sábado, maio 30, 2009

Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios

Tenho lido muito menos do que eu gostaria. De certa forma, estou meio tomado por diversas atividades. Mas cavuquei um tempinho para escrever sobre esse livro.

“O amor é sexualmente transmissível.”

É difícil falar, eu demorei pra ler, mastiguei quase que em câmera lenta. Um romance sobre o amor. Não um romance que envolve amor, e sim um romance sobre o amor. História comum, ordinária. Chega a ser engraçado, tudo no livro é extremamente sútil. Nada escancarado. Aos poucos você está mergulhado nessa tênue história que envolve um fotógrafo apático, um pastor fervoroso e uma ex puta completamente maluca. E essa mulher, sensual ao extremo, capaz de curvar o mundo aos pés dela. Ela cria um redemoinho numa pequena cidade no interior do Pará.

Não existe certo, não existe errado. Nem mesmo linearidade na estória. É tudo extremamente fluído. Você se perde nos pequenos causos desses personagens. Inclusive se perde ao ponto de não saber o que é ficção e o que foi puxado da realidade. O livro funde-se com a vida real de uma forma impressionante. Sexo, suor, fluídos, porra, sangue e lágrima, tudo ali transborda de forma crível.

Pra quem não conhece. Aquino é um jornalista, repórter e roteirista dos bons. Escreveu “O Invasor” que acabou virando filme. É literatura brasileira contemporânea de altíssimo nível.

É de matar, mas frases como essa, ganham o livro:

"Falamos, falamos, falamos. E mesmo assim faltou dizer tanta coisa. E escutar também. Ela nunca disse que me amava. Jamais ouvi de seus lindos lábios a sentença que pronunciei algumas vezes."

Fascinante.

terça-feira, maio 12, 2009

Está um puta calor no Rio. O quarto de hotel abafado, decadente ao máximo, decadente como o Perdido na Tradução. Faz tempo que não sento e abro as tripas em algumas palavras. Faz um tempo que só corro. Tem muita coisa caótica acontecendo e por isso mesmo tenho me sentido meio anestesiado. Hoje eu sai, fui até Copacabana e não senti nada. É foda não sentir nada, porque o nada sempre vem acompanhado de mais nada. Tomei uma cerveja demorada olhando a mesma praia que encanta tanta gente. E não conseguia dizer se era o sol espalhado no mar, se era o pé enterrado na areia ou ainda se era o total deslocamento de saber que não faço a menor parte deste lugar.

Eu não quero falar hoje do que está bom na minha vida. Muita coisa está bom. Muita coisa está realmente muito bom. Seria me repetir, seria desgastar o que tenho de mais precioso. Hoje o assunto não é ela. Dela tenho o prazer de saber que o futuro nos reserva muita felicidade. Quero falar hoje deste espaço abandonado. Tenho estado realmente muito pouco por aqui. Ou estou mergulhado de cabeça nesse melhor romance da minha vida, ou estou na minha banda, ou ainda trabalhando, enfim raramente estou comigo mesmo. Raramente encontro tempo pra sentar, eu e eu mesmo, e pensar em todos os pormenores.

Queria escrever mais, mas por hora a fonte tem drenado. Alguma hora eu acho o fio condutor novamente. Essa delicadeza nem sempre funciona. Mesmo aqui, sozinho nessa cidade, não tenho a inspiração necessária pra falar de tudo que gostaria. Apenas pra pedir ao destino, não mude nada na minha vida, ela está perfeita como está.

sexta-feira, maio 08, 2009

And I dreamed of the way that I was for her and She was for me.