quinta-feira, novembro 08, 2007

Durval Discos (2002)

Direção - Ana Muylaert (Assina o roteiro de "O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias.")

Uma das características mais marcantes dos antigos Lps era o fato de ter dois lados diferentes, o A e o B, isso é perfeitamente aplicado para esse grande filme nacional de 2002. É muito difícil rotular esse grande trabalho da diretora Ana Muylaert, não é uma comédia, nem um drama, é uma viagem por um reino trágico e onírico, com momentos de uma beleza plástica próxima aos grandes mestres como Tim Burton e David Lynch.

Um trabalho que explora praticamente uma só locação, poucas personagens, porém emoção de sobra, e situações pra lá de inusitadas. A primeira parte apresenta as personagens, Durval, o qual me lembrou muito um amigo, sua mãe, a vizinha, e a empregada que contratam. Tudo num clima leve e bastante gostoso, quando somos apresentados para a garotinha Kiki, é impossível não abraçar o carisma da garota. A atuação mais do que soberba de Beth Fraser é um dos grandes destaques, no papel de Dona Carmita, mãe de Durval.

O roteiro caminha de forma surpreendente da metade para frente, seria um crime apontar qualquer uma das peripécias que bagunçam a vida de nosso anti-herói. Com um clima que lembra muito os romances de Nick Hornby, somos jogados a uma trama bastante original e nos vemos perdidos e com um nó na garganta.

Destaque de arrepiar para a tomada de abertura, que é um longo plano pela Rua Teodoro Sampaio, poucos ousam filmar um plano tão longo e tão elaborado como esse, um deleite. Durval Discos faz parte de uma safra de filmes nacionais ímpar que nos pegou de surpresa no começo dos anos 2000. Filmaço, altamente recomendado.

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