Um dia, sozinho em um quarto, em um silêncio tão absoluto que posso escutar minhas células planejando a próxima tentativa de me matar, um silêncio tão fúnebre que escuto a borboleta cair morta do lado de fora da janela. Conseguiria contar quantas vezes o padrão do papel de parede se repete, ou mesmo achar figuras desenhada na fumaça que sai de meu charuto. O brandy não tem mais o gosto de vitória, nem mesmo o gosto de derrota, apenas desce rasgando minhas entranhas e causando uma sensação de deslocamento. Nem mesmo meus amigos de outra hora, Bandeira, Andrade, nossa querida Lispector ou Williams tem palavras de consolo. Suas idéias me parecem tão vazias agora. E foi justamente no vazio que tudo começou: Eu não senti nada, quando vi que não sentia mais nada, logo percebi que não era mais nem ao menos uma sombra, visto que sombras tem a irônia de nos imitar, eu, nem mesmo isso. Humilhado e reduzido a um corpo que ocupa espaço, que o ocupa o mesmo vazio que me destruiu.
Inspira e expira, um ciclo sádico no mínimo: respiramos para viver, ao respirar matamos algumas besteiras que não se dão bem com o oxigénio, não bastasse esse ato de violência contra si próprio, soltamos todo o ar, todo o sacrifício para deixarmos a vida escapar e termos que recomeçar tudo de novo, é como se nascessemos e morressemos para cara vão ciclo de respiração. E nesse caminhar, me afasto cada vez mais de quem eu sou, e de quem eu gosto.
Queria eu poder constatar que a sociedade não é vazia, mas infelizmente ela é...
quinta-feira, julho 26, 2007
Sociedade Vazia
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