sexta-feira, julho 18, 2008

Quero todo o vinho que meu corpo puder agüentar. Vinho é o combustível da minha musa. Ela impede que eu ame qualquer um por completo. É tipo uma neblina, existe ela, existe um mundo a redor, e pra mim apenas as sombras projetadas através da densa confusão causada pela névoa. Ela as vezes nem lembra que eu existo. Talvez nem saiba que eu existo mesmo tendo seus lábios colados ao meu nesse momento. Ela sempre quis esquecer, independente demais para amar. E acho que esqueceu. Deve estar bêbada e sem o menor sentido de sanidade concreta. Nossos lábios sabem o que fazer, aquela boca pequena. Sua pele lisa contra meu cavanhaque volumoso. Tudo me faz querer vinho e me faz querer ser de minha musa eternamente.

Muito vinho. Cada litro que eu consegui ingerir vai nutrir esse fogo doente que me cega do que me cerca. Paulo se atraca com a namorada, foda-se, quero minha musa. Felipe lamenta num canto e minha musa enche a cara. To tonto de bêbado. Eu te amo, lembra? Amor não acaba! Amor perdura. Jogo a cabeça de lado, na esperança que tombasse e rolasse até o bueiro lá fora, o pescoço segura. Minha musa volta. Está frio, eu to quente, ela é quente. Quero morrer. Morrer é perder minha musa. Não, não quero morrer de forma alguma. Estou totalmente desnorteado para dizer tudo que quero para ela. Eu sei que o que sinto por ela não acaba de forma alguma. Smashing Pumpkins bomba no porão.

Eu gosto deles, fazem um puta som de primeira, impossível me imaginar o que sou sem a companhia constante dessa banda. É de certa forma eles são minha constante, só não me perco nesse mar de variáveis por que tenho aonde me agarrar. Queria me agarrar na minha musa, mas ela é escorregadia e agora deve estar ficando bem louca com alguém no andar de cima. Merda perdi minha musa. Não, ali está ela, trazendo mais vinho. Amor não acaba mas bem que pode virar ódio. Eu não consigo odiar essa japonesa. Vou me jogar no sofá pra ver se o sentimento de escoar passa. Eu sou de verdade, eu existo e respiro. Alguém mais perdido nessa noite é de verdade? Ela não está mais por aqui, o meu cigarro acabou, o celular não toca, cada um de meus amigos deve estar perdido demais navegando em suas próprias vidas. Quero entender porquê. Porque você me dá corda, porque você chega perto. Me sinto um porco preso no chiqueiro, você vem joga qualquer coisa, como e depois quase morro de fome para ser alimentado novamente quando já estou a beira da morte.

Porque é que você escolheu essa vida morta, uma vida feia e definitivamente estúpida. To aqui, sou de verdade e você prefere enganar a todos e viver uma vida de bonequinha de luxo, sua falsidade é tão verdadeira que se enganou a si mesma. Eu quero que você se renda ao menos uma vez à sua real índole. Deixe eu instinto falar mais alto pelo menos uma vez. Não, não vá embora com esse cara com a camiseta do Sonic Youth, ele não é o cara pra você. Sou eu quem sou. Aposto que tu vai acabar sem nada, porque tá me jogando fora. Vai acabar sem amor, é uma covarde. Tu nega o amor que quero te dar porque tem medo de perder. Medrosa. Um dia essa doce ilusão que você inventou vai cair. Você é a dualidade em pessoa, precisa de todos e tem medo de depender de qualquer um, preza opiniões que apetecem seu ego e ignora quem quer seu maior bem.

Porra, eu disse para não ir embora com o garoto do Sonic Youth. Banda de merda, só sabe fazer barulho, e agora me rouba a musa. Me escuta. É a última vez que vou falar. Cuidado com essas suas mentiras, cuidado com esse seu falso pudor e essa sua falsa vida. Tu ta se matando, e junto vai me enterrar. E tu não vai ter salvação, porque o céu está vazio minha querida. Nem céu nem inferno são feitos de ilusão, quem não vive a própria vida vai vagar pra sempre na casa de espelhos. Porra Pára! Volta aqui e manda a merda do Sonic Youth, ao menos se eu não estivesse tão bêbado eu podia quebrar a cara dele. O Mutante quer me consolar, a merda esse cagão também, a merda todos. De nada serve consolo se não consigo controlar a mim mesmo. Pára. Cambaleio pra fora daquele lugar e ela não está mais ali, nem sombra do cara ou dela, a esse momento deve ta fodendo ela do jeito que eu queria.

Você não podia ter feito isso. Não podia, não pode, e nem poderia num futuro hipotético. Abre os olhos enquanto eu estou vivo, antes que seja tarde e que a única coisa que te restar for lembranças de algo não vivido. Se entrega. Você não pode brigar com o que tu sabe que é o destino. Desiste, é só dar um passo a frente e se deixar cair no abismo. Eu estou aqui embaixo, esperando, quando o baque surdo do seu corpo bater no chão, vou te socorrer e vamos viver na terra, junto aos ratos sim, mas sem ilusões de uma vida que não existe. Cade você? Eu te espero aqui no meio fio.

Um comentário:

Ana Carolina disse...

às vezes sinto raiva do que você escreve, porque as coisas não são bem assim e você sabe.