Até o dia em que o meu eu ensandecido morreu, eu não me lembrava de sonho algum. Acho que nem sonhar eu sonhava. Ou melhor, sonhar eu sonhava sim, e tudo durava um segundo precioso que era esmagado com o pesar do abrir dos olhos. Hoje, ela continua fitando o transito caótico da cidade de São Paulo, a luz vermelha do freio dos outros carros dava um contraste bonito no seu rosto branco. Realçava sua boca cor de maça e criava um contraste quase surreal no vácuo de seus olhos. Céu cinza, nuvens esparsas e chuva fina. Cacete ela é linda sob qualquer ótica. Eu pensava em jogar ela num quarto de motel qualquer, ouviríamos Jeff Buckley e dormiríamos abraçados depois de uma bela trepada. Eu sonhava em esquecer um pouco a amarga realidade que abortou nossos planos, puxou nossos pezinhos de volta a superfície e nos lembrou que existem contas, prestações e outras coisas que são um saco, mas são reais. Hoje, curiosamente, lembrei de como a vi em nosso primeiro encontro. Parecia uma mulher saída dos meus livros preferidos. Uma descrição de Fante e sua Camila desvairada. Não consegui me concentrar, as buzinas chiavam incansavelmente. Quero que ela saiba que tem o homem dela. Na tentativa desesperada de manter o antes adormecido sonho vivo, me coloquei a falar, me coloquei a bestialmente falar, cutucar e quebrar um silêncio totalmente cabível. Eu aprendo, aprendo todos os dias com meus erros. Garota, tenha paciência comigo, sou péssimo em me relacionar, mas acredite, você me faz continuar tentando, e mais, desejando do fundo do coração aprender. Eu nem me lembro o tanto que falei. Porra, na real é só garoto pedindo atenção.
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Um comentário:
sério, João.
Você está cada dia melhor.
Parabéns.
Poderia passar no blog também, né?
Saudades de falar com você e reclamar do dia-a-dia.
Beijos
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