quarta-feira, março 12, 2008

Interpol - Via Funchal - Rock is Dead?

assim é um bom editor de texto, sem distrações algumas, você e o seu texto. Apenas isso! O terror da folha de papel em branco na sua frente, e você sem nada para escrever. O mesmo jeito medroso no qual tentamos encarar essa vida doida. é bom passar por momentos diversos e provas de fogo a respeito do que acreditamos, pois eu, melhor que ninguém, sei como é frustrante ser uma tentativa que falhou. Um fiasco. Sei o quanto doem os músculos que se recusam a relaxar nas longas noites a dentro. Sei como o vazio interior grita mais alto do que qualquer silêncio profano e lhe mantêm a noite inteira desperto, apenas a espreitar as sombras dançando na parede de seu quarto. E depois no dia seguinte, o fundo de seus olhos clamando por descanso e paz.

o pânico que é a página em branco sempre ser mais assustadora do que o que já foi preenchido. a modernidade é uma faca cravada no peito. se antes tínhamos o limite físico de número de folhas em branco, agora temos uma quantidade beirando o infinito de gigabytes a serem preenchidos. zero um zero um um zero zero zero um. podemos nos sentir ridículos perante a tamanha falta de criatividade em tomar para si o árduo trabalho de preencher as páginas em branco.

e elas continuam ai, me assustando, me encurralando. me tragam a cabeça do nerd infeliz que assassinou as máquinas de escrever.

apático e em seus melhores momentos em uma temperatura quase morna, o show mais fraco que já assisti até hoje foi do Interpol. Essa é a prova real, é o mdc que o rock morreu com o tiro que Kurt deu no céu de sua boca. O miolo dele espalhado pelo quarto, o cheiro de podridão, os vermes devorando sua carne, a estrela apagada... nada mais é que o último suspiro devoto de algo que algum dia se chamou música dos jovens.

como a um enterro fúnebre, o quarteto nova iorquino, demonstrou falta de originalidade, falta de tesão, falta de vida. se o show tivesse sido em playback talvez tivesse ganho um pouco em qualidade. é uma dor no peito saber que o que um dia era a salvação da juventude, hoje é crianças de motorista, estilo blaze, histeria controlada e premeditada, e total falta de perspectiva para um futuro real.

vivendo numa alegoria constante de fantoches e fetiches me assusta saber que o tempo chega e vamos ficando velhos.

o que me bota uma luz no final do túnel são pessoas como a trupe do Vanguart e poetas da vida como Daniel Galera, que tem sangue correndo na veia e fazem o ímpar da sociedade. eu acredito no futuro, eu achei meu futuro e vou construir pedra por pedra, eu mais minha raposa.

quatro e meia da manhã, a mão cansa e a cabeça pesa, esse caderno pelo menos tem um fim e não está tão longe, amanhã passo esse texto para as infinidades de gigabytes e jogo ele nesse limbo chamado Internet.

me resta um trago de uísque, Alberto Fuguet e sua fuga da realidade mergulhando de cabeça no baixo astral e um fundo de Nick Drake e sua visão crua e mítica do mundo.

ps. essa raposa realmente está me transformando, em alguém melhor, pela primeira vez consigo planejar e almejar um futuro ao lado de alguém. Raposinha, desculpe - me pelo baixo astral, vez ou outra, a vida bate e estraçalha com tamanha força, que somente a arte nós faz lembrar que temos alma, e você é minha arte, minha poesia, minha pintura e minha música. Amo-te e quero até o fim dos dias.

Raposinha, tu és minha constante.



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Nota mental:

Nada mais de showzinhos de bandas de terceira. Que o Interpol vá a merda. Que venham Amy Winehouse, REM, Morrissey e Smashing Pumpkins. Aí sim!!! E o Ozzy, se sobrar dinheiro será mais do que merecido depois do sono de ontem.

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