Demoro cerca de quinze minutos para chegar ao trabalho, isso me possibilita, no geral, chegar de bom humor, uma vez que durmo um pouco mais, tomo meu café da manhã e ainda consigo checar os e-mails, a programação de cinema do dia e a parte de divulgação que tenho feito para a minha banda. O trajeto é curto, duzentos metros e dobro a esquerda na Santo Amaro, mais ou menos um quilometro depois caio a direita na Bandeirantes e por fim um pouco antes da Marginal Pinheiros dobro na Berrini. Logo a primeira impressão é de estar chegando a um outro país, os imponentes prédios comerciais têm as mais diversas formas, todos no geral dão um ar de moderno, os bancos na avenida desfilam charmosas fachadas e as pessoas, no piloto automático, seguem seus trilhos apressadas para sua labuta diária.
Um fato curioso, é que a algumas décadas isso aqui era um rio, uma região totalmente abandonada. As ruas não eram asfaltadas e nem o mais visionário dos empreendedores fazia seu comércio vingar. Hoje, se vê um centro financeiro pulsante e quase tão febril como uma Avenida Paulista, talvez com menos glamour, mas com o mesmo clima.
O prédio aonde está a empresa, era antes, um dos primeiros de quem vem sentido bairro. Terceira rua a esquerda para ser exato. Hoje, já temos um quase pronto que roubou o título de primeiro prédio da Berrini. A maneira correta de entrar na garagem, seria descer até a Nações Unidas e contornar o quarteirão, em vista que é contra mão. Ninguém faz isso, do encanador ao presidente da empresa, todos se arriscam em cinco metros de irregularidade no transito e assim evitam os preciosos trinta segundos gastos no pequeno, porém oficial, desvio.
Observando de forma objetiva, é fácil reparar o quão metódico sou. Estaciono sempre no quarto subsolo, em uma vaga contra a parede, com isso não preciso deixar a chave com o manobrista e fico mais tranquilho com o carro quieto lá. Subo e comprimento a recepcionista, ela torce para o meu time também, trocamos um ou dois comentários da situação atual no campeonato e então desço para meu departamento. Nós ficamos no andar novo da empresa, porém talvez seja o andar mais movimentado. Logo de manhã, não existe paz, na sala ao lado, funciona o atendimento ao cliente. Trinta pessoas que se ocupadas falam todas ao mesmo tempo no telefone, se desocupadas falam todas entre si ao mesmo tempo. Como eles fazem turno contínuo, não importa o quão cedo eu chegue, sempre existe uma pequena agitação.
Afirmo categoricamente que sou sempre o primeiro a chegar na sala que efetivamente trabalho. Sou pontual, e normalmente estou destrancando a sala por volta das oito da manhã, tenho todo o meu ritual, ligo as luzes, tiro a carteira e o documento do carro e coloco na gaveta, tiro o celular e coloco ao lado do teclado, pego minha garrafinha de água vou até a copa, volto com ela cheia, vou até a sala dos equipamentos ao lado e desligo o exaustor que funciona durante a noite. Vale uma pequena observação que o anexo ao lado, possuí duas dezenas de equipamentos que por si só fazem um constante barulho de máquina e produzem um calor que transforma a pequena sala em uma verdadeira sauna. O exaustor tem que funcionar madrugada adentro pelo simples motivo que o ar condicionado do prédio não funciona depois das dez da noite.
Depois de feito meu ritual, sento em minha mesa, e ligo o computador. Aí começa um sub ritual que consiste em verificar o email pessoal, mesmo que recém verificado ao sair de casa, verificar o email profissional, checar eventuais sites ou documentos que ficaram abertos de ontem para hoje e por fim começar a tocar o serviço adiante. Normalmente, as oito e meia já estou concentrado e só desvio o foco para trocar duas ou três palavrinhas para os colegas que vão chegando, ou se estão circulando pela empresa cumprindo seus afazeres.
sexta-feira, outubro 31, 2008
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Um comentário:
e eu sou o bozo!
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