Eu nem me toquei do gosto de sangue na boca. Acho que nem percebi a quantidade de jazz obscuros que cantarolei durante a caminha de volta pra casa. Parei num boteco e pedi uma dose de whisky, dizia ser Red Label mas tinha gosto do velho oito vagabundo. Eu então comecei a sacar qual é que é dessa porra de solidão. Total estado de abstinência. Era algo como estar de trás de um desses possantes dos anos sessenta dirigindo a mil numa Highway acidentada através do deserto. As vezes temos que encarar a fronteira, e mesmo morrendo de medo atravessar. Sinto como se todas as armas estivesse apontadas para a minha carcaça. Gestos de adeus, foda, tudo que vem vai. Não aconteceu nada, na verdade foi uma pequena besteira. Minha garota não se sentiu bem, dor no peito, e isso me assustou pra cacete. Me vi sozinho, egoísta? Não, pois me assustou pra caralho ver ela sozinha sabe-se lá aonde. Não aconteceu porra nenhuma, e nem vai acontecer, mas tudo isso me botou um baque do cacete. Acho que foi dessas coisas que chegam antes da hora, sem avisar, arrombando porta adentro e mandando tudo a merda. Eu só consegui parar quando percebi que tava sem espelho retrovisor. Percebi que é foda, é foda e não tem volta, to com ela e não vai acontecer nada. Absolutamente nada. Eu tava precisando de vida, e vida é sentimento. Caralho, me sinto vivo e isso me assusta. Eu, pelo menos, tenho o deserto todo pela frente.
segunda-feira, março 30, 2009
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