terça-feira, setembro 04, 2007

Nineteen Eighty-Four - Mil Novecentos e Oitenta e Quatro (1984)

Direção - Michael Radford (O Mercados de Veneza e um filme chamado Dancing At The Blue Iguana que eu fiquei muito curioso de ver, alguem tem?)

Livro – George Orwell

Um mundo cinza, oprimido, sujo e destruído. Governado pela mão de ferro do Grande Irmão essa sociedade quase robotizada vive uma rotina uniforme, que começa desde os padrões comunistas de distribuição de bens até alguns flertes com a incansável vigia exercida pela policia alemã. Claro que o paralelo traçado com os fatos reais podem causar olhares tortos afinal é uma visão unilateral e extremista. George Orwell escreveu o livro em 1949, em um mundo que ainda sofria com resquícios do nazismo e tremia perante a onipotente Guerra Fria. Essa sociedade decadente que possui ministérios que controlam a verdade, sobre a premissa que quem controla e o passado, controla o futuro e muito além quem controla o presente, controla o passado. Ligas anti-sexo e uma construção de uma nova língua que iria erradicar o livre pensamento, retirando as palavras perigosas do dicionário. Ao mesmo tempo mostra uma classe proletariada que não tem força para brigar e de certa forma aceita a sua condição abaixando a cabeça, mas que ao mesmo tempo mantem o elo com os instintos mais primitivos e em muitos momentos parece mais feliz que a dita classe superior. As injustiças sociais também são evidentes, o dito partido interno, que só o alto escalão faz parte tem acesso aos produtos mais finos e especiarias que nem mesmo a classe média juntando dinheiro uma vida inteira teria alcance. O incrível é a capacidade que esse livro tem de se manter extremamente atual e a maneira como podem ser traçados os mais diversos paralelos sobre os mais diversos tópicos.

A adaptação para as telas é soberba e consegue capturar com extrema eficiência o clima do livro, traz imagens interessantes, inclusive apresentar soluções inteligentes para não manter o espectador perdido caso não tenha lido o livro. A atuação do John Hurt é precisa e não escorrega em nenhum momento. Mesmo os figurantes apresentam uma dedicação e imersão notáveis. Um filme que é basicamente levado pelo clima e por ideologias que levariam qualquer grupo de amigos a discussões infindáveis.

Um retrato frio e calculista que previu de muitas maneiras o rumo que poderíamos tomar. Se alguns acreditam na visão exagerada e fantasiosa de Orwell, outros dizem que ele foi até generoso e que a sociedade em muito já passou o nível desesperador aqui mostrado. Tanto o livro como o filme são importantes para qualquer pessoa que gosta de filosofar sobre possibilidades menos obvias.

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