segunda-feira, outubro 15, 2007

E a primavera foi muito bem recebida.

Fim de semana de muito teatro. As Satyrianas foi um evento muito bom, cresceu demais em relação ao ano passado. Foram oitenta horas de teatro para todos os gostos, algumas coisas foram imperdíveis, vou fazer um breve relato e deixar algumas indicações.

As Satyrianas começaram para mim na quinta-feira: assisti a Orésteia, o qual esperava bem mais, achei um tanto quanto exagerado demais, a sutileza as vezes fala muito mais alto que um grito, alguns atores também achei fracos e deslocados demais para os respectivos papéis, as atrizes em contraponto foram o ponto alto. Destaque para a belíssima cena do barco logo no começo.

Logo em seguida, sexta de madrugada, fui assistir Psicose 4h48, muito bom! Texto de Sarah Kane. Texto de uma dramaturga inglesa que se suicidou aos 28 anos e sempre pontuou suas peças com toques depressivos. Bastante intimista. Sarah Kane disse a respeito desta obra que ela é uma analise sobre a psicose de uma pessoa que perde o limite entre o imaginário e o real. Radiohead na trilha já vale o ingresso.

A nova jornada começou com Assim Parece, uma adaptação de um texto do mestre italiano Pirandello. Apesar de ser um espetáculo muito engraçado, o qual eu dei sonoras gargalhadas do início ao fim, um que de amadorismo me ficou no ar. Algo ficou meio fora de harmonia, não sei explicar. Seguida desta peça acabei por ir na onda e assistir ao show de barzinho Caetaneando, um violão e duas vozes, um homem e uma mulher e Caetano para todos cantar juntos, fraco, Caetano está vivo e é muito melhor contemplar a obra do nosso querido Baiano com o original, covers ou versões raramente são melhores que a original, porém um artista que realiza apenas covers e versões acaba por ser tornar bastante sem sal.

Em seguida fui apreciar a estréia da peça Tânato e Afrodite com um grande amigo meu, Banti, no elenco. Com algumas cenas boas, e algumas atuações legais, fechou bem meu dia. O Clã dos Atores Famintos, mostrou realmente fome de arte e cativou com uma energia muito boa. Os deslizes da peça acaram sendo ofuscados por uma vontade imensa de fazer Teatro.

Meu sábado começou com Quando as Máquinas Param, texto de Plínio Marcos, infelizmente eu não consigo ver a menor graça neste grande dramaturgo santista. Acho ele muito redundante, creio que ele tem pouco repertório de situações e no geral bastante pobre. Porém considerando o fato que é o teatro feito para o povo, com o povo, as perspectivas tem que ser ajustadas. A peça em cartaz no TUSP, tem um dos melhores cenários do festival, uma gaiola e a platéia sentada em volta. Um figurino básico para obra. Uma atriz linda, com uma atuação gostosa, e um ator meio afobado demais, sem saborear o texto como devia. Mais uma vez, lindo cenário.

Em seguida parti para Crimes do Preto Amaral, o qual não estava na programação porém uma atriz da peça havia me dito que estaria, porta na cara, nada de pagar o quanto quer (pode). Meia volta dada, corrida para tentar pegar ingressos para 120 Dias de Sodoma, o qual devia ser a maior procura do Satyrinas, em ambos os dias ingressos esgotados e filas imensas, mais uma negativa. Acabei caindo em Quatro no Quarto, no Teatro Studio 184, vale um comentário muito negativo a respeito deste Teatro, nem um sistema de ventilação ou refrigeração estava ligado, era uma verdadeira sauna, muitos saíram passando realmente mal lá de dentro. Uma pena pois era uma peça muito bem montada. Cenário maravilhoso, bons atores, figurinos, uma comédia de costume rigorosamente bem feita.

Quando meus colegas de peças desistiram, ainda tive forças para ir assistir Ultimas Notícias de Uma História Só, Satyrus 2, que logo roubo a cena e se tornou a melhor peça do evento para mim até o momento. Enredo ágil, rápido e envolvente. Em questões de minutos você já se vê preso a trama. Muito bom, recomendado.

Domingo, meus planos eram uma peça no final da tarde e uma nova tentativa de 120 Dias de Sodoma, acabei no Satyrus 2 novamente com o espetáculo El Truco. Magnífico, roubou novamente a cena e se tornou o melhor da Satyrianas. Realmente recomendado. Vou assistir novamente, e em breve escrevo algo dedicado a esta peça. 120 Dias de Sodoma novamente ficou para a próxima, não sei como coube tanta gente naquele porão do Satyrus 2.

Depois desta maratona de teatro, é preparar o bolso para a Mostra de Cinema. Pretendo assim que sair a programação, montar uma grade com o que considero interessante e deixar por aqui.

Teatro é tudo. Paulo Autran deixará saudades. Adeus cansado e cansativo mestre.

3 comentários:

Anônimo disse...

eu assisti "Assim é o q parece"... a gente na mesma sala minuscula do satyros e nem nos falamos ... too bad ...tsctsc... seremos "virtuais" forever... amei o satyrianas... o ambiente, as pessoas... mas talvez teria sido melhor se a gente tivesse se trombado... ou não... sei lá... agora começa a mostra... e como nossos gostos sao um pouquinho diferentes e como sao um milhao de filmes vai ser dificil nos vermos... estou ansiosa pra ver a programação e ver o filme nome proprio da minha idola mor... e vi q vc esteve ouvindo silverchair... pq??? vc gosta??? silverchair é ruim!!!É a banda da minha vida...mas o John deve odiar...rs...bom... é isso... como não tenho falado com vc direito via msn deixei esse textao aqui... bjus e cuide-se.
ps: e nossos contos ??? vai sair ou não... eu tive3 uma ideia com relação a nossa "pseudo banda" ... depois te conto... bye!

Anônimo disse...

Estávamos nas Satyrianas...rs
Eu pensei em escrever sobre, mas achei que muitos meios já iriam comentar sobre o evento. Então preferi dar a vez à quem não tem tanto espaço assim na mídia.
Bom, perdi Sarah Kane porquê fui justamente assistir Beckett, nas suas duas versões: "Primeiro Amor", com o excelente ator Marat Descartes; e "Beckett in White", que já havia assistido e que você realmente precisa ir assistir. É uma pena você não poder assistir com a Carol Angrisani, já que ela está nos "120" (já comento sobre mais para frente) e os horários não batem.
Caetano é gostoso, mas cover acaba ficando forçado... E eu esqueci completamente de acompanhar oq acontecia paralelamente, fora dos teatros.
Qnt as outras peças que assistiu, não posso comentar muito. Além das duas do Samuel, assisti pela terceira vez (acompanhando uns amigos) "Uma pilha de pratos na cozinha", do Bortolloto, e pela segunda vez, me debulhei em lágrimas ao final, saindo pelo corredor. E também os "120", que é um caso à parte.
Sim, você foi um azarado por não ter conseguido ingresso, pq, mesmo com a casa lotada, o infeliz da bilheteria errou na contagem dos ingressos e entraram 30 pessoas a mais. E nós, lá na platéia, esperando todo aquele povo procurar um lugar e discutindo com o Rodolfo Garcia Vásquez, que nada podia fazer, além de assegurar o ingresso p/ dia seguinte, ou então ver se o lustre do cenário aguentava os retardatários.
Ah! Eu já vi essa peça com todas as formações possíveis e lá vem mais uma, infelizmente. Mas o mundo gira...
E eu prefiro não comentar muito sobre os "120" antes que assista. Veja logo para pordermos discutirmos!
Eu quem preciso ir assistir "Últimas Notícias" e o "El Truco". E sim, Mostra de Cinema, aí vamos nós!
E lá se foi Paulo Autran...

Anônimo disse...

Ah! Obrigada por visitar nosso blog! Camino Real é uma peça magnífica, com uma excelente direção e atores! E gostou do texto?
Continue visitando-nos. Eu escrevo lá toda segunda.
Abraços!