quinta-feira, fevereiro 01, 2007

#30 - Texto.

Douglas Kim, foi meu professor de inglês 10 anos atrás, achei ele por acaso nos blogs da vida, o link está ao lado, e não é que o cara arrasou em ótimo texto aqui citado?

Da próxima vez, avise os peixes
Não o sinto como um fardo que seja obrigado a carregar, assemelha-se mais a retornar à própria casa, encontrar uma mulher, dormir com ela. O suicídio é a mulher que dorme ao seu lado. Certa vez, um desgraçado que conhecia me viu sorrindo com um copo na mão em um bar. Ele sabia dessa mulher e não perdeu tempo “Está feliz?” “Isso não importa, está sempre por aí.”, respondi. Nunca deixo de pensar nela. Recentemente, resolveu mudar de vez e se instalar aqui. Não mudou a rotina, de modo algum, estava acostumado com a sua presença. Porém, igual a um casamento, a convivência às vezes fica insuportável, como nesses últimos tempos, o que me levou a pensar em separação. “Você sabe que só há uma maneira de nos separarmos.”, ela disse. O que possuo e desejo tem se reduzido ao mínimo. Isso inclui o que tenho a dizer. Saio de casa para não ficarmos a sós, mas sempre a encontro. Basta entrar em um bar, ela estará sentada no balcão; no supermercado, postada no caixa ao lado. Outro dia nos encontramos no correio “Enviei um cartão de aniversário para você, espero que receba.” Devemos sempre ser gentis com quem se preocupa conosco. No último domingo, estava me preparando para uma pescaria e ela perguntou “Você acha que os peixes estarão lá?” “Por que não estariam?” “Se eles não souberem que devem ser pescados, não estarão lá.” Naquele dia voltei com as mãos vazias. Ao chegar em casa, ela baixou o livro que estava lendo e disse “Eu falei com os peixes, eles não sabiam, eu não lhe disse?” Larguei a vara ao lado da pia, tirei as botas e deitei na cama. Ela me abraçou e sussurrou “Da próxima vez, avise os peixes.”

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