terça-feira, julho 01, 2008

Centenário Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa, 100 anos do fino da literatura brasileira. 52 anos de um dos romances mais importantes do país. Infelizmente, uma margem quase insignificante tem acesso a esse verdadeiro mestre. É uma pena que críticos, na minha modesta opinião, burros classifiquem-o como regionalista. O autor que completa o centenário transcende o aspectos ordinariamente locais. Ali, o sertão é a alma do homem.

Mergulhar nessa obra, não é apenas acompanhar as aventuras superficiais do enredo. É sim buscar enxergar e interpretar símbolos e referências a diversos pontos como Astrologia, Hinduísmo, Maçonaria, Platonismo, Taoísmo, Psicoanálise ou mesmo Alquimia. É uma literatura de labirintos. Nada é definitivo. Uma abertura fantástica de possibilidades nos abre com a primeira página de seu legado.

Não é para ser uma obra rasa, fácil ou mesmo um mero entretenimento. É algo feito por alguém que realmente teve muita consciência do que estava fazendo. Dostoiévski, Borges, Pessoa, Cervantes, Goethe e um grupo muito seleto chegou a um grau tão intimista com a palavra. Poucos souberem através da palavra despertar o inconsciente do leitor de forma tão sublime.

“Todos os meus livros são simples tentativas de rodear e devassar um pouquinho o mistério cósmico, esta coisa movente, impossível, perturbante, rebelde a qualquer lógica, que é a chamada ‘realidade’, que é a gente mesmo, o mundo, a vida”.

Nesse site da cultura temos um belo acervo de fatos da vida e obra do autor. É uma pena que as escolas tratam a literatura como obrigação de vestibular, e não dão o tempo e o cuidado certo a uma obra tão maravilhosa quanto essa. Que venham mais 100, 200 e 300 anos a esse grande homem. Que na verdade pouco importa o tempo, porque se um objetivo da vida dele era a busca pelo infinito, sem duvidas isso lhe foi concebido.

"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."

Pra quem quer se iniciar na obra, procure por:

Primeiras Estórias
Sagarana
Tutaméia – Terceiras Estórias

Cada qual com seu charme. Todos são de contos e estórias curtas. Para mergulhar no grande romance, busque o Grande Sertão: Veredas.

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