João Guimarães Rosa, 100 anos do fino da literatura brasileira. 52 anos de um dos romances mais importantes do país. Infelizmente, uma margem quase insignificante tem acesso a esse verdadeiro mestre. É uma pena que críticos, na minha modesta opinião, burros classifiquem-o como regionalista. O autor que completa o centenário transcende o aspectos ordinariamente locais. Ali, o sertão é a alma do homem.
Mergulhar nessa obra, não é apenas acompanhar as aventuras superficiais do enredo. É sim buscar enxergar e interpretar símbolos e referências a diversos pontos como Astrologia, Hinduísmo, Maçonaria, Platonismo, Taoísmo, Psicoanálise ou mesmo Alquimia. É uma literatura de labirintos. Nada é definitivo. Uma abertura fantástica de possibilidades nos abre com a primeira página de seu legado.
Não é para ser uma obra rasa, fácil ou mesmo um mero entretenimento. É algo feito por alguém que realmente teve muita consciência do que estava fazendo. Dostoiévski, Borges, Pessoa, Cervantes, Goethe e um grupo muito seleto chegou a um grau tão intimista com a palavra. Poucos souberem através da palavra despertar o inconsciente do leitor de forma tão sublime.
“Todos os meus livros são simples tentativas de rodear e devassar um pouquinho o mistério cósmico, esta coisa movente, impossível, perturbante, rebelde a qualquer lógica, que é a chamada ‘realidade’, que é a gente mesmo, o mundo, a vida”.
Nesse site da cultura temos um belo acervo de fatos da vida e obra do autor. É uma pena que as escolas tratam a literatura como obrigação de vestibular, e não dão o tempo e o cuidado certo a uma obra tão maravilhosa quanto essa. Que venham mais 100, 200 e 300 anos a esse grande homem. Que na verdade pouco importa o tempo, porque se um objetivo da vida dele era a busca pelo infinito, sem duvidas isso lhe foi concebido.
"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."
Pra quem quer se iniciar na obra, procure por:
Primeiras Estórias
Sagarana
Tutaméia – Terceiras Estórias
Cada qual com seu charme. Todos são de contos e estórias curtas. Para mergulhar no grande romance, busque o Grande Sertão: Veredas.
terça-feira, julho 01, 2008
Centenário Guimarães Rosa
Marcadores:
literatura
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