela, muitas vezes incomoda, posição de se ler deitado. Novamente caiu no limbo da indecisão, não sabia se avaliando essa nova e brilhante possibilidade, tinha algo que realmente queria fazer ou simplesmente algo que achava que devia ser feito, ou pior, será que era algo que achava que deveria ser visto fazendo? As vezes esses momentos de insanidade são tão cheios de razão que por um momento podem ser a pista definitiva para a mais íntima identidade, uma sintética formação de quem realmente somos, quem imaginamos ser, ou quem todos enxergam ao nos ver.
Na luz do palco da vida, emanando uma aura cinematográfica, entre aqueles atores amadores, incertos de seus reais papéis, existia apenas um ponto de destaque físico. Cabelos cacheados, blusa vermelha, sorriso cativante, ela bebia seu Cappucino graciosamente. O olhar sincero e aparentemente fixo nas mais variáveis realidades possíveis do momento. A feminilidade expoente de uma natureza sem artificialidades. Ela conduzia aquele momento sem mal saber o impacto fulminante que causava do outro lado da mesa. Era, em suma, uma pequeno ato de Shakespeare se escrevendo em tempo real. Ela parecia isolada em seus próprios vôos de pensamento. O tempo enorme que permaneceram sem se falar, talvez tenha atingido alguns minutos, não parecia necessário dizer nada além de suas presenças mudas, uma incrível tensão estonteante entre dois universos interiores em expansão.
Ele inspirou o ar com um pouco mais de vontade e pode até sentir o hálito cafeinado e achocolatado dela, que era regular como a respiração de um bebe. Na cabeça dele, conseguia imaginar a bochecha dela encostada em seu rosto, fazendo suaves movimentos para cima e para baixo. Ele acreditava que permaneceria estático, rígido feito pedra, olhando pra ela de canto dos olhos, mantendo-se sempre imóvel, como se servisse apenas de suporte para a garota. Até que sua atitude impassível ruísse e sob um instinto selvagem, ele cedesse, perdendo o controle, até não existir nenhuma opção a não ser virar o rosto e permitir que os lábios se tocassem, se tocassem em um beijo indeciso, que faria de tudo para não demonstrar ser o beijo de carência de uma vida.
Ela disse algo.
Não, não foi ela quem disse, alguém se aproximava e apontando dizia: "Você não é ator?"
Fantasia derretida, brusco retorno a realidade.
terça-feira, dezembro 11, 2007
O Som e a Fúria - William Faulkner (1929)
É engraçado o fato de que ao ser indagado a respeito da dificuldade e as vezes necessidade de ler a obra duas ou três vezes Faulkner responde: "Leia quatro vezes.", uma resposta assim seca e direta. E o que mais surpreende é o fato que ele está certo, alicerce da nossa ficção moderna, este livro não é nem um pouco fácil. O enredo é bastante simples se formos analisar friamente, é a história de decadência de uma das muitas famílias, aristocratas do sul dos Estados Unidos, que viram seu pequeno império ruir com o fim da escravidão.
O livro é dividido em quatro partes bastante distintas, cada uma delas é narrada por um dos irmãos da nossa decadente família. O que mais nos impressiona é que tudo é visto através de fragmentos de memória, de mosaicos nada harmoniosos e de construções emblemáticas com uso de lampejos de sanidade ou insanidade dependendo do ponto de vista.
O que quebra todos os paradigmas é o fato que Faulkner não usa o fluxo normal de narração, no qual um personagem tenta se comunicar e sim realiza um audacioso e amedrontador mergulho na mente das personagens o que nos proporciona saltos temporais, falta de liga ou mesmo detalhes muitas vezes omitidos na falha tentativa de expressar-se. Fato que se constata por muito só começar a fazer sentido na terceira parte do livro e definitivamente apenas na quarta parte termos um olhar lúcido e mais pontuado da história.
Toda essa construção é única e cria um dos maiores expoentes na história da literatura, tamanha é a grandeza desta obra que aqui nos é esfregado na cara que existem coisas que não são feitas para cinema ou teatro, e sim atingem sua magnitude real apenas no formato de palavras que brincam e destroçam como bem querem nossa realidade patética.
Natal, Vodka e Aquarela Desbotada
Acho que o maior problema é sempre achar que o sinal está fechado para quem é jovem. Falta perspectiva de beijar o amor na lua ou me encantar como canta coração partido. E doí uma dor chata saber que ainda vamos ser os mesmos amanhã e que não vamos aprender nada com sabe-se lá quantos anos de história. Talvez eu esteja por fora mesmo, ou inventando história pra boi dormir, mas eu digo que são os outros que doem por terem acreditado em não se perder por aí e hoje estão sentados em seus sofás mofados ao bem dará.
Seria algo como uma chuva desproporcional. Daquelas que fazem a noite cair sobre o dia feito cachoeira, que trazem todos aqueles espectros banhados pela luz boêmica do centro da cidade me levando a crer tudo que eu posso fazer é aquilo que faço. Um sonho com a volta do amor partido em cometa alado mesmo que trazendo uma esperança pungente e tortuosa. Correndo ou galopando na ribeira como caipira inocente e simplório, aonde estará o trem dos peões sem montaria? Será que descasando ou dando trela ao acaso vamos chegar lá? Como não sou um rapaz de reza tudo que me resta é travar monólogos interiores. Será que existe mesmo o gosto do fruto que ainda está por germinar? Esse mergulho doentio e a cegas contra o concreto amarelado do eu interior é fuga pela falta de espaço e pelos dias tão longos.
Perdoem por tantas lamúrias e tanta falta de afeto. Inumanidade é o que mais me parece humano a se fazer em dias tão caóticos como os de hoje. Ainda que a falta de ar e falta de sorrisos delicados sejam presságio de névoa densa a caminho, ainda sim passaremos a limpo e diremos que tudo vai valer a pena. Pois quando quebrarem as correntes faremos a festa por todos, assim que lavarem a cara e largarem a ganância tão humano. Então sim colheremos os frutos a tão esquecidos. Então me digam qual é o gosto da banana com mel e sorrirei com gosto de canela.
segunda-feira, dezembro 10, 2007
100 Livros Essênciais da Bravo.
Quando vai chegando o final do ano começa a aparecer diversas listas de melhores filmes do ano, melhores discos do ano e por aí vai. Achei muito bacana mesmo é o lançamento da Bravo! dos 100 Livros Essências e 100 Filmes Essências. Pois é uma edição especial que está chegando esse mês nas bancas e trás uma bela analise de 100 obras ditas fundamentais para qualquer amante da boa arte.
Talvez o grande sucesso de se fazer estas listas não seja o fato de serem guias definitivos ou mandamentos a serem seguidos a risca mas sim a diversão que geram ao serem discutíveis e sempre gerarem contra argumentos de algo que foi menosprezado ou hiper valorizado ou mesmo algo que foi deixado de fora ou uma surpreendente nomeação do que se considera uma bela bomba. Fora isso, é sempre bom ter um incentivo a se conhecer coisas novas ou mesmo um ponta pé pra quem pouco conhece.
Essa relação de livros da Bravo não poderia ser diferente, modéstia parte eu me considero um cara que apesar da pouca idade já li muito mesmo. Durante uma boa época os livros foram os meus maiores companheiros e mesmo hoje mantenho um belo ritmo de leitura. Foi ao mesmo tempo instigador e prazeroso descobrir que dos 100 livros eu já li 11. Parece pouco mas 10% foi algo bastante razoável e foi um belo incentivo para já ir pensando em um 2008 com mais livros. Se não fosse o teatro desses 11 acho que não teria chego em 6 mas isso não vem ao caso agora. Fica aí a dica e quem quiser comentar do que já leu, e o que não concorda na lista, será um prazer.
sábado, dezembro 08, 2007
Pensamento Avulso
Temos mais é que vomitar tudo e qualquer reação que venha nos provocar com a indiferença que muitas vezes temos conosco mesmo. Não deviamos temer tanto qual será o poema ou acorde que está por vir. O palco purifica. Todos somos atores, e todos fazemos arte. Estou realizado esse ano.
"Quanto às luzes da Ribalta... O ator, ah! O ator! Essa necessidade de brilho e de atenção... Honrem-me, aplaudam-me, aprovem-me! Vou entrar no palco e arrasar...! Sou o máximo! Sou melhor, mais ousado, mais sensível, sou ator, o resto do mundo é apenas normal... Tenho a coragem de representar aquilo que gostaria de ser, o que poderia ser, o que deveria ter sido e o que nunca serei... Eu te mostro no palco do teatro todas as nuances que no palco da vida eu escondo!"
Clara
quinta-feira, dezembro 06, 2007
Nem Aracaju nem Saci.
As vezes fico imaginando como é a ação em um grande jornal como Estadão, El Rancaguino ou Clarín, a tensão que é ser o mediador das informações que milhares, ou melhor milhões irão se alimentar e formar suas devidas opiniões, pelo menos na teoria. Pois por mais que eu me mude para Aracaju, Mazatenango, Bangladesh ou Bali vou continuar sendo bombardeado pelo desejo avído que foi implantado em minha cabeça de consumir cultura enlatada da FNAC ou entorpecentes baratos na Rua Augusta, não vou deixar de ter um enorme desejo de ter um fusca verde limão. O Saci, Zeus e o Popeye continuarão a ser personagens que povoam meu encantável imaginário. Se ao menos garra eu tivesse pra queimar minha dignidade em frente a prefeitura de São Paulo. E agora começam a chegar as pavorosas mensagens de natal! Responsabilidade cobrada, futuro em jogo, tensão balançando entre o ótimo e o péssimo. Não é fácil brincar na vida real não.
Em ato o ar é mais leve.
Se me ontem ser uma felicidade fervorosa da chapa
Não vou mais nem ontem, nem amanha ou hojear.
Pois em todos os instantes temos instantes completos
Não devem ser medidos e desvirtuados na exatidão
Por mais que possamos brincar no ato de cada dia
Eu ato o tempo como bem quero e por isso sou ator
Saborear cada atoar com dessemelhança temporal
Em ato fui hoje, serei ontem e sou amanhã sempre.
quarta-feira, dezembro 05, 2007
Bailei Na Curva
Será apresentada a peça teatral "Bailei na Curva", nos próximos dias 07 e 08 de dezembro de 2007, às 20h30, no Campus Marques de Paranaguá. Trata-se da primeira produção do Grupo de Teatro Comunitário (GTUP), composto por alunos, ex-alunos e funcionários da PUC/SP, sob a direção do Ex-aluno de Relações Internacionais, Fernando Daglian, com apoio da Vice-reitoria Comunitária.
Vale a pena prestigiar e a entrada é franca!!!
É isso galera mais uma estreia de uma peça que faço parte do elenco, e essa não tem desculpa é de graça, basta aparecer lá.
William Shakespeare
"Oh! Uma mesa de fogo, que ascendesse
Ao mais luminoso céu da invenção,
Um reino por palco, príncipes a representar
E reis a observar a cena arrebatadora!
Então deveria o guerreiro Henrique, como ele próprio
Assumir o porte de Marte, e a seus pés,
Atrelados como galgos, a fome, a espada e o fogo
Rastejando a pedir emprego. Mas perdoai, gentis auditores
Ao espírito raso e pouco exaltado que ousou
Neste indigno cadafalso apresentar
Tão grandioso tema. Pode esta arena conter
Os vastos campos da França? Podemos nós amontoar
Dentro deste cercado todos os capacetes
Que até o ar assustaram em Azincourt?
Oh, perdoai! Dado que uma figura errada pode,
Em pouco espaço, testemunhar por um milhão,
Deixai que nós, cifras desta enorme conta,
Trabalhemos a força da vossa imaginação.
Supondo que, entre esta cintura de muralhas,
Estão agora confinadas duas poderosas monarquias
Cujas frentes alevantadas e contíguas
O perigoso e estreito oceano separa e divide.
Completai as nossas imperfeições com os vossos pensamentos:
Em mil partes dividi um homem
E criai uma potência imaginária;
Pensai, quando falamos de cavalos, que os vedes
Imprimindo os seus altivos cascos na terra acolhedora;
Pois os vossos pensamentos devem agora ornar os nossos réis,
Levá-los ali e acolá, saltando sobre os tempos,
Mudando as ações de muitos anos
Numa hora de ampulheta; para tal serviço
Admiti-me como Coro desta história;
O qual, à laia de prólogo, pede à vossa caridosa paciência
Que ouça com mansidão e julgue com bondade a nossa peça."
Henrique V
Pra que vou eu tentar falar de teatro, se o mestre já disse tudo?
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Desrelacionamentos Inumanos
É tudo vermelho, uma delícia na verdade, é quentinho, temos nosso alimento na dose certa. Se tivermos a sorte da mãe ser responsável, não teremos mal algum vindo para nossos primeiros momentos como ser humano. Me remete ao útero nossa primeira relação, e talvez a mais profunda delas, humana. É um limite metafísico quase imperceptível, porém separado por abismos de vivências, características e vontades. Cada qual com sua peculiaridade e sua loucura, com seu tortuoso modo de percepção do mundo. Não estou me referindo ao relacionamento entre os Judeus e os Árabes, ou entre os brasileiros e os argentinos, muito menos dos matemáticos e das letristas, estou me referindo ao relacionamento do individuo para com o seu semelhante no menor dos campos possíveis.
Tenho até medo, ou melhor quase me enlouquece o fato de estar devaneando a respeito de algo tão sútil como a troca de sentimentos e emoções, algo tão misterioso e mágico, que tentamos passar através de falhas tentativas de representação oral, gestual ou de qualquer outra forma. É um pouco utópico, mas gosto de acreditar cegamente que todo o contado de um ser com a realidade envolve sentimento e emoção. E acho que é justo pensar em algo assim, afinal para entender a sútil arte de se relacionar com outro ser, devemos primeiro entender como nos relacionamos com a realidade que nos cerca e com nós mesmos. E como um ciclo vicioso, voltamos ao sentimento e a emoção, pois como nos relacionamos com o mundo, sentindo-o com nossos cinco dons maravilhoso, e interpretando e vivenciando-os com nossas emoções.
Essas emoções e sentimentos são combustível base para qualquer relação, eles nos dão o sentido de prazer e desprazer. Acho que começamos a chegar a algo mais complicado, quando tento imaginar que toda essa parte emotivo é mera conseqüência dos valores que atribuímos a maioria das vezes inconscientemente acabo por desacreditar em uma possível harmonia entre tantos valores e pseudo realidades criadas.
Sempre acabo me voltando a minha amada Grécia, lá muito foi descoberto, e infelizmente deixado por lá mesmo, é uma pena que tão pouco tenha sido aprendido. Platão (~300 AC) tinha pensado em tanta coisa relacionado a esse meu surto de realizar mais este aborto mental, ele mesmo dizia que a realidade era interpretada por cada indivíduo e que a chave para uma harmonia era cimentar muito bem isso como alicerce de nossa sociedade.
Toda essa divagação é pelo sofrimento que venho tido com relacionamento humano, tendo uma constante vontade de chorar e explodir em mil pedaços.