terça-feira, novembro 27, 2007

Bar Lua Azul

Bar Lua Azul

Não percam. Dias 4 e 5 as 20h30m no Espaço Cênico Viga (Rua Capote Valente, 1323)

O Reino - The Kingdom (2007)

Direção - Peter Berg (Nada que eu tenha visto)

Esse filme tinha tudo para ser bem ruim, não tinha cogitado de forma algum assisti-lo, tendo em vista que estou com um bocado de coisas pra fazer e mais um belo punhado de filmes engavetados pra assistir, porém existem situações em que abrimos exceções; um amigo de infância, que anda afastado pelas dificuldades que a vida profissional coloca e que raramente bate a agenda com a minha para marcar algo, lhe convida para ir ao cinema, comer algo e bater um papo, ao chegar no cinema, o único filme relativamente interessante é este além de ser o único que estava em um horário agradável. Foi dentro dessa situação quase onírica que acabei caindo de para-quedas em uma das novas salas da rede Cinemark no shopping Eldorado. Devo ressaltar que as salas estão de um capricho magnífico, ótimas poltronas, uma ótima tela, som muito bom, além da promoção que qualquer sessão essa semana até o dia 29 sai por seis reais. Mas enfim vamos ao filme.

Primeiramente me animei ao ver que era algo do Jamie Foxx que já havia debulhado em todos os sentidos ao interpretar Ray Charles no mais do que excelente "Ray". Não é uma atuação de gala como a anterior, porém Jamie se mostra versátil e convence no papel do agente especial do FBI. Infelizmente como muito do que nos é jogado por Hollywood, não temos um desenvolvimento bom das personagens e ficamos mais presos a trama e ação do que qualquer elaboração maior. Mais talvez o maior pecado seja que o filme passa o tempo todo em cima do muro, não é um thriller de ação nem um suspense policial, é mais para aqueles genéricos que tentam ser modernos. Para explicar melhor vou exemplificar: começamos com muita ação jogada na tela de forma frenética, então temos um longo e denso momento de manipulações políticas para se chegar ao fim que temos um sessão a la Rambo. Não que essa lógica nunca funcione, porém, quando não dado o devido enfoque e cuidados nas emendas, acabamos tendo algo forçado e que aparentemente amador.

Agora existem méritos sim, começando pelo fato que tenho dormido muito pouco, e em momento algum tive sono! Uma vitória para Berg, em segundo momento, o que é mais importante foi a forma muitas vezes humana que retrataram os Árabes, coisa que os americanos as vezes esquecem. Agora se existe um grande momento, digno de ser visto por muitas e muitas pessoas e que com certeza paga o filme e redime de toda a falta de sentido e cenas de ação aparentemente gratuitas é o final, não vou contar claro, porém as duas ultimas frases são de um impacto que a bastante tempo não é visto. Enfim diversão pipoca com uma boa mensagem no final.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Bar Lua Azul

Bar Lua Azul

Olá a todos, meu nome é Fifi, sou garçom deste maravilhoso Bar Lua Azul. Trabalho aqui a bastante tempo e o que eu vejo por aqui poucos olhos puderam ter a chance de presenciar em outro lugar. Como todo bom ambiente boêmico aqui é um reduto para almas perdidas e desoladas, um porto para marinheiros perdidos, agora o que poucos sabem é que aqui quem manda é o sentimento e a imaginação, ambos imperam sobre a razão. Já vi príncipes e princesas, detetives, bruxas, guerrilheiras, objetos místicos e muitas outras coisas fantasiosas acontecendo por aqui. Então venho lhes convidar, por esses poucos dias que abrirei o Bar nesta cidade maravilhosa que é São Paulo, a conhecer este lindo Bar. Quero a casa cheia de alegria, cores e vida, todos aqui estão convidados a presenciar essas duas noites mágicas. Aguardo vocês com todo o entusiasmo possível.

Um mega beijo.

Fifi.

Bar Lua Azul.
Espaço Cênico Viga - Rua Capote Valente, 1323 - Sumaré (Próximo a Estação de Metrô Sumaré.)
Dias 4 e 5 de dezembro às 20h30m.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Mario Quintana

Do Amoroso Esquecimento

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Continuando minha saga através do delicioso e onírico mundo das poesias, visito este que é um dos meus preferidos, Mario Quintana, é um dos grandes mestres da arte de poetizar. Vindo da minha querida Porto Alegre, cidade que carrego um apego especial e em breve gostaria de passar um tempo por lá, Mario era um jornalista de primeira mão, além de ser considerado um poeta que primava por excelência técnica e bastante profundidade em assuntos bastante simples, Quintana era o mestre da ironia, exemplo maior é seu nome ser grafado sem acento e as ótimas tiradas de humor tão características de sua obra.

Engraçado o fato que este grande poeta foi recusado por três vezes na ABL, e depois tarde demais quando reconhecido seu valor, foi convidado e recusou cordialmente o convite. Da-lhe Quintana. Esse verso é inclusive para aos membros da associação:

Todos esses que aí estão / Atravancando meu caminho / Eles passarão... / Eu passarinho!

Se alguém quer se iniciar na arte do poeta gaúcho um ótimo começo é a livreto "Quintana de Bolso" da editora L&PM, uma edição simpática com um apanhado de poesias por um preço pra lá de camarada, menos de R$10,00.

Viva o mestre.

Os Degraus

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Pablo Neruda

El Amor

Pequeña
rosa,
rosa pequeña,
a veces,
diminuta y desnuda,
parece
que en una mano mía
cabes,
que así voy a cerrarte
y a llevarte a mi boca,
pero
de pronto
mis pies tocan tus pies y mi boca tus labios,
has crecido,
suben tus hombros como dos colinas,
tus pechos se pasean por mi pecho,
mi brazo alcanza apenas a rodear la delgada
línea de luna nueva que tiene tu cintura:
en el amor como agua de mar te has desatado:
mido apenas los ojos más extensos del cielo
y me inclino a tu boca para besar la tierra.

Coincidência ou não, daquelas arteiras que só Cronos, o senhor do tempo, consegue aprontar, menos de um dia depois de escrever da musa Cecília Meireles, tive súbita vontade de falar um pouco de Neruda, esse poeta Chileno que domina as palavras como poucos. Talvez a parte mais espantosa dos fatos correlativos seja que Pablo também teve uma morte bastante cedo na família, perdeu a mãe que era professora primária quando tinha um mês de vida. Quem assistiu ao maravilhoso filme "O Carteiro e o Poeta" saiba que é a história de Neruda que é contada, no período em que ele passou em uma ilha na Itália e de fato passou os segredos dos versos a um jovem carteiro, o filme é de uma beleza descomunal, se nunca nem ouviu falar, pare de ler isso aqui agora e vá procura-lo.

Se nunca leu nada de Neruda, eu pessoalmente recomendo que comece por 20 Poemas de Amor e uma Canção Desesperada. É o terceiro livro do chileno e nele agente conhece melhor o lado jovial e vívido que consagrou-o no início de carreira. Era sim o poeta do amor, e também era comunista, escritor, amante de todos seus amigos, das mulheres, dos charutos e dos vinhos. Estar vivendo em Santiago despertava um enfervecer delicioso. Começamos a acompanhar a forma delicada e graciosa que o poeta revela e explorar os mais simples detalhes da vida. Outra opção mais em conta e fácil de encontrar é Cem Sonetos de Amor, que foi publicada pela editora L&PM e custa em média 10 reais. É dessa coleção que tiro este outro maravilhoso poema, que mesmo traduzido não perde a força:

Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio

Eu te amo para começar a amar-te
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado

Meu amor tem duas vidas para amar-te
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Quando as festas terminam...

Quando as festas terminam, começamos a nos deparar com os delicados e encantadores despojos: seja na fotografia digital, na quilometragem do carro que é um triste relógio impecável; no ar fica o aroma melancólico da comida feita com tanto amor, um banquete de cores, verde, marrom, branco, vermelho, laranja, batidos com temperos especialmente escolhidos, despejados em travessas para o deleite geral; símbolos como uma estrada de terra ou um por do sol, agora são desmesuradas recordações, sustentando-se com as garras fincadas em nosso mais profundo subconsciente, como uma árvore centenária. Acabou-se o festejar, desmanchou-se a fantasia, volta-se a realidade.

A cruel e dura realidade, desprovida de falsos alardes. Por detrás desta máscara que vestimos para aparentemente sermos, escondemos o verdadeiro e único desejo, que se oculta e se emaranha para nunca ser descoberto, um instinto tão bem escondido que apenas as festas permitem que sua força bruta quebre qualquer máscara que a reprime o ano todo.

Ao mesmo tempo que podemos afirmar que todos somos únicos e com isso formamos uma variedade imensa, isso tudo soa contraditório demais: o meu encanto é o seu maior defeito, e para outros é a indiferença batizada de "vejo o que quero". É quase embriagador saber que passamos tanto tempo nos contendo e que em uma plena época em que médicos e advogados são a trilha do sucesso existe ainda tanta vocação para sermos apenas bicho homem e que apenas trilharmos nosso próprio instinto.

Todavia, nem tudo é Carnaval, neste país governado por uma corja de bandidos e dito uma economia emergente, quem poderia imaginar que há tantos filhos da mesma ideologia, que existem sereias e hippies perdidos por aí. Que existem jovens que recebem a magia da fada madrinha e passam uma noite de príncipes e princesas no baile do reino do imaginário, porém essa mágica resulta, afinal, em algo muito mais caro: pois no conto de fadas o final é sempre feliz, aqui, o preço não é nem um pouco desprezível, pois dura somente poucas horas ou dias.

E são justamente esses jovens, oriundos de um país tão liberal - segundo dizem - que irão com coração imperial, sonhos profundamente lúcidos e muita vontade no peito, explodir e começar a maior trilha que alguém pode desejar estar, a que fica entre ele e ele mesmo. É o nosso sonho de grandeza, a nossa revolução pessoal, compensando, a exagerada valorização que damos aos méritos mesquinhos do dia a dia...

Mas, agora que a Festa passou, que vamos fazer com tanto sonho em terra aonde não se dorme?

Não podemos viver de ilusão, apesar de amarmos ela, não devemos esperar a próxima fiesta...

Cecília Meireles

Meu Sonho

Parei as águas do meu sonho
para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
ficou por cima, a procurar...
Os pássaros da madrugada
não têm coragem de cantar,
vendo o meu sonho interminável
e a esperança do meu olhar.
Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar ?
Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar.

Fazia tempo que não me entregava a magia da Cecília, ela tem esse dom fantástico que é fazer arte com a escrita, se não conhecem nada dela, podem procurar o livro Cânticos que é um dos meus preferidos de todos os tempos.

Para os mais desavisados, Cecília foi uma poetisa brasileira, carioca, que sabe como ninguém lidar com temas como a passagem do tempo sem deixar marcas ou sentidos latentes na vida. Em um trecho de texto da própria:

"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno..."

Somos colocados um pouco mais a par da dura realidade que nossa querida poetisa enfrentou. Duras perdas desde criança, são alicerce fundamental para a obra dela. Como se não bastasse ainda teve o suicídio de seu primeiro marido, com o qual tinha três filhos.

E como diria o mestre Mário Quintana:

"Nem tudo estará perdido
Enquanto nossos lábios não esquecerem teu nome:

Cecília..."

quarta-feira, novembro 21, 2007

epifaniedade #1

Como sinfonia romântica ontem meu sono viajou por terras desconhecidas. me senti galopando na marcha eslava e desafiando batalhões inteiros. pois sim, sou herói, sobrevivo aos ideais franceses e a labuta diária. é ontem eu sonhei, sonhei como não sonhava a mais de ano. como toda a lógica nebulosa de um sonho, não sei direito o que me aconteceu, sim, o efêmero sempre me atraiu muito, e como não podia ser diferente peguei esse meu devaneio e formei uma pequena esfera, bem fofinha, com farinha e ovos e fritei no azeite. sonhei que voltava pra casa com meus queridos, tinha o groove do jazz embalando o carro e uma garoa delgada, quando cheguei em casa minha gata estava lá estática me olhando com aquela reprovação pesada em seus olhos verdes. fugi de sua malícia e escorreguei para debaixo do edredon macio, me senti em um tanque de areia movediça, afundava, afundava, afundava, até sumir. quando sumi por completo, tudo fez sentido. a doce e suave recordação nostálgica agora me afogava e finalmente poderia admitir, admitir algo que não pude nem quando perambulei sozinho na chuva após a primeira bota, ou quando perdi o primeiro emprego, ou me toquei que tinha feito até agora escolhas bastante erradas, mesmo quando acordava sempre pior do dia anterior no qual exageros me levavam ao fundo do poço, pude finalmente depois de tudo isso admitir que não sei de nada e que consigo sentir saudades de algo que nunca fui.

terça-feira, novembro 20, 2007

Onde?

Cheguei agora de longe, de um lugar tão longe que me senti perto de tudo que faz tanta falta aqui, sujo de barro e com a pele queimada, com uma angústia no peito de não estar mais lá, totalmente perdido, me sinto dentro de minha própria garganta entalado. mas vou continuar fazendo tudo como fazia antes, porém com um contíguo de felicidade trazida de lá longe. antes deste romper do alvo momento passado, sei que muito aprendi e muito cresci. espero ter colocado algumas partes pouco sabedoras em um triturador e agora só quero é deitar me na minha cama ao som da vida até que ele acalme essa batida descarrilhada e síncopa do meu coração dessemelhante ao passado onde todos esses excessos passavam muitas vezes sem deixar marcas. agora com tudo engastado em meu peito aberto vou tocar em frente, assim como quando um violeiro toca. quero receber meu merecido boa noite mesmo que seja de dia. o escurão da noite vai passar com todas essas estrelas que brotaram. agora tocaremos nossa arte em frente fazendo do sertão da sociedade campo fértil para que as violetas rompam as rochas. pois a vida é isso sem medo sem dó sem arrependimento. agradeço a essas estrelas nascidas da vigília de um santo ferido.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Joe Cocker - With A Little Help From My Friends

O feriado promete, um retiro teatral fantástico no meio do nada. Depois conto.

Fiquem com o hino de uma geração:

Sonhos....

Acredito que o problema não seja a falta de coisas acontecendo. Tem. Tem muita coisa acontecendo de fato, mais do que eu até desejei algum dia. Possibilidades mil, encruzilhadas a cada curva na estrada, desvios planejados e não planejados, e qualquer outra figura de linguagem adaptável a nossa vida. Porém todas essas possibilidades estão me levando para um caminho o qual somente me traz uma pontada dos meus sonhos. Seria muito ganancioso querer mais? Pedir mais ao mesmo tempo que tanta gente se contenta com muito menos?

Eu quero trilhar muitos outros lugares, São Paulo é sim uma cidade especial pra mim. Não que eu conheça muitas outras, porém com tamanha identificação com essa cidade cinza, duvido que crie tamanho apego por outro lugar. Mas não é por isso que fecho a cara e muitas vezes ando nas ruas fazendo as pessoas se desviarem. Não é por isso que por vezes me pego na mais profunda solidão.

Não quero mais ter como único feito as coisas que faço no dia a dia. É incrivelmente lamentável sentir-me culpado por algo que não fiz. Não é como se eu quisesse apenas juntar as tralhas e dar o fora, é quase como uma dívida para comigo mesmo. Há quem diga que só o tempo cura, porém o tempo também pode ser o maior inimigo pra quem tem fome de viver.

terça-feira, novembro 13, 2007

pó de alma.

Sinto muita falta da época que era eu, meus sonhos e ideologia furada contra o mundo todo. Uma fúria descontrolada e desmedida, ganancioso, de traz da minha guitarra e sobre meu palco achando que o picadeiro do mundo mudaria com duas notas ou um monologo. Saudades desse vigor juvenil que se esvaiu e que nunca mais consegui encontrar em um eu dilacerado e perdido. De um eu quem talvez nem eu seja mais. Sinto tanta falta desse eu.
As notas enfurecidas deram lugar ao ritmada batida marcante, e os sonhos... é triste, tenso e triste demais. Tensão descabida de motivo e implacavelmente cruel. E essa falta de vontade de sair? Aonde está toda a sagacidade que levava esse sonhador para noites perdidas em porões do submundo paulista? Agora, como um zumbi tenho que comer e dormir para levantar no dia seguinte, no máximo tendo sonhos de uma época que se foi.
Rebelde sem causa? James Dean ilustrava uma juventude sem causa mas com muito sonho. Hoje ícones sem face representam uma juventude sem causa nem sonho. Me sinto mais um no meio da multidão, sendo levado pela inércia que move a massa. Mesmo querendo ser joio no meio trigo, os sonhos que não passam de memórias, me acorrenta num passado que pode ter sido em vão. Me enlouquece acordar e sentir que o ontem talvez tenha sido um sucesso perante ao eminente fracasso do hoje. Falo como um derrotado, porém penso como o povo, apenas jogo o pão na cara do Senhor e não rio das palhaçadas do circo.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Poesia: Alberto Caeiro

Hoje de manhã saí muito cedo

Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...

Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.

Assim tem sido sempre a minha vida, e
Assim quero que possa ser sempre --
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.

sábado, novembro 10, 2007

Citação: Virginia Wolf

Recorro aos dias em que não bebi tanto como hoje para não merecer nada do que digo, presto homenagem ao meu instinto por aquilo que não faço, roer a corda do que me prende ao que quero ser, para que possa finalmente ser o que sou.

Será que quando o for... vou querer morrer?

quinta-feira, novembro 08, 2007

Durval Discos (2002)

Direção - Ana Muylaert (Assina o roteiro de "O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias.")

Uma das características mais marcantes dos antigos Lps era o fato de ter dois lados diferentes, o A e o B, isso é perfeitamente aplicado para esse grande filme nacional de 2002. É muito difícil rotular esse grande trabalho da diretora Ana Muylaert, não é uma comédia, nem um drama, é uma viagem por um reino trágico e onírico, com momentos de uma beleza plástica próxima aos grandes mestres como Tim Burton e David Lynch.

Um trabalho que explora praticamente uma só locação, poucas personagens, porém emoção de sobra, e situações pra lá de inusitadas. A primeira parte apresenta as personagens, Durval, o qual me lembrou muito um amigo, sua mãe, a vizinha, e a empregada que contratam. Tudo num clima leve e bastante gostoso, quando somos apresentados para a garotinha Kiki, é impossível não abraçar o carisma da garota. A atuação mais do que soberba de Beth Fraser é um dos grandes destaques, no papel de Dona Carmita, mãe de Durval.

O roteiro caminha de forma surpreendente da metade para frente, seria um crime apontar qualquer uma das peripécias que bagunçam a vida de nosso anti-herói. Com um clima que lembra muito os romances de Nick Hornby, somos jogados a uma trama bastante original e nos vemos perdidos e com um nó na garganta.

Destaque de arrepiar para a tomada de abertura, que é um longo plano pela Rua Teodoro Sampaio, poucos ousam filmar um plano tão longo e tão elaborado como esse, um deleite. Durval Discos faz parte de uma safra de filmes nacionais ímpar que nos pegou de surpresa no começo dos anos 2000. Filmaço, altamente recomendado.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Será... de John e Ka.

08/09/2007

John e Ka


Será...


Zona Descordenada Compasso Quadrado

Devaneios Austero

Atenciosamente Avoado Colméia

Seus putos e voraz com canela

No porão de veludo a camélia desde a canela

Revolucionários da Viola Caipira Teadorar, Teodara.

Vários Fogos Com Inside da Galáxia Distante

Adoro Chiar! Inconstitucional

Tintilindar, vergoreiro

Sangue correndo nos copos de neón

ocos e livres, concentra – ação

cordas de aço na claustrofobia, tic-tac...

senhora de si, ódio momentâneo

Bigode malandro e amor descontrolado

Tenebrosos Vilões Sangue! Sandman

Telefones Geniais e Ostra Mongolóide Aula

Laque, Reinventar a alma e chanel número 5.

Cristianismo Agnosticamente Composto

Austeridade, adoro essa palavra. Bonitinho, gay

conforme a norma 337 e 442

formidável cor-de-rosa


"Não quero mais saber de lirismo que não é libertação" Manoel Bandeira.


Karla tu é foda. Amo-te.

terça-feira, novembro 06, 2007

pensamento solto.

ao menos aparecem as vezes algumas situações prazerosas por alguns minutos, sábio é aproveita-las e estar ciente que nada é para sempre, e que cada vez mais nada dura mais do que muito aquém do que podemos desejar.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Into The Wild (2007)

Direção - Sean Penn (O ótimo Sobre meninos e Lobos e Unidos pelo Sangue)

Um excelente filme que mostra belas paisagens e trata da vida, sem grandes elucubrações. Não vou me prender a história, a qual é muito mais interessante embarcar sem o menor conhecimento prévio. Foi o melhor filme da Mostra de Cinema e concorre fácil ao menor do ano, batendo de frente com grandes como Lynch e Cronenberg.

Primeiro irei fazer a sessão de rasgar elogios. É um filme lindo, tocante, me fez chorar em algumas passagens de pura inspiração. Está tudo lá, no roteiro e nas atuações, tudo bastante humano e real, as relações frágeis e ambíguas, tudo extremamente simples e real, talvez muitos não considerem isso um ponto forte, porém eu acho extremamente difícil de se achar e quando feito na medida certa é sublime. Nada soa artificial ou sem vida, é tudo bastante orgânico e de uma sutiliza cativante. É o melhor trabalho de Penn.

Vemos pinceladas de Terence Malik, algo de Werner Herzog e um pouco de Ken Loach. E não achei o filme longo, como algumas pessoas comentaram, na verdade, acredito que para uma jornada de tamanha magnitude, é de fato necessário passar por tudo que vimos no filme. Ao final da sessão, vi muitas pessoas saindo emocionadas.

Aspectos técnicos ficam até um pouco ofuscados diante a tanto coração e alma colocados em um trabalho. Me encantei com as atuações, com as locações, com as belas tomadas de silêncio, com a trilha que acrescenta e não distrai, alias a trilha foi composta por ninguém menos do que Eddie Vedder, seu primeiro trabalho solo. Filmaço que deve ancorar em outros cinemas depois do furacão da Mostra.

Quanto ao cinema, que venha 2008.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Catarse

Purificação, libertação e limpeza. Superação em um ato, de alguma maneira opressor. Passagem obrigatória para o crescimento. A melhor escola é o sofrimento.