as vezes eu acho que o mundo vai acabar amanhã mesmo. acho que devia construir um abrigo anti-bobas e me enfiar lá dentro, com suprimento para pelo menos um ano. mas daí vem o dilema, se eu pudesse levar apenas uma pessoa, levaria quem?
talvez o mundo já tenha até acabado. e agente nem sabe. esqueceram de nos avisar e agente continua vivendo, achando que estamos vivos. quando na verdade deixamos de viver a muito tempo atrás.
se considerarmos que o mundo já pode ter acabado, então não precisamos levar ninguém para o nosso abrigo anti-fim-do-mundo, afinal, já acabou.
caso o mundo já tenha acabado, ou não, fiz uma lista das coisas que considero essências para qualquer pessoa que queira dizer que teve uma experiência neste planetinha:
tomar um porre, ficar parado por cinco minutos, cutir uma melancolia profunda, gozar momentos de imensa felicidade, chorar um amor, curtir um amor, respirar, ser, visitar um lugar místico, um lugar mítico e um grande shopping center, trabalhar em wall street e em um centro de voluntários na Africa, se apaixonar como os jovens se apaixonam, pular de para quedas, ler o Apanhador no Campo de Centeio, dançar em um pé só no meio de um lugar isolado, atravessar um país de carro, gastar mais tempo consigo mesmo, fazer arte, ver arte, viver arte e esquecer todas essas coisas em buscas de mais coisas.
quarta-feira, maio 30, 2007
16˚17'9'' S - 29˚0'2'' E
terça-feira, maio 29, 2007
#38
fugir, fugir, fugir, nunca tiveram vontade de fugir?
por que olha, se tem uma coisa que eu odeio, é rotina, é estar preso a um amanhã não muito diferente do hoje. Por exemplo, veja a Senhora Miranda, todos os dias levanta no mesmo horário, para fazer o mesmo café da manhã, para a mesma família, na mesma casa, na mesma cidade. Isso é sufocante, porque não acordar simplesmente em um lugar diferente cada dia? Digo, acordei, abri os olhos, hoje estou no Paraguai, uma cidade pequena, vou procurar algo para comer e depois acho que vou para o Chile. Fala sério, não seria maravilhoso?
as vezes as mais pesadas rotinas, simplesmente nos prendem de forma tão sutil, bastante manhosa, você não chega a perceber quando ela dá o aperto final e te prende por completo.
fugir
porém existem tantas coisas boas que o fugir pode roubar da gente.
fugi
não sei se teria coragem de deixar para trás tantas e tantas coisas que tenho aqui, e coisas que estou descobrindo agora
fug
é as vezes as melhores idéias, duram poucos segundos, e logo viram uma nuvem de fumaça, que com a mais leve brisa se dispersa.
fu
não que eu queira ser como a Senhora Miranda, mas apenas acho que posso quebrar minha rotina e ser muito feliz, aqui, sem fugir.
f
acho que sou um covarde.
segunda-feira, maio 28, 2007
100101
ontem
eu matei um homem.
com a mais sútil e fria das armas. uma punhalada nas costas atravessando-o até o pulmão. deixei-o sufocar-se na própria essência da vida.
mas ele não vai ser enterrado, cremado ou qualquer que seja a pífia cerimonia de passagem que escolham para ele. isso só ocorrerá daqui a muitos anos. quando a ignorância dele baixar.
porque? me sinto um incêndio, que indeliberadamente consome a tudo. não vou apagar de uma vez, vou queimar aos poucos.
todo domingo é a mesma coisa, mato o homem que nasceu na segunda-feira só para ver o dia raiar novamente.
e não derramo uma sequer lágrima em luto a este fadado recém-nascido que lhes escreve.