sexta-feira, agosto 31, 2007

Neil Young - Old Man

Enquanto a música me causar arrepios como isso aqui e o sangue correr em minhas veias. Estarei vivo.

O Cachaceiro Zé.

O gosto do asfalto era salgado e ao mesmo tempo confortante. Com enorme prazer o Zé aceitava sua nova posição perante o mundo, na horizontal com o sol castigando suas costas. Seus poros exalavam álcool e sua percepção já a muito tempo tinha passado a ser no mínimo questionável, e o único que soube receber de braços abertos este saco de carne, que era jogado de lá pra cá sem o menor carinho o qual um bicho humano merece, foi o amargo e receptivo asfalto da Rua Augusta. José Carlos de Deus Filho não lembrava de muita coisa, apenas flashes. Algo assim:

Oito da noite, já tinha deixado a construção pra trás faz tempo, tinha sido um dia diferente. Um de seus colegas havia tropeçado e se acabado no meio da Rua Bela Cintra atrapalhando o já caótico transito da Paulicéia Desvairada. Aquilo havia lhe chocado um pouco, foi estranho ver alguém vivo e cinco minutos depois um monte de carne deforme servindo de estopim para 115km de congestionamento. Dorival disse: “Deixa ser, como será sempre, não cabe agente a brincar com os peões divinos, mais me sobra é tomar um pileque depois do expediente, vamos?” e nessa o Zé embarcou na longa viagem que faria entre o sol poente e o sol nascente. Pegaram o 775C e desceram ali no começo da Rua de Neon próximos do antigo prédio do Estadão. A fumaça tomava conta do horizonte e as luzes amareladas do centro anunciavam uma sexta nostálgica para aquele rapaz que costumava todos os dias rumar até Itaquera para dormir no seu quarto sozinho esperando pela rotina do amanhecer o apanhar novamente. Pararam logo ali em um boteco próximo da praça dos Teatros, como costumavam chamar. Ele lembra que foi a cachaça mais sozinha que já escorregou goela abaixo.

Dorival já alto e se despediu correndo para pegar o último ônibus quando já eram quase meia noite. O dono do bar, um velho barrigudo que parecia não ter se quer um pingo de alegria em sua vida tratou logo de colocar o Zé pra fora. De tanto falarem pro Zé que a solidão devora a alma, ele engoliu seco e se perdeu no abismo que é a moralidade e o instinto. Quando se achou estava a porta de uma dessas casas de diversão noturna. Pagou os cinco contos de réis e subiu as escadas sob a luz avermelhada e borrada do bordel. Ele sabia que não era bem assim, mas afinal queria apenas poder fingir. Sempre lhe disseram sem motivo algum que tudo iria mudar e lá estava ele, uma mulata de um metro e oitenta no colo. Ela não era bonita, mas possuía aquele charme que todas tem, sabia onde tocar e como falar. Era uma atriz da vida, que aprendeu tomando muito na cara. Ela tinha os dentes um pouco tortos e o corpo já não era de nenhuma menininha, pedia trinta conto e mais o dinheiro do quarto. As luzes, a música, o sentimento de solidão aliado a euforia do toque mesmo que vendido de alguém. O nó na garganta a lagrima reprimida, tudo forçavam o pobre Zé a entrar naquele quarto.

Foi um ato de silêncio, inexpressivo e vazio como a sociedade que o cercava. Ela fez como se seguisse um manual de instruções. Se ajoelhou, tirou as calças do Zé e lhe deu prazer com a boca, depois o fez deitar na cama e foi por cima, quase que no automático. Um objetivo claro era, fazer o cara ejacular rapidamente para assim buscar outro cliente e assim ir ganhando a vida. O Zé como muitos outros não demorou e logo se encontrou perdido no sentimentalismo que pairava no ar. Ela enquanto foi até o banheiro, porta aberta e se limpou ali com um pedaço de papel higiênico causou uma depressão maior ainda no peito do Zé. Cantarolava baixinho: “Se o senhor não tá lembrado, dá licença de contar...”. Ele tentou forçar um sorriso em sua careta misto de tristeza e aflição: “Adoniram falava de nós.”, ela sorriu tão ou mais cinicamente e disse agora sem a melódia: “Deus dá o frio conforme o cobertor” e abriu a porta indicando com a cabeça pro Zé sair.

O Zé que agora só via tristeza naquela casa de tantas diversões saiu e caminhando foi até o Largo dos Aflitos, cada passo doía no coração. Achou um boteco aberto, clima pesado, algumas almas solitárias timidamente bebendo a cachaça nossa de cada dia. Buscou seu lugar no meio de seus irmãos de alma e pediu mais uma dose pro Ceifador. Lembrando de sua infância viu o dia clarear e foi jogado na rua como saco de esterco, sem um centavo pra pagar seu mais nobre analista. Caminhou por algum tempo perdido até se ver na frente do mesmo bordel que o acolhera algumas horas antes, acreditou que era um milagre. Tropeçou o meio fio como se dançasse salsa e sentiu o chão lhe acolhendo tão maravilhosamente bem. A paz.

quarta-feira, agosto 29, 2007

PJ Harvey - Darker Days Of Me & Him

Eu amo essa mulher.

terça-feira, agosto 28, 2007

Vanguart - Vanguart (2007)

É bem complicado falar de uma banda como o Vanguart, afinal toda essa nova leva de bandas devem muito ao Los Hermanos que bateram no peito e souberam criar uma nova identidade ao Rock nacional. É muito difícil desassociar a referência direta que foi o quarteto carioca para toda a cena musical conseqüente. O Vanguart porém consegue ser diferente, consegue ter sua personalidade e não se tornar meras sombras do sucesso dos barbudos. A cena musical nunca esteve tão efervescente não é uma ou duas bandas, existem algumas boas bandas surgindo e se firmando como salvadoras do que até então era um estilo em total decadência e na mão das grandes gravadoras ou dos grandes especiais acústicos.

O Vanguart soube, de cabeça erguida, reverenciar suas influências claras como; Bob Dylan, Cat Stevens, Lou Reed, Neil Young, Love ou Beatles, e em momento criou uma mistura nacional de muita classe. Devo admitir que não sou fã das composições em inglês dos caras, e como não sou um completo conhecedor da história do grupo não sei se isso seria uma ofensa a origem do grupo, caso seja me explico: acredito que nas composições em inglês ainda mostra bastante comum, sem entregar um motivo claro de porque escutar Vanguart e não Neil Young. Agora nas composições em português a Banda entrega um novo leque de possibilidades para serem exploradas na nossa música.

O disco está disponível na revista OutraCoisa (iniciativa do Lobão, por sinal uma revista de muito respeito que já lançou perolas como o disco do Mombojó.) por um preço de R$16,90 algo justo na minha opinião. Também pode se conferir o belo clipe de Cachaça no Youtube. Vamos ficar de olho no som deles, aposto numa evolução para os próximos trabalhos.

Destaques: Semáforo, Antes que eu me esqueça e Cachaça.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Conto Pré-fabricado de Amor #37

"Sim, eu acredito em você." era tudo que o rapaz magro, na verdade quase esquelético, queria poder dizer. Tinha o cabelo preto como café e escorrido - mesmo sendo prova de ao menos ter sido lavado a aparência era de algo descuidado e sujo - as roupas não ajudavam nem um pouco, o suéter era demasiadamente sufocante para o dia quente e a calça era de um tamanho mal gosto que não acrescentava em nada ao visual quase patético do senhorito. Ele era a típica pessoa que seqüestra dois segundos de sua atenção, pelo visual bizarro, e depois some para nunca mais deixar registros para ti. O que mais lhe agradava era as manhãs de sábado que surgiam quase como um filme em preto e branco, o relógio barato apitando, a sua vista da típica avenida movimenta ainda deserta e o cheiro que vinha da padaria abaixo de seu apartamento. Gostava da forma que a simetria preenchia sua casa: um quadro deste lado resultava em um quadro do lado oposto - ele justificava: "é para não pesar de mais nenhum dos lados" - a quantidade de cadeiras era sempre proporcional e até dois fogões, duas televisões e pasmem duas camas ele tinha, o que infelizmente foi uma má escolha afinal ele percebeu que teria que dormir no chão para não estragar seu perfeita balança. Claro que por muitas vezes estragava sua perfeita harmonia se pegando desligado e reparando que nunca poderia estar em perfeita harmonia com sua mais perfeita obra de balanço.

"Arranja uma namorada." foi a solução que quase todos os davam, ele não tinha muitos amigos. Seu melhor amigo era um perfeito boa vida. Filho único e mimado de uma rica família da zona sul ele levava uma vida de vícios mundanos e era daqueles que adorava despejar desconhecimento da mesma maneira que uma máquina de Pinball continua a engolir moedas. Bola nove como era conhecido demorou quase 7 anos de convivência quase diária para ter a incrível idéia de apresentar sua prima, solitária prima que era bastante excluída da família por ter uma leve tendência ao ato de balancear tudo em perfeita harmonia, claro simetricamente. Foi em um momento de tamanho insight em que bola nove percebeu possuir a solução para o problema dos dois, apesar que foi uma luta interior quase desumana para praticar o bem e unir o casal perfeito.

Foi numa tarde de sábado, bola nove tinha os convidado para assistir o mais novo episodio de "Guerra Estrelares – O Mais Novo Começo, Recomeçado De Novo." o décimo sétimo da franquia. O rapaz vestia seu melhor suéter e tinha tentando por diversas vezes um novo penteado, porém acabou não mudando com medo de parecer descuidado em relação a si mesmo. Ela vestia timidamente um vestido que sua vó tinha feito, era com os restos do tecido que tinham usado para fazer as cortinas de um garoto completamente viciado em pássaros. Ela adorava o vestido azul turquesa com diversos passarinhos desenhados. Quando lhe perguntavam, ela só respondia "Gosto muito de pássaros.".

Foi amor a primeira vista, principalmente quando ambos fizeram questão de deixar Bola Nove no meio afinal, o equilíbrio foi mantido. Depois de quatros horas e meia de raio lasers, espaço naves e um momento constrangedor aonde o roliço amigo deles desaguou em lágrimas com a prisão de um dos terroristas intergaláticos por não entregar seus comparsas o filme acabou sobre palmas entusiasmadas de ambos que procuravam o olhar do outro em um claro ato de agradar mais a si mesmos do que qualquer outro. Ali eles se juntaram e nunca mais se separaram. Afinal, o grande pesar da vida deles que era não poder estar em simetria o tempo todo estava resolvido.

A garota dos pássaros amou o organizado e balanceado apartamento novo e se mudou na manhã seguinte para lá, eles dormiam cada em uma cama, ambos virados um para o outro assim podiam mandar beijos e desejar boa noite até adormecerem aos olhos zelosos do parceiro. Tomavam café da manhã cada qual ao seu lado. No início foi um pouco difícil acertarem a quantidade igual de comida, porém isso era detalhe em uma nova vida cheia de possibilidades. Era quase torturante passar o dia longe e no perfeito caos criado pela sociedade que não sabia agradecer a natureza pelo dom do equilíbrio. Chegavam em casa procuram o centro dela para darem um abraço caloroso e cheio de remorso pelo tempo que ficaram desesperadamente longe um do outro.

Certa manhã de sábado ele foi surpreendido por algo mais do que o seu relógio barato. Um toque quente lhe acordava, ele demorou a entender e percebeu que ela estava se deitando na sua cama, tudo que pode fazer foi dar um grito de total desespero o qual espantou a garota de volta para sua cama. Ela parecia um pequeno animal acuado perante a presa, ou pior parecia uma criança acuada perante aos pais sabendo que fez besteira. Ele levantou-se e logo voltou pra cama, desesperado para manter o equilíbrio na casa. Apontando o dedo para o até então grande amor da sua vida despejou o que era a frase mais temida e difícil de ser dita: "Você não respeitou meu amor, tudo que fiz por ti, tudo que construímos você destruiu. Nossa simetria não existe mais." lagrimas rolavam abaixo em seu rosto. Ela balbuciou "Eu juro que não era minha intenção."

"Sim, eu acredito em você." era tudo que o rapaz magro, na verdade quase esquelético, queria poder dizer. Mas não disse... nem isso... nem mais nada...

Os Ombros que Suportam o Mundo - Carlos Drummond de Andrade

Os Ombros que Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Roubando Batidas do Coração.

Existem pessoas que fazem nosso coração pular uma batida, algo tão simples e tão intimamente vulgar como 119 batidas por minuto no lugar de 120; fazem toda a diferença. Em sua vida toda você irá perder algumas batidas por causa desse tipo de gente, uns mais outros menos, eu já perdi duas vezes. Pouco? Vinte e dois anos de vida, uma faculdade – merecidamente vencida - nas costas, três bandas que já falecem em seus caixões, um promissor grupo de teatro que ainda vai mostrar ao mundo a arte de sentir e mostrar vida, incontáveis noites em porões do rock ou inesquecíveis tardes risonhas onde o samba rola com felicidade... ou mesmo empregos e vida vivida intensamente como um bebe busca pela vida no peito da mãe. Apenas duas vezes pessoas me roubaram uma batida do coração.

A primeira vez foi algo quase invasivo, me senti totalmente dependente da pessoa sem nem saber o porque. Não compreendia na época que ela tinha me roubado o pulso que rege nossa vida durante toda nossa passagem por aqui. A fração de segundo que ela tomou pra si nos tornou um por muitos anos, porém a vida passa, tive que quebrar todos os meus discos do The Doors, olhar pra frente e retomar o rumo. Consumir como fogo na madeira os preciosos segundos que me deram para gastar por aqui.

Me apaixonei pela vida, pela arte, me tornei um homem apaixonado por mim mesmo. Com todas as minhas batidas por minuto devidamente e ritmicamente no lugar. Tutu, Tutu, Tutu, Tutu. A vida pulsa como um rio que busca o mar para morrer e nem se quer por um minuto me deixei preso ao saber que a qualquer momento, puf, o Tutu, Tutu, Tutu, Tutu... podia virar Tutu, , Tutu, Tutu... o silêncio, não existe banda, é tudo imaginação, não, não é. Aconteceu de novo, me roubaram uma batida do coração, só me resta ter nervos de aço bater no peito e chamar a vida para um passeio a beira mar.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Antony and The Johnsons - I Am A Bird Now (2005)

Ontem saiu a programação do TIM Festival, e confirmando o que eu já imaginava, os destaques mesmo serão a Bjork e o Antony. Não faço muita questão de ver as outras bandas, talvez exceto a Cat Power que será um show que vou assistir sem criar muitas espectativas.

Pra mim o principal da música é o sentimento, assim como o motivo da vida, da arte é capturar esses sentimentos e aproveitar cada segundo deles. Músicos sensíveis sempre chegaram a um status diferente: Nina Simone, Morrissey, Kurt Cobain, Cazuza e Nick Drake são apenas alguns exemplos de pessoas extremamente sensíveis e que conseguiram canalizar isso tudo em forma de música, cada qual com sua loucura. Antony é um personagem enigmático transpira sensibilidade, algo a flor da pele - é quase como se ele senti-se por todos e expressasse não só os sentimentos dele e sim da humanidade toda - algo quase sublime, uma sexualidade forte, e muito mais importante do que isso: uma presença avassaladora, controversa e principalmente que incomoda. Sim Antony incomodou muitos e não teve um caminho fácil para chegar aonde está hoje. Ele fez muitos criticarem seu visual, e muitos chorarem; muitos como o Lou Reed que chorou ao ver este, então ainda garoto, debulhar confissões no piano.

I Am A Bird Now é o seu segundo trabalho de estúdio, lançado em 2005, ganhou diversos prêmios e foi para este que vos escreve o melhor disco do ano. É um trabalho cheio de nuancias belíssimas, sutilezas que quase nos sufocam, que dão aquele nó na garganta. A voz forte e assustadoramente parecida com a de ninguém menos que Nina Simone conduz o ouvinte por um caminho amargo de uma grande perda ou de um grande depressão, porém um caminho lindo e tocante. A sinceridade que o disco soa é de fazer qualquer um se mover, impossível não tomar posicionamento perante tal obra. Mesmo os que se incomodam por não estarem no estado de espirito pra tamanho viagem nostálgica por sentimentos que todos já passaram.

Destaques: Hope There's Someone, My Lady Story, For Today I Am a Boy, You Are My Sister, What Can I Do? e Fistful Of Love (Maravilhosa).

terça-feira, agosto 21, 2007

Ratatouille - Ratatouille (2007)

Direção - Brad Bird (Os Incríveis, O Gigante de Ferro e 2 episódios de Simpsons).

A muito tempo que já sabemos que as animações chegaram a um nível que transcende o universo infantil e muitas vezes se mostra algo mágico para todas as idades. Brad já havia demonstrado isso em Os Incríveis, um filme muito divertido, cheio de referências para os adultos e ao mesmo tempo bastante direto no quesito entretenimento para os mais jovens. Agora subimos a um novo patamar. Ratatouille é um dos melhores filmes do ano. Esta animação quebrou a separação entre filme e animações, eu falo sem medo nenhum de estar cometendo alguma injustiça: Ratatouille com certeza vai ser muito melhor que o filme que levará o Oscar ano que vem, porque imagino que a estatueta de melhor animação fique por aqui, espero!

Remy é um jovem rato que diferente de sua família não se contenta em buscar no lixo sua refeição. Ele prefere criar, buscar e achar novas sensações e sabores, ele é um artista, um apaixonado pela arte da culinária. Ele vivia no campo em sua colônia até que precisando fugir se perde dos parentes e vai parar sozinho em Paris. Para então ajudar um jovem atrapalhado sem futuro algum no seu novo emprego em um renomado restaurante. A premissa é essa, mais revelações iriam estragar o filme.

O filme é tratado com um sentimento único e algumas cenas beiram obras de arte dos mais renomados diretores. Remy sentindo os sabores de um Cogumelo flambado, seu pobre irmão quase sentindo o mesmo, o orgasmo de cores que é quando a pessoa sente aquele momento de mágica, quando um dos personagens volta a infância por sentir um sabor em especial, a trilha francesa, a linda fotografia...

Altamente recomendado, alguns poucos cinemas ainda estão exibindo, o Espaço Unibanco eu sei que ainda está em cartaz. Aconselho que assistam na tela grande.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Enconstros e Desencontros - Lost In Translation (2003)

Direção - Sofia Coppola (Virgens Suicidas e Maria Antonieta)

Primeiro gostaria de comentar a importância deste post, eu infelizmente, tenho uma terrível mania de começar coisas e não ir até o fim. Assim foram outros dois blogs, algumas bandas, alguns projetos. Porém desta vez consegui, estou chegando ao centésimo post. Ainda achando meu rumo, mas eu não preciso de muito dinheiro, graças a Deus, e não me importo honey. Sim, eu ando muito a flor da pele, e esse blog ajuda de muitas formas. Eu reservei para esse post tão especial, o filme que batizou este meu pequeno canto, Perdido na Tradução, que foi traduzido para o Brasil como Encontros e Desencontros é um dos filmes que mais me tocou dentro de uma sala de cinema e sim, porque não? Na vida. O que falar de um filme que me deixou tão a flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar? O que falar do filme que me deu o empurrão para ser de vez o que eu amo, teatro, sim Bill Murray me comoveu ao ponto de falar, "mãe, quero ser isso quando crescer.", mesmo o filme mostrando o ator em uma fase decadente.

Solidão, cidade, alienação, reflexões, vida, muita e muita vida. Esse post será sim, só de elogios. A química mais perfeita entre dois atores, duas atuações perfeitas por si e magnificas juntas. Um roteiro moderno, afiado, com o ritmo certo. Silêncios que dizem tudo, o mundo que cada vez mais é regido pelo silêncio, medo e insegurança. Não dá pé, não tem pé nem cabeça. Assisti o filme no Cine Genesi, na nossa querida Av. Paulista, sai pasmo, e fui andando até em casa, ou seja: desci a brigadeiro inteira e andei metade da Av. Santo Amaro. Não dormi naquela noite. O filme diz tudo por si só.

É um post totalmente emotivo, não é uma crítica, e sim um agradecimento a isso que é arte. Arte, toca alma, e esse filme tocou a minha. Agora vou torcer pra minha Charlotte ser quem eu acho que é.

Obrigado.

sexta-feira, agosto 17, 2007

A Eterna Busca Pelo Demônio Interior.

Todos temos um Demônio, não no sentido conhecido da palavra, mas sim no sentido de uma entidade que nos eleva para entrarmos em contato com algo maior. Bom ou mal é uma questão de ponto de vista. Todos devemos tentar achar esse demônio interno.

Quero sentir os fogos de artificio explodindo em milhões de sensações. Quero sentir tudo, ao máximo, nem que seja motivo de minha morte, queria sentir o mundo. Ser a borboleta que voa até a chama para só assim saber como realmente é belo o fogo.

quarta-feira, agosto 15, 2007

De Volta Pro Futuro - Back To The Future (1985)

Direção - Robert Zemeckis (Naúfrago, Contato, Forrest Gump, Tudo Por Uma Esmeralda)

A ficção cientifíca é um dos gêneros mais complicados de se trabalhar, afinal até onde a imaginação vai? Não existe limites, assim como não existem técnicas, formas, objetos e matéria prima para transformar tudo que imaginamos em concreto. O cinema tem a magia de nos levar justamente para a cabeça do diretor. Seja em um mundo perdido de dinossauros ou em uma guerra estrelar, o cinema tem esse poder.

De Volta Pro Futuro, é a minha triologia de ficção preferida. Viagens no tempo sempre me fascinaram, e esse filme foi dirigido com a mão de um dos mestres do cinema hollywoodiano por essência. Zemeckis, sabe como ninguém acertar quanto a fazer cenas de forte emoção, com uso de trilha sonoras fortes. Não poderia ser diferente, De Volta Pro Futuro, tem uma das melhores trilhas originais que conheço, até hoje me pego ouvindo o tema e me emocionando.

Claro que o filme guarda todo um saudosismo especial, uma nostalgia de tempos que não voltarão. A história é sobre McFly, um jovem, que vive em um subúrbio americano e é amigo do excêntrico cientista, este inventa uma máquina no tempo que conforme vai sendo usada, começa a causar problemas, que tentam ser revertidos e se prolongam pelos três filmes. É um clássico que não merece ser comentado demais, merece sim ser revisto diversas vezes, cinema divertido e de qualidade.

terça-feira, agosto 14, 2007

Air - Moon Safari (1998)

O que fazer quando tecnicamente um disco de som ambiente toma todo o ambiente e lhe deixa mais ligado na música do que o que está em sua volta? Moon Safari, disco da dupla francesa Air, lançado em 1998 é talvez um dos maiores trabalhos de música eletrônica ambiente. "La Femme Dárgent" que o diga, a música abre o disco e nos leva em uma viagem de quase 7 minutos, levada em um baixo malandro e cheia de teclados que fazem cama para as mais diversas texturas.

Talvez um dos pontos mais interessantes, seja o uso de vários instrumentos retrô, anos 70, anos 80. O que antes era quase sempre usado no rock progressivo, aqui ganha outra roupa e é usado com extremo bom gosto. Essa mistura, uma sonoridade que nos remete ao antigo, e soa extremamente nova é um dos pontos que mais encanta durante o álbum todo.

É um disco para sentar, e curtir. Uma viagem sua, talvez sua e de mais alguém, existem vários detalhes, e muitos lugares que o som pode te levar ouvindo esse pequeno exemplo de um disco Pop, criativo, forte, e belíssimo.

Destaques: Le Femme Dárgent, Sexy Boy, Ce Matin La, La Voyage De Penelope, All I Need.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Carta de Despedida.

Tenho me encontrado muito triste, as vezes sinto que meu coração está tão batido e tão usado, que já é velho demais para se partir, e nessas horas eu tenho achado o aconchego da solidão. Mesmo sabendo que em um mundo de tantos solitários é extremamente egoísta, ser solitário sozinho. Minha vida gira em torno dessa magia, desse momento único que vai ser pintado no ar como uma tela de Van Gogh, porém assim como um quadro, se ele for rasgado, ou modificado, ele não existe mais, a magia da criação, da assustadora tela em branco que oprimi o criador até que este vença seus demônios e faça sua maior obra de tarde, essa magia se perde e não volta, pode ser até algo romântico demais de minha parte. Mas o mundo está cheio de conformados, e eu não vou ser mais um deles, busco o quase impossível, o quase inumano fato de achar em um segundo, aquele segundo que seu coração para de bater, o sentido do resto da vida.

A vida é um sacrifício caro, agente paga a cada segundo morrendo um pouco, não quero estar morrendo, imaginando que vou me conformar e aninhar no colo mais próximo. As violetas podem romper as rochas? No meio deste mundo tão distorcido e assustador, eu acredito cegamente, quase que como uma religião, que sim, as violetas podem romper as rochas, e assim como eu e você, um dia vamos romper e acharmos a peça que falta.

sexta-feira, agosto 10, 2007

Balance - Christoph & Wolfgang Lauenstein (1989)

Ainda dentro da minha jornada em buscas destas pequenas pérolas perdidas na teia, apresento, esta pequena epifania:



Grato ao grande Diogo, colega de faculdade, excelente gosto.

quinta-feira, agosto 09, 2007

One Froggy Evening - Chuck Jones (1955)

Outro dia me esforcei para assitir inteiro um desenho com meu sobrinho de 9 anos. Um tal de avatar, que coisa horrível. Podem dizer que os tempos são outros, porém olhem que obra de arte.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Camera - David Cronenberg (2000)



Direção: David Cronenberg (A Mosca, Videodrome, A Zona Morta, Marcas da Violência, Spider)

Cronenberg sempre foi um diretor que eu admirei muito, seus filmes tinham sacadas sempre geniais de como brincar com nossas mentes, Videodrome é um clássico pra mim, Spider pertubador e Marcas da Violência é muito bom. Porém, este curta dele é maravilhoso, um trabalho de atuação muito bonito sobre um tema que eu tenha pensado muito, a velhice. Bom assistam, ando meio sem força pra escrever coisas mais complexas, em breve volto.

segunda-feira, agosto 06, 2007

Elissa - Jeff Celentano (1997)

Curta maravilhoso.

Duas pessoas se reencontram depois de um relacionamento que não acabou nada bem. Mesmo depois de pesquisar no IMDB a respeito do diretor e atores, não achei nenhum link com outras coisas que tenha visto. Segue o curta:

Camino Real



Assistam a peça.
Algum tempo atrás eu comentei dela aqui mesmo neste blog. Já fui ver 3 vezes desde então. É maravilhosa.

quarta-feira, agosto 01, 2007

O Sétimo Selo - Det Sjunde Inseglet (1956)

Direção - Ingmar Bergman (Fanny e Alexandre, O Silêncio, Vergonha, A Paixão de Ana e Morangos Silvestres)

Estava preparando esse texto sobre o clássico do Bergman, falecido neste último dia 30, quando me deparo com a morte de mais um grande cineasta - Michelangelo Antonioni - fica aqui meu sincero pesar pela perda de dois "monstros", com todo o respeito, da arte moderna.

O Sétimo Selo é um dos clássicos do Ingmar, nele um cavaleiro ao voltar das cruzadas se depara com sua terra devastada pela peste negra. Ele encontra a Morte, que o desafia em uma partida de xadrez para salvar sua vida. A fé abalada pelas reflexões a respeito do significado da vida é um prisma analisado de forma muito curiosa.

É um filme muito difícil de ser analisado e discutido sem assisti-lo algumas vezes pelo menos. É bastante existencialista, profundo e realista. É impressionante como é cheio de simbolismo e ao mesmo tempo direto. Chega a ser muito enigmático, obscuro em certos momentos sem deixar jamais de ser belo. É arte.

Esse grande diretor nos deixou um imenso legado de filmes, tentarei passar um pouco o que sei a respeito dele, comecei pelo primeiro filme que assisti dele. Em breve vou procurar falar mais. E o próximo filme será de outro mestre, Antonioni, aguardem.