terça-feira, outubro 30, 2007

Até o Dia em que o Cão Morreu - Daniel Galera

A arte de escrever é a mais solitária de todas, talvez traçando paralelos com a pintura. Porém mesmo assim escrever é privar-se de tudo que o cerca e transcender em palavras a vida. Tarefa nada fácil em um mundo que se perde em valores e cada vez assisti sua própria identidade naufragar em meio a coletividade. Daniel Galera é um paulista que já mora em Porto Alegre a bastante tempo, escritor, três livros lançados, jovem e que consegue costurar essa delicada teia que é unir palavras e montar uma confortante rede para aparar a vertiginosa velocidade da queda.

Até o Dia em que o Cão Morreu é seu segundo livro e recentemente foi adaptado para o cinema em “Cão Sem Dono”. É uma ficção com toques pra lá de realistas. O protagonista é um jovem, formado, sem o menor estimulo para seguir os teoricamente próximos passos dados pela sociedade, achar um bom emprego, casar e ter filhos. Tudo isso passa bem longe da cabeça de nosso anti-herói e o que vemos é alguem sem animo de conhecer coisas novas ou sem a menor vontade de viver. O ponto de partida da história é o momento em que duas novas personagens entram na história: um vira-lata e uma modelo chamada Marcela. Agora vemos o conflito no protagonista a respeito de se envolver ou não com esse novo universo que se abre.

A identificação com a personagem principal é quase imediata, ele é um retrato fiel de uma geração inteira, talvez venha a ser calcado como um romance de formação no futuro, apesar que eu não entendo muito a respeito desses rótolos. Vemos claramente o adolescente que se acha adulto antes da hora e acima de tudo acredita ser capaz de fazer qualquer coisa, porém não se dá o trabalho de realizar nem os menores feitos. Desenvolvido de uma forma quase teatral, acabamos achando que a personagem é exagerada e tentamos fugir da identificação, porém só estamos diante de uma lupa que aumenta nossos próprios tormentos.

A escrita é bastante ágil o que nos proporciona uma leitura bastante fluída e rápida. Em certos momentos lembra com bastante louvor o grande Salinger em Apanhador no Campo de Centeio. Uma leitura pra lá de recomendada.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Mostra Internacional de Cinema

A primeira semana da Mostra chegou ao fim, e acabei cumprindo o que desejava dentro da agenda apertada. O destaque ficou para XXY, o filmaço argentino. Agora chegando a segunda semana, muita coisa boa está por vir. Tentarei estar presente nestas sessões.

Segunda-feira
Into The Wild – Sean Penn (Cinemark Eldorado - 21h30m)

Terça-feira
Nome Próprio – Murilo Salles (Cine Bombril I – 16h20m)

Quarta-feira
Senhores do Crime – David Cronenberg (Cinesesc - 19h20m)

Quinta-feira
Transformaram Nosso Deserto em Fogo - Mark Brecke (Cine Bombril II - 21h40m)

Ainda vou tirar férias exatamente no período da Mostra e aí sim, compro um daqueles passes e assisto a milhares de filmes.

XXY (2007)

Diretora – Lucía Puenzo (Não tenho informações sobre essa nova diretora argentina, vou pesquisar algo em breve.)

Uma visão tocante a respeito dos hermafroditas sem ser piegas. É sempre muito difícil lidar com certos tabus, existem temas que simplesmente não se fala. Seja por um inconsciente coletivo muito forte, ou por um certo medo do desconhecido, alguns assuntos são evitados e colocados no ostracismo sem o menor remorso. Apenas a idéia de mostrar de forma delicada as dificuldades enfrentadas por uma hermafrodita de 15 anos é louvável. Não só as dificuldades enfrentadas por ele(a) mas também os tormentos atravessados pelos pais. A indiferença causada pelo fato, o medo que as pessoas tem do diferente.

Forcei minha memória e sai em busca de filmes que tivessem tratado sobre hermafroditas, e o máximo que consegui foi lembrar que no filme do Fellini, “Satyricon” , existe um nu frontal, porém apenas com aspecto de chocar. Aqui não, neste filme argentino, temos o tema tratado de forma bastante humana. Não gostaria de ser tendencioso e colocar em pauta o fato que a diretora é uma mulher, porém, sim existe um delicado toque feminino na forma de abordar os dilemas.

O final é realmente belo e um amadurecimento incrível em termos de assumir a proposta do filme e levar ela até o final. Quando temas similares eram abordados em filmes, parecia que um final óbvio era reservado aos “diferentes”, que era em geral uma morte para conscientizar o público. Lúcia levou a proposta de forma muito mais madura e nos entregou um lindo desfecho. Grande filme.

Tratando de aspectos técnicos, a edição de som deixa bastante a desejar, como acontece muito nos nossos filmes, os hermanos não foram muito diferentes. Muitas vezes as vozes são encobertas pelo som ambiente. A localidade é a praia de Montevideu e conseqüentemente temos o som do mar, ou chuva, quase que o tempo todo nos cobrindo os diálogos. Sou descendente de espanhol e no geral não tenho dificuldades para compreensão, aqui fui pego muitas vezes tendo que usar as legendas. Não acredito que tenha sido opção da diretora, para criar um ar mais casual e sim uma falta técnica que nos sul americanos ainda temos em relação ao tratamento do som em nossos filmes.

Também devo ressaltar que algumas cenas são compridas demais, lembrando até Bergman em algumas passagens de mostrar a personagem de perfil por minutos a fio sem nenhuma palavra. O mestre fazia isso com maestria e climatizava toda questão, aqui achei um tanto quanto forçado e sem necessidade.

No demais vale falar que são apenas duas faltas pra lá de minímas perante a grande qualidade do filme. Com belas atuações e um ótimo roteiro. Foi uma das melhores surpresas da Mostra até o momento.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Velvet Underground - Loaded (1970)

São poucas as bandas que realmente foram revolucionárias e quebraram barreiras do convencional criando todo um universo novo. Podemos citar algumas como Beatles e Ramones, mas com certeza nenhuma citação estará completa sem o Velvet Underground. Uma banda realmente vanguardista, com experiências sonoras e uma força totalmente deslocada de seu contexto histórico. As letras levadas a um novo contexto mais perverso e realista. Durante sua curta vida, o grupo não teve o reconhecimento que merecia, existiam sim, uma legião de fãs devotos e alguns críticos entusiastas, porém mesmo o impacto que a banda causava no rock só seria constatado muito tempo depois.

Loaded pode se dizer ser o último suspiro artístico da banda, logo depois seu fundador e principal compositor Lou Reed saiu da banda para seguir uma peculiar e interessante carreira solo. E mesmo assim existem controvérsias, afinal, Maureen (a Baterista) tinha acabado de ter um filho e estava um tanto quanto distante da banda e John Cale (multi-instrumentista) a muito tempo distante o disco é quase que um trabalho solo de Reed. Porém como é o primeiro lançamento por uma grande gravadora, existe um melhor tratamento da gravação, uma produção mais primorosa, o que faz com que as músicas soem como sempre deveriam ter soado.

Esse trabalho é a prova definitiva que o V.U. poderia sim ser uma banda gravando material de ótimo nível mesmo estando em uma gravadora grande. Era um disco recheado e hits, com uma sonoridade muito agradável e sem jamais deixar de fato o lado “underground” da banda. Um fato que poucas bandas conseguem administrar quando atingem um certo sucesso. Uma pena que o reconhecimento tardou demais para vir, a coisa só tenderia a melhorar.

Destaques: “Sweet Jane”, “Rock N' Roll”, “Oh, Sweet Nuthin'” e “Who Loves The Sun”.

terça-feira, outubro 23, 2007

Império dos Sonhos - Inland Empire (2006)

Direção - David Lynch (Cidade Dos Sonhos, História Real, Veludo Azul, Corações Selvagens e Eraserhead)

David Lynch disse que o filme é sobre uma mulher com problemas e que isso é tudo que precisamos saber ao embarcar nesta onírica viagem. O novo capítulo da filmografia deste cineasta, que considero o maior em atividade (os grandes que me perdoem, perderam a mão a muito tempo), é uma obscura e doente trilha tortuosa pelo subconsciente e por toda a insanidade que carregamos conosco. A tradução do nome é uma (mais uma) bela infelicidade, por que insistem em trazer novos sentidos aos nomes? Inland Empire é um bairro de Los Angeles, porém pode ser algo como Império da “Terra Interior” se viajarmos um pouco, algo como uma viagem para dentro de nós mesmos, de sonhos, existe pouco nesta nova obra.

“Eu não consigo lhe dizer se é hoje ou ontem, e isso está realmente fodendo com minha cabeça.”

Isso é o que passa pela cabeça da maioria dos espectadores durante a sessão do filme, porém é também uma das frases que a personagem de Laura Dern diz depois de mais de duas horas de projeção. Chega a ser até um certo alívio para nós, pobres mortais, que nem o filme de fato se entenda.

Gostaria de me prolongar nesta analise e por isso antes irei fazer um breve relato sobre as técnicas que me chamaram a atenção: ele é inteiro filmado em uma câmera digital semi profissional, bastante acessível ao público em geral, o que pode nos tirar um pouco do floreio habitual nos presenteia com mais realismo, o que acaba sendo muito proveitoso para o tema do filme. Os cenários, iluminação, figurino e trilha sonora como sempre são destaques e mostram que tudo foi pensado no menores detalhes possíveis.

Um dos fatos de se usar uma câmera digital, foi a liberdade proporcionada. Lynch alegou que sentia-se preso as antigas câmeras, e desta vez trouxe uma experiência muitas vezes quase voyeur. Enquadramentos estranhos e closes exagerados ajudam a dar o ar de estranheza necessário para o filme.

Laura Dern é a atriz principal do filme, aparecendo em cerca de 90% das cenas. O trabalho dela é louvável, sofrendo uma transformação brusca ao longo da história e muitas vezes até levantando a dúvida se é a mesma atriz. Poucos conseguem trabalhar tanto tempo com um diretor como este e não enlouquecer por completo.

É muito difícil sintetizar o filme, o básico do enredo pouco significa. Não existe um fio condutor óbvio ou algum real ponto que conecte os diferentes focos da história. Não se deve tentar achar um real sentido para este filme. Este filme não é um mistério a ser solucionado como “Cidade Dos Sonhos” era. É um filme com cor, barulho, cheiro, gosto e temperatura o qual sentimos, sentimentos intangíveis. É típico agente querer achar um final para tudo, uma solução, e aqui não precisamos, eu mesmo sai do cinema buscando entender, necessitei outra sessão para não tentar entender e apenas me entregar a experiência. Deixe o filme desaguar sobre você e resista ao impulso de buscar uma solução.

As mais de três horas de duração pouco significam já que o filme sai e entra dele mesmo o tempo todo fazendo pouco sentido ao tempo. A tempestade de cenas e momentos nos deixam tão perdidos em relação a qualquer noção temporal, quanto as personagens. E por isso em alguns momentos quando as personagens questionam realidade e tempo, a pergunta cai como uma luva para o estranhamento que temos perante ao filme. É engraçado como ao desenrolar da trama, começamos a nos perguntar da onde vimos aquela personagem, ou quem disse algo similar a isso? Essas perguntas devem ser ignoradas e o convite para apenas sentir o filme deve ser aceito o quanto antes. Aí sim teremos o filme brincando com nossos sentimentos como bem entende, jogando fragmentos de sonhos, escorregando pra dentro e fora da realidade, explorando pesadelos e nos botando em xeque a respeito de conceitos até então inabaláveis como tempo.

Explicar tudo isso não adianta muito, pois é um filme para ser sentido, e dificilmente uma analise passaria perto do que Lynch pregou para nós. Recomendo que seja no cinema, a experiência muda drasticamente.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Mostra Internacional de Cinema

O primeiro final de semana da Mostra chegou ao fim e eu vi muito menos do que gostaria de ter visto. Apesar de ter assistido a dois filmes de peso, dos mais aguardados, senti ao final do Domingo um que de desapontamento comigo mesmo. Assisti ao Império dos Sonhos, de David Lynch, o qual me segurava já a algumas semanas para não assistir uma cópia em Divx e revisitei o novo trabalho do Tarantino, À Prova de Morte, o qual já escrevi aqui, vale ressaltar que a experiência no cinema é muito superior e levou o filme a um novo patamar.

Vou preparar algo a respeito do filme do Lynch e coloco aqui ainda essa semana. Agora vou deixar os destaques e possíveis apostas pra essa semana na Mostra:

Segunda-feira
Lust, Caution – Ang Lee (Cinesesc - 20h30m)
ou
I'm Not There – Todd Haynes (Reserva Cultural I - 19h00m)

Terça-feira
4 Meses, 3 Semanas e 2 dias – Cristian Mungiu (Unibanco Arteplex 3 – 20h00m)

Quarta-feira
XXY – Lucia Puenzo (Unibanco Arteplex 2 - 19h50m)

Quinta-feira
A Vida Dos Outros – Florian Henckel von Donnersmarck (Cinemark Eldorado - 21h30m)

Sexta-feira
Paranoid Park – Gus Van Sant (Reserva Cultural 1 – 22h40m)

Claro que gostaria de ver muitas outras coisas, escolhi os mais badalados mesmo, esse ano não estou com muita cabeça pra me jogar ao desconhecido completo. Prefiro arriscar o que seriam no mínimo experiências interessantes. É o que eu consigo dentro do meu pobre horário de proletariado.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Eu estava em minha casa e esperava que a chuva chegasse

“Eu estava em minha casa e esperava que a chuva chegasse” é a nova peça de Jean Luc Lagarce que entrará em cartaz em São Paulo, o texto é inspirado em “As Três Irmãs” de Tchekhov. Quem nos presenteia com este trabalho é a minha querida Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, o que já vale o ingresso, Carolina Fabri, Grácia Navarro, Juliana Pinho e Marina Vieira são muito boas no que fazem, impossível não termos uma ótima peça aí.

Um fato marcante deste dramaturgo francês são as várias falas auto-reflexivas que demonstra a total falta de capacidade de comunicação real da sociedade moderna, ou pelo menos essa é minha interpretação. A história contada aqui, é marcante, são três mulheres que passaram a vida toda esperando o regresso de um homem ao lar, quando este volta, se demonstra a beira da morte. É um apelo desmedido de forças ao afeto, fica claro como as personagens tem uma necessidade real de calor humano. Miriam Mehler e seus mais de cinquenta anos de experiencia é uma convidada especial e vai pesar positivamente nesta montagem que deve extrair e muito dos atores.

Uma bela história de (des)esperança que deve estar em uma montagem mais do que bem feita. Confio nesse grupo. Estréia essa sexta.

EU ESTAVA EM MINHA CASA E ESPERAVA QUE A CHUVA CHEGASSE
de Jean-Luc Lagarce. Drama. Cinco mulheres de uma mesma família se deparam com a volta do “neto/filho/irmão”, que esteve ausente por anos, sem dar notícias. Com Miriam Mehler, Carolina Fabri, Grácia Navarro, Juliana Pinho e Marina Vieira. Dir. Marcelo Lazzaratto. (90min). Sesc Av. Paulista. Sex e sab, 21h30; dom, 18h. R$20. 14 anos. Estréia 19/10.

segunda-feira, outubro 15, 2007

E a primavera foi muito bem recebida.

Fim de semana de muito teatro. As Satyrianas foi um evento muito bom, cresceu demais em relação ao ano passado. Foram oitenta horas de teatro para todos os gostos, algumas coisas foram imperdíveis, vou fazer um breve relato e deixar algumas indicações.

As Satyrianas começaram para mim na quinta-feira: assisti a Orésteia, o qual esperava bem mais, achei um tanto quanto exagerado demais, a sutileza as vezes fala muito mais alto que um grito, alguns atores também achei fracos e deslocados demais para os respectivos papéis, as atrizes em contraponto foram o ponto alto. Destaque para a belíssima cena do barco logo no começo.

Logo em seguida, sexta de madrugada, fui assistir Psicose 4h48, muito bom! Texto de Sarah Kane. Texto de uma dramaturga inglesa que se suicidou aos 28 anos e sempre pontuou suas peças com toques depressivos. Bastante intimista. Sarah Kane disse a respeito desta obra que ela é uma analise sobre a psicose de uma pessoa que perde o limite entre o imaginário e o real. Radiohead na trilha já vale o ingresso.

A nova jornada começou com Assim Parece, uma adaptação de um texto do mestre italiano Pirandello. Apesar de ser um espetáculo muito engraçado, o qual eu dei sonoras gargalhadas do início ao fim, um que de amadorismo me ficou no ar. Algo ficou meio fora de harmonia, não sei explicar. Seguida desta peça acabei por ir na onda e assistir ao show de barzinho Caetaneando, um violão e duas vozes, um homem e uma mulher e Caetano para todos cantar juntos, fraco, Caetano está vivo e é muito melhor contemplar a obra do nosso querido Baiano com o original, covers ou versões raramente são melhores que a original, porém um artista que realiza apenas covers e versões acaba por ser tornar bastante sem sal.

Em seguida fui apreciar a estréia da peça Tânato e Afrodite com um grande amigo meu, Banti, no elenco. Com algumas cenas boas, e algumas atuações legais, fechou bem meu dia. O Clã dos Atores Famintos, mostrou realmente fome de arte e cativou com uma energia muito boa. Os deslizes da peça acaram sendo ofuscados por uma vontade imensa de fazer Teatro.

Meu sábado começou com Quando as Máquinas Param, texto de Plínio Marcos, infelizmente eu não consigo ver a menor graça neste grande dramaturgo santista. Acho ele muito redundante, creio que ele tem pouco repertório de situações e no geral bastante pobre. Porém considerando o fato que é o teatro feito para o povo, com o povo, as perspectivas tem que ser ajustadas. A peça em cartaz no TUSP, tem um dos melhores cenários do festival, uma gaiola e a platéia sentada em volta. Um figurino básico para obra. Uma atriz linda, com uma atuação gostosa, e um ator meio afobado demais, sem saborear o texto como devia. Mais uma vez, lindo cenário.

Em seguida parti para Crimes do Preto Amaral, o qual não estava na programação porém uma atriz da peça havia me dito que estaria, porta na cara, nada de pagar o quanto quer (pode). Meia volta dada, corrida para tentar pegar ingressos para 120 Dias de Sodoma, o qual devia ser a maior procura do Satyrinas, em ambos os dias ingressos esgotados e filas imensas, mais uma negativa. Acabei caindo em Quatro no Quarto, no Teatro Studio 184, vale um comentário muito negativo a respeito deste Teatro, nem um sistema de ventilação ou refrigeração estava ligado, era uma verdadeira sauna, muitos saíram passando realmente mal lá de dentro. Uma pena pois era uma peça muito bem montada. Cenário maravilhoso, bons atores, figurinos, uma comédia de costume rigorosamente bem feita.

Quando meus colegas de peças desistiram, ainda tive forças para ir assistir Ultimas Notícias de Uma História Só, Satyrus 2, que logo roubo a cena e se tornou a melhor peça do evento para mim até o momento. Enredo ágil, rápido e envolvente. Em questões de minutos você já se vê preso a trama. Muito bom, recomendado.

Domingo, meus planos eram uma peça no final da tarde e uma nova tentativa de 120 Dias de Sodoma, acabei no Satyrus 2 novamente com o espetáculo El Truco. Magnífico, roubou novamente a cena e se tornou o melhor da Satyrianas. Realmente recomendado. Vou assistir novamente, e em breve escrevo algo dedicado a esta peça. 120 Dias de Sodoma novamente ficou para a próxima, não sei como coube tanta gente naquele porão do Satyrus 2.

Depois desta maratona de teatro, é preparar o bolso para a Mostra de Cinema. Pretendo assim que sair a programação, montar uma grade com o que considero interessante e deixar por aqui.

Teatro é tudo. Paulo Autran deixará saudades. Adeus cansado e cansativo mestre.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Radiohead - In Rainbows (2007)

Devo confessar que está é a sétima versão do texto que escrevo. Primeiro porque existe um contexto muito maior por de traz deste novo “disco”. Segundo porque ele já começou a criar novos sentidos, novas camadas a cada audição viciante que me aventuro. Esta é uma das bandas que eu acompanho desde meus tempos de adolescente, junto com Nirvana, Pearl Jam e outras que não valem a menção Radiohead fazia parte da minha restrita discoteca. Pablo Honey - “but I'm a creep....” - foi tocado vez após vez em um loop quase infinito. O engraçado é como de certa forma vejo refletido meu amadurecimento na evolução da obra deles, nenhuma banda acompanham tão bem os momentos da minha vida.

O Radiohead, ao meu ver, chegou a um ponto que poucos artistas chegam, que é quando se faz música pela pura e simples forma de se fazer arte. Fazer arte para se entender, para entender o resto, para viver. O álbum anterior da banda mostra bastante isso, Hail To The Thief era um disco mais para eles do que para o público, com algumas canções muito fortes, porém sem o mesmo impacto causado anteriormente. Muitos apontaram que isso seria uma volta ao Rock. O que acho um absurdo de ser dito, a banda traçou um lindo caminho e deve continuar como manda a mente doentia de Thom.

In Rainbows é um conjunto de músicas único, bonito, cativante, instigante e comparável a qualquer outro trabalho da banda no passado. Nós temos uma introdução com uma bateria interessante e vemos de cara que algo mudou, o vocal entra de forma precisa e temos uma baita de música a altura da fina lista de composições de alto escalão que abrem os discos da banda. É interessante analisarmos o uso da guitarra ao longo de todas músicas, ela está muito presente e mais importante, usada de formas inovadoras.

O toque especial a ser comentado é o lançamento, muito a frente de seu tempo como sempre, Yorque e a trupe resolveu lançar o novo trabalho sem gravadora alguma, na internet, com o interessante fato que se paga o quanto quiser pela versão digital, exato o quanto você estiver disposto a pagar pelas músicas. Existem uma versão de luxo em vinil que custa 20 libras, que os mais fanáticos devem estar dispostos a pagar. E todo o dinheiro vai para a banda. Bela tacada.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Satyrianas - Saudação à Primavera

Já estamos na oitava edição deste que deve ser o maior evento teatral do país. Serão 80 horas de eventos artísticos onde se paga o que pode. Este ano inclusive, para nossa felicidade, muitos outros locais aderiram ao evento. A lista não é pequena: além dos espaços administrados pelo grupo - Espaço dos Satyros Um, Espaço dos Satyros Dois, Espaço dos Satyros Pantanal e Teatro da Vila - participam do evento os seguintes teatros: Espaço Parlapatões, Teatro do Ator, Studio 184, Next, Teatro Vento Forte, Galpão do Folias, Teatro Bibi Ferreira, Tusp, Teatro Alfredo Mesquita, Companhia Corpos Nômades e Museu da Língua Portuguesa. A novidade é o DramaMix, onde 78 dramaturgos prepararam textos para serem encenados ininterruptamente durante o evento todo. Alguns dos destaques que tentarei assistir:

Espaço dos Satyros
"Primeiro Amor"
"Uma Pilha de Pratos na Cozinha"
"O Santo Parto"
"Os 120 Dias de Sodoma"

Teatro da Vila
"Cidadão de Papel"

Teatro Vento Forte
"Casa do Gaspar"

Teatro Galpão do Folias
"Orestéia"

Next
"Textículos"

Teatro do Ator
"Un Año de Amor"

Studio 184
"Quatro num Quarto"

Espaço Parlapatões
"Prego na Testa"
"Hotel Lancaster"
"Chorinho"

A programação completa.

terça-feira, outubro 09, 2007

Oh

Oh
Ho!
Ao que fica.
Bravo Capitão
Ho.
Ohh
Exclamai a ti.
O golpe da espada
O gole de vinho
Ao que vai.
O coração fica.

Eis que somos.
O que queremos.
Com ou sem
A porra da alma.
De libertinagem
Se faz vida.
De prisão se faz
arte resposta.
arteira loucura

Ei de me libertar.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Rolling Stones - Let It Bleed (1969)

Um disco que começa com “Gimme Shelter” merece no mínimo uma audição de respeito, essa canção que não só mostrava como a banda foi abalada com o incidente do show em Altamont mas também é uma simbologia perfeita para o “Sonho Acabou” era o fim da utopia hippie. Ainda sim é um disco de sangue, sangue com barro, country, blues e gospel, tudo misturado, queimando e combinando feito a receita para o apocalipse. Maníacamente desesperados como em “Live With Me”; o blues assassino de “Midnight Rambler”; o épico moralista, com direito a coro de igreja e um honky tonky sacana de “You Can't Always Get What You Want” o qual, reza a lenda, Mick escreveu no seu quarto com um violão apenas e depois parodiou dizendo que seria hilário ter um coro acompanhando.

Neste disco a participação do Brian Jones já foi bastante reduzida, e mesmo o seu substituto teve uma ponta modesta sendo assim a maioria das guitarras foram gravadas mesmo pelo Keith. O velho pirata nesta época andava bastante com Gram Parson, recém saído do Byrds, o que nos justifica totalmente a forte influência de Country que aparece por aqui.

É incrível como este disco se enquadra perfeito no quarteto de discos que os Stones lançaram no final dos 60. É uma quadra maravilhosa, começando no Beggars Banquet, Let It Bleed, Sticky Fingers e Exile on Main Street. São quatro dos discos mais importantes do Rock da terra da rainha.

Recomendação de Peças - São Paulo.

Vou deixar duas recomendações de peças que estão em cartaz em São Paulo. Em breve também estréia a nova da Companhia Elevador de Teatro Panorâmico. Um breve comentário, Pirandello é um dramaturgo incrível, um dos pilares do Teatro do Absurdo, e também é bem difícil de se ver algo dele montado, vale uma conferida. Closer é a peça que surgiu do mesmo texto que veio o recente filme da Natalie Portman, a versão de teatro ganha em uma fidelidade maior ao original, o que me agrada mais.

ASSIM PARECE Texto: Luigi Pirandello.Direção e adaptação: Alex Brasil.Com: Grupo de Teatro Meio. Comédia inspirada no texto "Assim É se Lhe Parece", de Pirandello. Diante de dois suspeitos, os moradores de uma cidade não conseguem descobrir qual deles é louco e está mentindo.www.satyros.com.br. Espaço dos Satyros 1 (pça. Franklin Roosevelt, 214, República, região central, tel. 3258-6345). 50 lugares. Sex.: 19h. Até 2/ 11. 60 min. 14 anos. Ingr.: R$ 5 (p/ moradores da pça. Roosevelt) e R$ 20. DESC. 50% PARA ASSINANTE E UM ACOMPANHANTE COM CUPOM CLUBEFOLHA.

CLOSER Texto: Patrick Marber.Direção: Florência Gil.Com: Rachel Ripani, Amazyles de Almeida, Daniel Faleiros e Joca Andreazza. Trata-se da peça que inspirou o filme de Mike Nichols. Na trama, que tem cenas diferentes e outro desfecho em relação ao cinema, focam-se os relacionamentos amorosos de um quarteto de classe média em Londres.www.teatroaugusta.com.br. Augusta - sala principal (r. Augusta, 943, Consolação, região central, tel. 3151-4141). 302 lugares. Sex.: 21h30. Sáb.: 21h. Dom.: 19h. Até 7/10. 90 min. 15 anos. Ingr.: R$ 30 (sex.) e R$ 40 (sáb. e dom.).

quinta-feira, outubro 04, 2007

Cidade dos Sonhos - Mulholland Dr. (2001)

Direção – David Lynch (História Real, Inland Empire, Estrada Perdida e Veludo Azul)

“Apesar que agora agente acha poesia até em caixas vazias de hamburger.”

Se você não assistiu e deseja ter a experiência mais longe de lucida possível saiba apenas: É uma história de amor desenvolvida na cidade dos sonhos. Isso é mais do que suficiente para instigar a curiosidade do que raios vocês estará vendo.

Esse é talvez o maior filme que eu tenha visto em tese no lançamento, mesmo que tardio, em uma sala de cinema. Veio antes do advento da Internet, quando se tinha que correr ao circuito alternativo de cinemas para poder assistir algo de um Lynch ou de um Amoldóvar. E talvez a experiência de ter assistido sem esperar nada, em uma sala de cinema com sua lotação pela metade colaborou e muito. Pare de ler agora e vá assistir, se continuar posso estragar tudo.

“Shhhh no hay banda”

Além de um filme, Cidade dos Sonhos é um atentado contra sua própria sanidade. Naomi Watts (em uma atuação impecável) é uma jovem atriz canadense que deseja tentar a sorte em Hollywood, típica garota inocente que acredita que quem corre realmente com empenho atrás de seus sonhos sempre chega lá. As coisas começam a se complicar quando uma atraente mulher chega, sem memória após um terrível acidente de carro, a casa da personagem de Naomi. As duas se identificam e resolvem correr atrás das respostas desta enigmática amnésia.

Porém nesse meio tempo somos apresentados a diversas outras histórias paralelas. Um assassino que acaba por causa muita bagunça para conseguir um caderninho de números. Um jovem diretor de cinema que se depara com uma máfia que comanda todos os filmes de Hollywood. E tudo se mistura de forma cruel, aos poucos realidade e imaginário começam a se mesclar, a relação das duas mulheres se torna sexual e a espiral começa a se tornar mais violenta e abruptamente perigosa. Tudo explode quando uma pequena caixa de Pandora é aberta e então temos uma quebra total do que imaginamos ser realidade. O que é real? Onde estamos?

Chega ser engraçado como Lynch brinca conosco e nos deixa cegos e surdos em meio a tanta informação que pode ou não ser real. A própria cenografia e efeitos são forçadas para o artificial ou para o mais vívido bagunçando os sentidos de quem assiste.

Sou da corrente dos que acreditam que nem mesmo Lynch tem um sentido concreto para todos os elementos do filme. Alguns aspectos ficam bastante subjetivos e nos entregam diversas possibilidades. O filme pode ser um retrato cru do lado mais sombrio dos relacionamentos humanos; a maneira sórdida que a condição humana é submetida para manter a si mesma integra. Essa é uma das várias interpretações que se pode arrancar deste intricado quebra cabeças moderno.

Um fato é que esse filme é uma obra de arte, digno de todas as honras que se pode entregar a algo tão bem feito, com tanto sentido e ao mesmo tempo com nenhum sentido. David Lynch é de longe um dos melhores diretores de cinema em atualidade. Inland Empire seu mais novo filme segue na mesma linha, em breve escrevo algo a respeito.

“É tudo uma ilusão... there is no band.”



Llorando por ti! (não assista se não quiser estragar o filme)

quarta-feira, outubro 03, 2007

Bande à Part - Band of Outsiders (1964)

Direção - Jean-Luc Godard (Viver a Vida, Alphaville, Acossado, O Demônio das Onze Horas e Uma Mulher é uma Mulher)

Um filme sobre um assalto com um ar único de jazz e poesia. Com várias boas seqüências - até mais do que se espera de um filme do gênero - e personagens cativantes e mais fáceis de se identificar do que em seus filmes passados tornam esse um clássico do Godard. O estilo artístico aqui apresentado, a trilha sonora e as atuações fazem deste um filme que influenciou muita gente.

Os dois protagonistas são ligeiramente diferentes, é uma delícia pegar esses pequenos momentos em que essas características conflitam, porém ambos tem a idéia fixa de se tornarem grandes criminosos de classe. Um dos dois acaba por conhecer a belíssima personagem interpretada por Anna Katarina e trata de seduzi-la à ajudar em um próximo grande assalto.

Apesar deste filme muitas vezes ser lembrado por sua cena final, o que faz dele um filme incrível é todo o resto, o recheio, o que nos leva ao plano final. É engraçado como podemos nos manter entretidos do início ao fim mesmo sabendo que se trata de um filme artístico e cheio de momentos de silêncio e experimentos de estética e atuação.

Um dos pontos altos é o trio de protagonistas, os três anti-heróis são extremamente cheio de emoções e mais importante do que isso transmitem tudo com muita graça e espontaneidade. Como sou um fã confesso de Anna Katarina a personagem dela me cativou desde a primeira cena, não é difícil imaginar o porque Godard se apaixonou, casou-se e transformou-a em uma obsessão. Fazendo um pequeno comentário a respeito desta grande atriz, recentemente assisti três filmes com ela: Viver a Vida, Uma Mulher é Uma Mulher e Bande À Part, e de fato ela desempenha três papeis completamente diferentes e de forma bastante convincente, grande trabalho digno de ser acompanhado.

Inclusive uma referência a ser feita é que a cena da dança do filme foi inspiração direta para Tarantino criar a sua famosa dança ao som de Chuck Berry em Pulp Fiction. O pop se come!

Nota: 10/10



As garotas do Nouvelle Vague usaram um trecho do filme neste clipe. Aproveitem a música:

segunda-feira, outubro 01, 2007

Crepúsculo dos Deuses - Sunset Boulevard (1950)

Direção - Billy Wilder (Quanto Mais Quente Melhor, Se Meu Apartamento Falasse, Farrapo Humano, Pacto de Sangue, A Montanha dos Sete Abutres e A Primeira Página - todos maravilhosos)

“Eu sou grande, os filmes que ficaram menores.”

Um roteiro engenhoso, um escritor desconhecido se aproveita de uma decadente estrela do cinema mudo para ganhar algum dinheiro e assim salvar-se das dívidas que o perseguem. Nesse cenário conhecemos a estranha relação entre Joe Gillis e Norma Desmond que entram em uma trama que passeia deliberadamente pela decadente Hollywood. Não quero entregar toda a trama, que é pra lá de perfeita e merece ser vista com o menor prévio conhecimento. Mas posso falar de outros aspectos.

É muito complicado fazer arte, levando em consideração que é extremamente fácil ficar datado e perder a força. Uma idéia genial hoje pode ser algo extremamente fraco amanhã. As grandes obras que se tornam eternas tem algo em comum, elas retratam relações humanas; a relação de uma pessoa com um sonho, de duas pessoas, de uma pessoa e uma situação ou de uma pessoa com si mesma. Quando atingimos este delicado estado criamos algo digno do nome de obra de arte.

Aqui temos um trabalho único de cinema. A cena em que o macaco morto é enterrado ou ainda uma dos desfiles de alegorias que Norma nos entrega são cenas para ficar para história. Até hoje o script é um dos mais inovadores e continua assustadoramente atual, sendo copiado e citado inevitavelmente o tempo todo. O diretor é Billy Wilder, um dos mestres do cinema norte americano. A narração do protagonista é precisa e nos mantêm preso a história, exemplos não faltam, “Tropa de Elite” utiliza-se de uma narração que se não nasceu aqui, teve seus fundamentos sacramentados por esta obra. Sem desconsiderar o final mais aterrorizador que o cinema já nos presenteou.

Mas o que não deixa esse filme envelhecer é o fato que ele é de uma coragem única, ele desafiou de peito aberto uma censura que pairava sobre o cinema. Bateu de peito e mostrou o lado sujo e que poucos conheciam da terra dos sonhos. Recebeu 11 nomeações ao Oscar, porém só levou 3 estatuetas. Uma história muito mal explicada, aparentemente, a razão é a crítica pesada que o filme proferiu contra Hollywood.

Quanto ao estilo, já tive uma das melhores conversas de botequim a respeito. Muitos consideram o maior filme noir de todos os tempos. Eu não acredito que seja um filme noir por inteiro. Em alguns aspectos fica bem claro as influências: o expressionismo alemão nas cores preto e branco e a femme-fatale a beira de insanidade são dois fatos, porém não me são suficientes para definir um noir. Está mais para um drama psicológico regado com um pouco de terror (o final me causa arrepios) e algum toque bem maduro de humor negro.

Sem contar as atuações perfeitas de William Holden como nosso protagonista, Gloria Swanson como a mais assustadora personagem já criada e Erich von Stroheim como o mordomo - este que influenciou fortemente a mim como ator.

No mais, é um verdadeiro clássico e um dos melhores filmes da história do cinema que nunca irá perder seu efeito sobre a indústria cinematográfica. Citando dois exemplos: Beleza Americana e Cidade dos Sonhos são herdeiros diretos deste clássico.

Nota: 10/10

Depeche Mode - Violator (1990)

Em uma palavra, estonteante. Mesmo que seja um disco que segue a mesma linha que os dois trabalhos anteriores do grupo, neste eles atingem finalmente o fino da obra, letras muito bem tratadas e arranjos perfeitos. Esse disco é daqueles que música após música existe algo melhor, é impossível manter uma preferida por muito tempo. Para se ter uma idéia os dois primeiros singles deste álbum foram “Personal Jesus” e “Enjoy The Silence”; a primeira é perplexamente simples e perversamente boa, algo como um blues sobre uma batida funk (americano, sic) enquanto que a segunda é a melhor e maior balada-romântica-dançante. Ainda tivemos singles como “Policy of Truth”, típica letra amor/ódio e um q de Motown, divina.

Como de costume não vou mais falar das músicas, não sou fã de análises faixa a faixa, porém são tantos destaques neste disco que é difícil não citar. A sonoridade é maravilhosa, uma das melhores produções em termos sonoros. Os arranjos são complexos, várias camadas, guitarras, teclados, vocais, barulhos, tudo vai tomando conta de forma perfeita, nada parece fora do contexto.

O Depeche Mode é uma das maiores bandas se não a maior banda em atividade e em plena produção de material inédito de qualidade. Fazem um dos melhores shows da atualidade e ainda tem muitos quilômetros pela frente.

Por curiosidade quem quiser deve correr atrás de algumas versões de músicas deste disco. Johnny Cash gravou Personal Jesus e Tori Amos gravou Enjoy The Silence, em ambos os casos são de tirar o fôlego.



As palavras não são necessárias.