Meu Sonho
Parei as águas do meu sonho
para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
ficou por cima, a procurar...
Os pássaros da madrugada
não têm coragem de cantar,
vendo o meu sonho interminável
e a esperança do meu olhar.
Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar ?
Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar.
Fazia tempo que não me entregava a magia da Cecília, ela tem esse dom fantástico que é fazer arte com a escrita, se não conhecem nada dela, podem procurar o livro Cânticos que é um dos meus preferidos de todos os tempos.
Para os mais desavisados, Cecília foi uma poetisa brasileira, carioca, que sabe como ninguém lidar com temas como a passagem do tempo sem deixar marcas ou sentidos latentes na vida. Em um trecho de texto da própria:
"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno..."
Somos colocados um pouco mais a par da dura realidade que nossa querida poetisa enfrentou. Duras perdas desde criança, são alicerce fundamental para a obra dela. Como se não bastasse ainda teve o suicídio de seu primeiro marido, com o qual tinha três filhos.
E como diria o mestre Mário Quintana:
"Nem tudo estará perdido
Enquanto nossos lábios não esquecerem teu nome:
Cecília..."
quinta-feira, novembro 22, 2007
Cecília Meireles
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