domingo, janeiro 31, 2010

Nine (2009)



Existem filmes feitos para o Oscar. Um exemplo é o novo musical Nine. O diretor já havia se aventurado no gênero com o fraco Chicago, e agora com um elenco recheado de estrelas fez uma nova investida. No geral não funciona. Das músicas apenas uma me agradou e as outras nem me lembro direito.

É a história de um diretor de cinema em plena crise de criatividade. Antes de tudo é uma homenagem a 8 ½ do Fellini. Ou pelo menos tenta ser, uma vez que a obra original ainda é uma das grandes da história e esse filme deve ser esquecido tão rápido quanto será sua passagem pelos cinemas.

Não que tudo seja de se jogar fora. Como sempre Daniel Day-Lewis está ótimo e convence no papel do protagonista. E sejamos sinceros haja peito para contracenar com o exercito de divas que circulam o diretor. Marion Cotillard, Penélope Cruz, Nicole Kidman e Kate Hudson. Sem contar as estrelas de Judi Dench e Sophia Loren.

Das mulheres a melhor mesmo é a Marion Cotillard que canta a única música que realmente me agradou. No seu papel, ela é a mulher do diretor que sempre esteve ao seu lado mas sofre com as traições e a instabilidade sentimental do marido.

Falar da fotografia rodando o filme na Itália chega a ser sacanagem. Sempre é lindo observar as vielas de Roma, as belas fontes e as outras tantas cidades que a Itália tem a oferecer. O jogo de luzes por vezes é óbvio e cansativo, mas existem algumas sacadas boas.

Em suma, um musical com roteiro fraco e com músicas sem tempero fica difícil de agradar. Não chega a ser algo ruim e é acima da média genérica. Só fica aquele gostinho de podia ser bem mais e na verdade foi só uma receita executada a risca sem um pingo de magia.

Nota: 6,5

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Amor sem escalas - Up In The Air (2009)



Eu gosto desse novo cinema que teima em destacar o lado mais amargo das relações amorosas. O ponto positivo do filme para me fisgar logo no começo foi a rotina das pessoas que viajam a trabalho com freqüência. Como me encontro em período da vida que faço isso com uma freqüência até maior do que gostaria, foi bem gostoso ver as cenas filmadas de uma maneira tão gostosa. Fazer as malas, check-in, inspeção de bagagem, e por aí vai. Para começar, ignorem a tradução do título. Só atrapalha.

O protagonista é esse personagem que vive mais em aeroportos do que em sua casa. Que se orgulha de ter passado apenas 47 dias do último ano em casa. E seu trabalho não é nada simples, ele é contratado por empresas para fazer o anúncio de corte de funcionários. O personagem está tão acostumado com a solidão que só ele mesmo para manter a frieza de encarar pais de famílias ou idosos em um momento tão difícil como o de uma demissão.

É engraçado como no início o que ostenta o personagem são seus cartões de fidelidade e vantagens. Tanto é que esse é o mote para o encontro com a charmosa mulher que leva uma vida parecida com a dele. Parece ideal, entre agendas cheias, a possibilidade de um ou outro encontro sem laços mais fortes une os dois.

Tudo se abala mesmo quando a empresa de nosso personagem passa por uma reformulação brusca que irá suspender por completo essas tantas viagens. Com a chance real de ter que se fixar o personagem sente pela primeira vez o que é de fato ficar sozinho. O trabalho de Clooney como protagonista convence. Por ser um trabalho pós Juno, eu acho que não existiu uma real evolução. A verdade é que em questão de envolvimento com as personagens e desenrolar das emoções, Juno era bem mais refinado. Não tirando a boa trama, boas atuações, excelente trilha sonora e mergulho na vida da classe média americana que tanto me encanta.

Nota: 8,5

LUTO OFICIAL
Salinger - Um dos monstros sagrados da literatura.

terça-feira, janeiro 26, 2010

De volta

Bom de volta do Peru. A viagem foi foda. Escapei por pouco do desabamento lá em Machu Pichu! Mas voltando a falar dos filmes que vi na viagem. Grande maioria nas longas viagens de ônibus, raras exceções no hotel quando não tinha o que fazer. Não farei grandes menções porque não teve nada de excepcional.

A Luta Pela Esperança (Cinderella Man) – Filme de 2005 dirigido pelo Ron Howard com o Russel Crowel no papel de um decadente lutador de boxe em plena crise de 29 nos EUA. Não é de todo ruim. É fraco, mas prende e tem excelentes cenas de boxe. Mas para um gênero que já teve Ragging Bull e Rocky, é apenas uma diversão de luxo. Nota: 6,5

Em Busca Da Felicidade (Pursuit Of Happiness) – De 2006, com o Will Smith em um papel bem mais sério do que costuma fazer. Surpresa para a atuação de seu filho, que não faz feio não. Mas no geral um grande melodrama cheio de clichês. Velha história de superação. Só valeu por mostrar a rua onde fiquei hospedado em Frisco. Nota: 5,5

Shrek – Pois é, repetição da boa animação que resgatou o gênero anos atrás. O bom e velho conto de fadas do ogro que salva a princesa das garras do dragão. Adversidades impendem que fiquem juntos, e o final, como sempre, viveram felizes para sempre. Clichê em seu estado fino de arte. (Se o tempo permitir farei um texto mais caprichado deste). Nota: 8,5

Controle Absoluto (Eagle Eye) – Thriller genérico de ação que quiçá salvam os efeitos especiais. Super computador com inteligência artificial articula um grande golpe terrorista aos Estados Unidos e cabe a duas inocentes pessoas salvarem o tio sam. Até tenta esconder um pouco a trama e criar certo suspense, mas o desfecho óbvio e as atuações fracas não convencem. Nota: 4

Batman – Sim o primeiro, original e único. Esse com certeza me esforçarei para dedicar um texto digno da obra. É um clássico. É gótico, é soturno, até hoje o velho Jack é a melhor encarnação do Coringa (Sim, os fãs do Heath que me perdoem). Enfim um filme de herói de quadrinhos como deve ser. Nota 9

Esse começo de ano promete. Tem muita coisa no cinema que eu gostaria de ver. Provável que não consiga ver tudo. A lista é:

Plastic City
Onde Vivem Os Monstros
Amor Sem Escalas
Vício Frenético

Fora a oportunidade de ver Rastros de Ódio e Vinhas da Ira no Centro Cultural.

sábado, janeiro 16, 2010

Vivendo e Aprendendo - Smart People



O pessoal ficou meio baqueado com a altitude de Puno. Então tiramos o dia para descansar. No hotel, com tv a cabo só me restou ver filmes.

Esse estava começando, trilha sonora boa, acabou me fisgando. A tradicional família americana caindo aos pedaços. Não que seja só isso, mas o filme é para se ver debaixo das cobertas. Nada de memorável, apenas a vida simples como ela teima em ser.

Um professor viúvo tenta se relacionar com seus filhos e se perde numa depressão viciosa. Até que uma mulher, uma ex aluna, aparece na sua vida e tudo começa a mudar. O encontro se dá de forma inusitada, o professor leva um tombo, vai para o hospital e lá é atendido pela moça. Isso já aconteceu milhões de vezes no cinema, aqui vemos mais do mesmo com um tempero mais amargo.

Como sempre Ellen Page deu um show. Ela faz a filha do professor. Vale pela trilha e pelas atuações sinceras.

Nota: 6,5

Filmes e as estradas do Peru

Como prometido falarei de todos os filmes de 2010.

Como o mochilão pelo Peru está a todo vapor, muitas horas acabam sendo gastas na estrada, e muitos filmes para superar as tediosas horas.

Ainda não tive sorte, por hora foi: Uma Noite no Museu 2, A Sogra, Anjos e Demônios, Somos Marshall e X-Men: Wolverine. Tenso.

Esses filmes só valem a nota mesmo:

Uma Noite No Muse 2 - Nota: 4
A Sogra - Nota: 2
Anjos e Demônios - Nota: 5
Somos Marshall - Nota: 5
X-Men: Wolverine - Nota: 4

Da viagem conto mais depois com calma. Só tenho a dizer que o Peru é foda!

terça-feira, janeiro 05, 2010

A Trilha



Óbvio. Casal em lua de mel, Havaí, pessoas descoladas, um aviso de que o lugar não seguro, e obviamente os protagonista ignoram o aviso e vão em frente.

O filme não consegue criar aquela tensão que existe em suspenses, porém, também não chega a ser desinteressante de todo. Até o final do filme. Ali o diretor deve ter achado que seria bacana apagar tudo que tinha sido dito até então e mudar a história de oito para oitenta.

Divertido, até que é um pouco, não é nada crível. É apenas um filme de suspense, um ou dois sustos, e nada de memorável. Passa tempo pra se comer com pipoca.

Se não falei muito da estória é porque não tem muito para ser dito mesmo. Só valeu mesmo pelas lindas paisagens das ilhas americanas. Muito verde, praias perfeitas, cachoeiras paradisíacas e tudo mais que se pode esperar do Havaí. Trama fraca.

Nota: 3

domingo, janeiro 03, 2010

Abraços Partidos e Ervas Daninhas

Primeira sessão cinéfila do ano. Percebi que ano passado fui bastante ao cinema, assisti muita coisa e perdi rastro completamente. Este ano quero fazer diferente, quero saber o que eu assisti, o porquê eu gostei ou não e posso fazer isso compartilhando aqui no blog que já estava mais pra lá do que pra cá.



Comecei o ano com Abraços Partidos. Assistindo pela segunda vez, o filme cresceu mais ainda. Pra mim desde já um dos maiores da década. Cinema como não se fazia há muito tempo. Tem suspense, tem uma atmosfera, têm cores, vida, personagens. A verdade é que tem mistério. Como em o Matador lá do início da carreira do diretor.

O personagem principal é muito bom. Um ex-diretor de cinema que largou a profissão depois de ficar cego. É interessante como toda a história da personagem vai se desenrolando durante o filme. O filme se passa em dois planos distintos. Um atual com nosso protagonista cego e outro quatorze anos atrás com a história aparentemente desconexa de Lena, uma jovem vivida por Penélope Cruz, que sofria com um pai com câncer e uma dupla vida de prostituta.

Aos poucos essas duas histórias vão se amarrando, tudo mantendo sempre um detalhe oculto, nunca estamos com a história em mãos. O diretor literalmente brinca com seu público e conduz como bem quer por trama trágica e bela. Um clássico desde já.

Nota: 9



Em seguida, pude conferir Ervas Daninhas, o qual não consegui ingressos na mostra de cinema porém nem tive que esperar tanto assim. Admito desde já que devo muito a este considerado gigante do cinema Francês.

O que logo de cara me chamou a atenção foi a beleza das imagens. Desde as cores saltadas do Cinema iluminado por néon, até os campos franceses, tudo no filme tem uma beleza única. Acho que indo um pouco além, Alain busca nos mostrar que o despojamento e a simplicidade que o cinema francês introduziu ainda funcionam e ainda podem ser argumento para um ótimo filme.

O filme até que demorou pra me fisgar, ao mesmo tempo em que em nenhum momento me fez querer desistir. Ficou ali nesse meio termo, cansativo, porém atraente. Talvez o que fisgue sem chamar a atenção seja o narrador que nos conta a história de maneira bem informal. Esse despojamento singelo, só os franceses conseguem. Muito bom.

Engraçado é como a trama é simples. Uma mulher tem a carteira roubada. Um senhor encontra a carteira no chão. Ambos entram um turbilhão incrível a partir deste fato banal. No começo, praticamente nada acontece. Temos uma brincadeira de postergar a ação ao máximo.

Talvez uma das coisas mais incríveis foi a jovialidade. É difícil dizer que o filme foi dirigido por um cara com mais de oito décadas de vida. Chega a ser ousado até para os diretos mais jovens. Fácil de rejeitar. Mas quem aceita a brincadeira acaba por se divertir muito. Recomendado.

Nota: 8

2009 vi muitos filmes, muita coisa boa. Desde já dois clássicos absolutos de todos os tempos. Abraços Partidos e O Lutador. Pena que não registrei os filmes que vi. 2010 talvez esse blog volte a vida como uma vitrine do que vejo no cinema. Quem sabe?