Fui. Qualquer post até o dia 9 de fevereiro será obra do acaso.
sexta-feira, janeiro 16, 2009
quinta-feira, janeiro 15, 2009
Não sei o que leva uma pessoa a contar uma história. Sei que quem sou eu, onde eu nasci, como passei toda a porcaria da minha infância, quem são meus pais, podem até ser um bom começo, mas eu não tenho o menor saco pra falar disso. Eu só quero contar sobre esse turbilhão que está revirando parte da minha vida. E, afinal das contas, é o que de fato interessa.
Vou começar contando meu primeiro dia de trabalho neste recém começado ano. Eu estava chegando a minha mesa, carregando no peito uma nova camiseta e pronto para iniciar novos projetos e enfim um novo ano. Apesar de toda a alegria, o prazer de trabalhar com algo que eu pude escolher, que me apetece, meu objetivo sincero nunca foi o coletivo. Eu nunca vesti a camisa daquela empresa, era apenas eu fazendo minha mínima parte, e eles bancando meus sonhos. Eu achava que era assim que o mundo funcionava. Naquela manhã em específico, meus pensamentos se fixavam alternadamente nas férias que tiraria em quinze dias, e na minha casa que estava saindo do chão, tijolo a tijolo e em pouco mais de um ano seria um sonho concreto. No engasgo surdo de um feliz ano novo, feliz vida nova, recebi a notícia que o diretor principal queria me ver. Pensava acima de tudo na liberdade que tinha conseguido nos últimos anos. Na estrada que se estenderia a minha frente logo que tomasse minhas férias. Um emprego é importante. Ainda mais do que dinheiro. É uma âncora que nos mantêm fixos durante períodos de mudanças. Amanhecia, eu sempre chego cedo no trabalho, a cidade ainda retomava seu ritmo, ainda de ressaca, e eu adentrava a sala do chefe. Cumprimentos, sorrisos falsos, talvez uma promoção, ele parecia estar de bom humor. E eu estava demitido. Nada de conversa, de alerta, de perguntas. Era um papel pálido na mesa, uma caneta postada ao lado, e o chão ruindo – eu estava sendo chutado de meu trabalho.
Enfim, era um dia quente de verão, sei que fiquei quase uma hora ouvindo a perdição dos jovens, a falta de comprometimento, a falta de paixão. Fazia um calor de derreter, principalmente dentro daquela sala idiota.
Era muito cedo para voltar pra casa, por isso fui mesmo a pé até o boteco da esquina. Liguei para a minha garota, contei, aperto no peito. Como ficariam nossos sonhos. Ela cofia em mim. Eu não posso deixar de confiar em mim mesmo. Tomei um trago na esquina e voltei pra casa. Humilhado, regressando a casa e ao estado de uma criança que depende dos pais novamente.
Poxa, aí começou a chover pra cacete. Um dilúvio de verdade. As pessoas corriam apressadas para seus trabalhos. E eu me via sozinho, me sentia o mais solitário dos solitários. Eu acho que estava a ponto de chorar. Sei lá por quê. Mas aí, acho que bateu, eu estou apenas começando, daria um jeito. Tomei chuva e fui pra casa. Desde então, me botei a revisar a vida. E estou feliz pra burro de ter encontrar uma garota com a minha, de ter uma banda como a minha. E principalmente, feliz ao ponto de chorar, de saber que tudo que eu sonhei e continuo sonhando, ainda está plenamente ao alcance. Não posso falar que estou cem por cento. Mas a estrada começa amanhã. Rumo a Patagônia, vai ser foda. Eu vou contar tudo aqui. Mas desse trauma, fica apenas a saudade das coisas boas. Mal acabo de contar e tenho que admitir que a vida é feita de tombos também.
quinta-feira, janeiro 08, 2009
Isso aqui não está abandonado. Perdi o emprego, tenho passado algumas noites em claro, pensando como vou fazer, tem minha casa que ainda tá sendo construída, tem a banda, tem tanta coisa que não pode parar. A única coisa pelo visto que não para é minha cabeça. Tá a mil. Ao mesmo tempo acho que estou em estado de suspensão. Salva minha garota, eterno porto seguro. O resto é mar revoltoso. Semana que vem vou sumir para a Argentina, mochila nas costas, garota ao lado, e estrada a frente. Quero ir até o fim do mundo. Quero achar sentido para todo o resto. Sentido para mim eu tenho, mas prô mundo eu não vejo sentido algum. Sinto uma falta do teatro, sinto falta do reconhecimento por um trabalho bem feito. Tô com música nova, e to a mil. Já disse, desculpem se por um tempo, esse espaço for menos utilizado.