quinta-feira, maio 29, 2008

Quero.

Cheguei em casa e me atirei na cama. Alto pela cerveja que rolou solta na reunião, me senti um estranho dentro da minha própria casa. Ou não seria mais minha casa, e sim a casa de meus pais, ou melhor, sempre foi a casa deles, e uma hora temos que agradecer e seguir adiante. Sem mais essa de canguru, essa de ficar pendurado nos país até secar a fonte. Fiquei atirado, jogado, quieto, sozinho e sem causar qualquer agitação em minha cama. Quando um dos dois passa pelo quarto, levanto ligeiro e me jogo ou na TV, ou num livro, ou em qualquer bobeira para não ter que responder o que estava pesando. Ou pior, se estava bem por estar flertando com o teto. Se estava bem? Claro que não, meu lugar não é ali, meu lugar está num além realidade, numa terra chamada sonhos e que tem endereço já, vai ser um quartinho ali na região da Consolação, Paulista, Augusta, um quartinho, uma sala, uma cozinha e um banheiro.

Justo ontem, embriagado de desejos e álcool, justo ontem, fiquei imaginando como seria se esse lugar, cravado no centro da cidade fosse verdadeiro. Pobre de mim, minha falsa realidade. Ainda não tenho nada e já almejo com todas as forças. E não vou deixar que a vida me vire de quatro e foda meu rabo de graça. Vou nadar até a terra de ninguém, com uma faca na boca e matar quem for pra ter meu canto.

Então, foi justo nessa noite de ontem que me peguei desejando:

Desejando que minha vida, como um pássaro, entrasse em ninho qualquer. Entraria, e como um pássaro desesperado por liberdade, quebraria tudo, deixaria um rastro de caos e destruição. E justamente por todo esse caos, a vida vai ganhar força! Vou aceitar da mesma maneira que aceito um cachecol em dias frios. Eu vou me entregar às metáforas e vou transformar essa aventura em garrafa de uísque e discos de vinil. À noite, jogado num puff vou ler Fante, e de dia vou escrever, escrever como se não existisse um amanhã.

Quero ouvir Smiths, quero beber um belo trago, quero ácido, quero ela, quero trepar, quero olhar depois pra ela, rir, rir da fortuna que fomos presenteados, quero isso tudo mais um pouco. Quero ter sete gatinhos, quatro machos e três fêmeas: john, paul, george, ringo, patti, nina e amy. Quero isso e tudo que puder agarrar com minhas próprias mãos.

Tarde ou não é tempo de revolta, e a revolução é sempre um amanhecer sangrento. Seja depondo um governo, a anarquia o caos! seja saindo de casa, seja revolucionando tudo por si mesmo. Eu quero.

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