Direção - Alain Resnais (Hiroshima Mon Amour, O Ano Passado Em Marienbad, Muriel e Amores Parisienses)
Primeiro gostaria de registrar a surpresa que foi assistir esse filme, a poucos dias eu assisti "Paris, Te Amo" e esse filme consegue ser exatamente a antítese dele. Se na coleção de curtas do outro é mostrado o amor nas mais diversas formas, este longa aqui mostra a solidão que assola o mundo moderno.
É um filme bastante vivo, ele mostra a vida sem fantasias, uma vida muitas vezes cruel e que está tendendo cada vez mais para o isolamento de cada um, parece que as pessoas tem medo de se relacionar, e muito pior, que cada um apenas liga para si e não dá a menor importância para os que o cercam. Tenho pensado muito neste tema, o que fez com que meu interesse pelo filme fosse imenso, e eu ficasse imerso do inicio ao fim.
Todos os personagens do filme estão em busca de algo, cada um a sua maneira, porém buscando o mesmo fim, que é preencher um vazio inexplicável. Os cenários tem um ar de falsos, como se fosse para acentuar ainda mais o quão deslocadas essas pessoas estão. Outro fator interessante é a neve, uma constante no longa. Esse ar de falsidade e frieza dão uma atmosfera perfeita para o desenrolar da trama.
Se no passado Resnais filmou de forma crua as cenas horríveis da tragédia de Hiroshima, agora ele foi um plano mais fundo, e filmou as entranhas destruídas de uma sociedade que se afunda em futilidades e tenta basear sua fé em bens materiais.
Talvez seja um dos filmes mais tristes que eu já vi, me deu uma vontade imensa de achar o roteiro da peça de teatro que originou este longa. Quem sabe uma montagem nacional? Delírios a parte.
Está nos cinemas, provavelmente por pouco tempo, melhor correrem.
terça-feira, julho 24, 2007
Medos Privados Em Lugares Públicos - Coeurs (Alain Resnais)
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2 comentários:
LI sua crítica em relação ao filme coeurs e achei muito interessante. Também adorei o filme, que me sensibilizou muito. Você disse que gostaria de achar o roteiro da peça que deu origem ao filme. Consultando um site soube que é de autoria de Alan Ayckbourne, dramaturgo inglês que também adaptou "Smoking" et "No Smoking". O nome do roteiro é "Peurs privées en places publiques".
Um abraço
Às vezes um filme pode não parecer um grande filme, mas alguns podem transmitir certas sensações que não devemos desperdiçar. Se você existe, se você é um ser real então vai acabar de ver o filme e olhar para os lados e se perguntar para onde os personagens foram, porque eles não são apenas mera ficção. Se tiver uma coisa que Resnais conseguiu com estes personagens foi dar vida. Por isso eu pergunto: o que a ficção fica devendo à realidade e quem pode dizer que vivemos uma “realidade”? Resnais mostra como a solidão esta na nossa realidade apesar da gente viver com pessoas. O jogo do titulo em português chega a ser interessante, mas não ajuda na hora de divulgar. Minha nota pra esse filme: 9.9 - porque pra ser perfeito tem que ter imperfeição e esse filme ainda tem essa qualidade.
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