segunda-feira, novembro 24, 2008

Insônia

começo a sentir as noites mal dormidas nos olhos. eles ardem feito o inferno. o corpo pesa, o organismo não funciona direito. devo tá com o circuito do sono desligado, sei lá. é uma merda ter insônia. só me pego bem na cama, quando estou com a garota do meu lado. ela dorme feito pedra, as vezes desperto-a no meio da madrugada só pra uma foda, depois tudo mergulha no silêncio enlouquecedor de ficar acordado enquanto todos dormem. pelo menos nessas altas horas, leio, o novo do Galera tá começando a ficar bem bom. o último do Bunker foi fantástico, favorito a melhor do ano. acho que acabo ficando amigo desses caras, na madrugada alta, estou sempre meio fragilizado, fraco pela consciência pedindo arrego e o corpo negando, nessa hora é fácil me entregar a amizade desses caras. e Clarah, essa guria também proporcionou bons momentos de companhia.

outra fuga onírica é a música, essa noite em especial fiquei ouvindo o Nick Drake, foda... o cara simplesmente era foda. nessa noite em especial, vagava pela casa, comia umas torradas e deixava o quarto mergulhado na magia do Drake, porra me deu um aperto, um aperto porque minha garota não estava ali, é tão bom olhar pra ela dormindo, tranquilha, longe desses demônios que me deixam desperto.

certa hora da madrugada, me deu um aperto, queria ligar para um amigo meu. o Luido, ele sabe o que é pesar a realidade no sono e não ter o que fazer. não consegui ligar, passa de um certo momento místico, existe um pacto secreto com a noite, é por volta das três da matina. o silêncio é tão absoluto, a noite é tão densa, que assusta provocar qualquer inquietação e por isso deixei pra lá. sentei e escrevi um email longo para os caras do teatro... é foda... tem que ser muito macho pra acreditar na arte e seguir adiante. adiante não! vamos voltar para La Mancha? Nunca, nunca vou bater retirada.

em dado momento pensei em tornar alguma coisa, sempre ajuda a apaziguar o sono. lembrei do batera da banda, um fodido, deve estar comendo uma coxinha e tomando algum uísque barato num boteco velho, pensei o por quê da tristeza, eu mesmo já me afundei numa depressão do caralho, já tive o coração rasgado e só agora que estou nos trilhos, mas tantos tão se fodendo, tantos estão perdidos em plena queda livre. troquei duas palavras pela internet com a Ana, e uma delas foi um uma resposta lacônica e clínica por parte dela, um coração partido e um enorme vazio de falta de sentido. cacete, metade do que eu to falando não tem sentido, e a outra metade importa pouco, mas a real é que o sono e a minha garota são as únicas formas de suportar a realidade. meu lençol ensopado de suor me aguarda.

terça-feira, novembro 18, 2008

Sabe, quando toda a zona passar, vamos sair na chuva? Me deu uma puta vontade de me jogar na chuva, unicamente pelo puro ato de me jogar. Uma vez o batera da banda, o Edu, se jogou no meio de uma puta chuva que caiu durante um ensaio. Ficou lá, feito criança; eu, o baixista e a ex esposa dele, lá, parados na porta da cozinha. No fundo estávamos com uma puta inveja, ele estava lá livre, tomando chuva e sendo o que queria. Nós, acho que por uma manipulação totalmente inconsciente não fomos, medo? Pneumonia? Errado? E a roupa depois? Enfim, vários fatores de merda para seguir um manual de como se viver. É isso que me salta nos olhos hoje. Porra, eu e minha garota nos amamos, verdadeiramente, e não temos que perder tempo como discussões de ponto de vista. Principalmente eu, que sou cabeçudo demais. Nada de tempestade pré anunciada. Essa de organizar a vida da maneira correta não existe. Sempre existirão divergências, e o verdadeiro tesão está em saber lidar com elas. Enfim, quanto mais abrimos os olhos, mas nítido são as cordas que nos prendem. A cada esquina existe um limitador, uma regra intransponível. A própria sanidade é uma merda, uma doença que todos temos e somos obrigados a engolir e adotar como padrão de vida. Se já é difícil fazer isso sozinho, imagine de pronto e feito, seguir a grande bíblia em uma vida a dois. Impossível. Então, o jeito é sair na chuva, deixar a água varrer seu corpo todo, foda-se não vamos conseguir ser livres por completo. Pelo menos, vamos ter noção da grande merda armada e viver da melhor forma que nos permitirem.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Puta que pariu, mas sou só eu ou o mundo simplesmente desencanou de um negócio chamado pedofilia? Ou quem sabe, a hipocrisia já dominou tudo mesmo. Primeiro o caso do seqüestrador de Santo André. Porra ele tinha 20 anos quando começou a namorar uma menina de 13, é normal no Brasil, e ninguém se importa. E na verdade ninguém liga. Agora a Mallu, recém debutada, com o boato de estar de rolo com o Camelo, que tem idade pra ser pai dela, tá, exagerei, mas o bicho é bem mais velho. Ou ele é retardado, ou ela é extremamente super bem dotada.

O mundo tá um caos!

sexta-feira, novembro 14, 2008

Mas e agora? Tenho certeza que você me pergunta isso, e agora? Eu não sei, escorrendo de bar em bar eu me conformei que a felicidade é irritante. Se o Luido de antes já tinha uma pré disposição para a melancolia e solidão, o de hoje é mais credor desta fé. Acabei de fazer vinte e quatro anos, vai me dizer que sou jovem pra cacete, mas é mentira, se você chega nessa idade fodido porque nunca viveu com o sangue bombando a mil no corpo, você não viveu, sobreviveu feito um zumbi durante um quarto de século. Quando falo de solidão, falo do meu quarto, meus discos, meu cigarro e meu canto. Depois de três facadas fulminantes no coração, viver sozinho é reconfortante. E isso é uma opção consciente. Um desafortunado não deve ser confundido com um anti social, eu apenas cansei. Sou um descrente. O que é amor se não a porra de uma faísca? Quer coisa mais irritante? Eu vou sair de casa, preciso do meu canto, da minha solidão real. Preciso fugir. Chegar sozinho em algum canto, apenas com meus sapatos. Meu medo é o frio. Um apartamento por menor que seja vazio deve fazer um frio do inferno. O inferno astral nunca passa. Essa guerra eu já perdi de fato, me resta fumar meu cigarro e beber meu uísque.

domingo, novembro 09, 2008

eu as vezes fico do lado dela, como tinha esquecido que se pode ficar do lado de alguém. e lá dentro, aonde antes eu preferia esquecer que existe, coisas começaram a se mexer. uma grande máquina velha, que parecia quebrada, minha big broken machine, demorou pra engrenar, mas agora funciona feito um relógio. sinto essa bomba batendo no estômago e voltando todos os dias. acho que é isso, é estar amando. eu lembro de cada momento mesmo que perdido na memória apagada, porque vivo a coisa mais séria de toda a minha vida. o coração despedaçado agora bate no peito a todo vapor. foi o fim da decadência. naquela primeira noite, tive minha primeira noite de um homem realizado. não sei se tinha a ver com o olhar tristonho de que vem ouve Smiths daquela garota linda. tenho uma vida agora. e cada dia é melhor ainda. gosto de viver assim, jogando umas bobeiras pra cima e levando comigo o que importa. eu fui completamente arrebatado por ela. desde daquela noite. sou péssimo em demonstrar essas coisas. esse sentimento tá muito bem alojado dentro dessa bagunça que eu sou. e isso vai durar até o dia que esse olhar tristonho deixar de estar ao meu lado, não, irá durar além disso, não vai sair nunca. eu não quero nada de grandioso. quero estar louco, como estou todas as manhãs que acordo. foda-se que seja cafona ou piegas viver assim. amor não morre, tá sempre aqui, e por mais doente que o corpo esteja, ele está batendo forte no peito. hoje acordei com gosto de ressaca amorosa e calzone, ontem me entreguei de corpo alma e ela, espero que ela tenha sacado. queria ter certeza que ela sabe de tudo isso.

to you fox.

sábado, novembro 08, 2008

a consciência, quando chega ao fundo da realidade, precisa bater e voltar ou se desintegrar por ali mesmo. estou ensopado de febre e químicas, apago a cada minuto. apesar de grogue e endurecido, quero escrever, só não tenho condições. já molhei o rosto com água fria e tentei respirar fundo. nada, a essência que nos deixa vivo definitivamente deixou corpo. quando estiver melhor, volto a escrever por aqui.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Tenho saudades, saudades de quando era eu contra o mundo. Tinha uma fúria invejável. A vida hoje pra mim é tão fácil, tão caótica, tão difícil, triste! É tudo tenso demais. Hoje me peguei até mordendo a boca por dentro. Eu to com medo. Não sei se sou eu o mundo. Eu não estou mais comigo. Ou estou. Eu sei que o mundo caga regras pra cima de todos. Eu não sei se quero viver sob tudo isso. Mas porra tenho sonhos também. Minha casa, meu canto. Viver do que eu gosto. E caralho eu to conseguindo de certa forma isso. E mesmo assim, me bate um puta desespero dessa casa de cartas despencar com um sopro. Eu não tinha nada a perder, era um porra louca, agora eu tenho e muito a perder. Tá ótimo, agora eu tenho uma vida! Mas que merda eu faço com ela? A verdade é que talvez seja só uma recaída com as pilulas. Mas estou aqui não? Trabalhando, seguindo adiante? Pra aonde? Não sei. Eu ando pensado muito, e escrito pouco. E verdade seja dita, as pessoas estão cada vez mais loucas. Tá tudo muito louco, muito punk mesmo. Foda-se. Não sei se quero pensar na sociedade agora. Sinto que devo segurar as pontas, não quero perder o que já tenho.

terça-feira, novembro 04, 2008

Redenção

Meu maior desejo é redenção. O mundo gira, me fala sobre minha vida, me fala sobre minhas dores. Me fala sobre como foi perder você pra mim mesmo. Qual é mesmo a essência da vida se não a dor que vai e vem sem bater, a mente dessossegada e a alma pegando fogo? Seja qual for, o fato é que eu conheço bem. Estava dedilhando no meu violão horas atrás, arrependido de passar o sábado a noite em casa, a espera de um telefonema, nem sei ao certo pra onde iria se tivesse saído. Me escondo atrás desse violão e das cicatrizes. Parece que tudo perdeu um pouco de profundidade, tudo está plano como o chão que sempre me ampara nos porres. Eu queria dedilhar uma canção definitiva sobre o amor que não deu certo, sobre a Ana, mas, umas verdades na cara a mais ou menos não vão fazer diferença. Me sinto como que em um vôo cego. Tarde demais para saltar. Eu queria ter dezessete novamente, e estar embrulhado nesse amor. Mas não, os anos pesam e vejo que já não sei mais o que fazer. Torturante, sofrimento e dúvida. Quase meia noite de mais um sábado perdido e você não me liga. Nessa espera, minha paixão e o meu martírio se confundem. Vou ligar. Essas emoções em pedaços é angustia entalada na garganta. “Como você tá?”. Por que me sinto um vagabundo sem conhaque. Um jovem inseguro trancado em casa. “Eu queria te ver.”. Eu sei que tá uma noite fria, mas tudo que eu queria era uma chance. E não ficar sozinho com essa mesma música. Chega desse reverso de amor. “Não vai dar?”. Acho que serei para sempre um derrotado mesmo. Que porra, a vida é uma loucura mesmo. Vou sair pra dar uma volta.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Esgotado! Preciso dormir melhor. Fico feliz quando minha garota está feliz.

Minha boca tá seca que nem o Atacama, novembro tá correndo solto e a agenda de shows se encerra esse próximo final de semana com o Planeta Terra. E o R.E.M. ficou de fora da nossa agenda.

Tô com muita sede.

Fui.