Como sinfonia romântica ontem meu sono viajou por terras desconhecidas. me senti galopando na marcha eslava e desafiando batalhões inteiros. pois sim, sou herói, sobrevivo aos ideais franceses e a labuta diária. é ontem eu sonhei, sonhei como não sonhava a mais de ano. como toda a lógica nebulosa de um sonho, não sei direito o que me aconteceu, sim, o efêmero sempre me atraiu muito, e como não podia ser diferente peguei esse meu devaneio e formei uma pequena esfera, bem fofinha, com farinha e ovos e fritei no azeite. sonhei que voltava pra casa com meus queridos, tinha o groove do jazz embalando o carro e uma garoa delgada, quando cheguei em casa minha gata estava lá estática me olhando com aquela reprovação pesada em seus olhos verdes. fugi de sua malícia e escorreguei para debaixo do edredon macio, me senti em um tanque de areia movediça, afundava, afundava, afundava, até sumir. quando sumi por completo, tudo fez sentido. a doce e suave recordação nostálgica agora me afogava e finalmente poderia admitir, admitir algo que não pude nem quando perambulei sozinho na chuva após a primeira bota, ou quando perdi o primeiro emprego, ou me toquei que tinha feito até agora escolhas bastante erradas, mesmo quando acordava sempre pior do dia anterior no qual exageros me levavam ao fundo do poço, pude finalmente depois de tudo isso admitir que não sei de nada e que consigo sentir saudades de algo que nunca fui.
quarta-feira, novembro 21, 2007
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Um comentário:
lindo e poético.
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